Sem tetos voltam para o prédio de antiga padaria


No início deste ano, uma ampla ação da Prefeitura que envolveu vários órgãos, com amparo da Justiça, retirou as últimas famílias que ainda ocupavam o deteriorado imóvel da antiga padaria Amália, entre as avenidas Vila Ema e Salim Farah Maluf. O prédio estava invadido desde maio de 2016.

Após a remoção das pessoas, todos os acessos foram emparedados para evitar novas invasões e a Prefeitura enfatizou que a responsabilidade pela segurança do imóvel ficou a cargo do proprietário. No entanto, poucos dias depois da desocupação, as barreiras nos acessos começaram a ser destruídas.  A Folha comunicou a Prefeitura, por e-mail, há três semanas. Mas, de acordo com informações colhidas pela reportagem, cerca de 15 famílias já estão no local.

Vizinhos contam que a ocupação tem ocorrido gradativamente, principalmente à noite a aos finais de semana. “Percebemos que estão entrando novamente no imóvel de forma bem cautelosa para não chamarem tanta atenção, mas já vimos caminhões de mudança descarregando móveis e mães com crianças. A cada dia uma porta emparedada amanhece destruída e protegida por um tapume, o que maquia o arrombamento”, contou uma vizinha do local que não quer divulgar o nome.

Na época da remoção a Secretaria Municipal de Habitação informou que chegou a cadastrar 150 famílias que viviam no prédio e os responsáveis passaram a receber auxílio aluguel no valor de R$ 400 mensais. A vizinhança acredita que algumas pessoas que saíram do imóvel estão entre os ocupantes novamente. “A Prefeitura investiu tempo, equipes e dinheiro na ação, mas o local não foi monitorado após a desocupação. Pessoas que foram retiradas voltaram a morar no imóvel e, possivelmente, ainda estão recebendo o auxílio aluguel”, denuncia outro vizinho.

A Prefeitura salientou que o prédio é particular e o proprietário solicitou, junto à Justiça, a reintegração de posse no ano passado. Foi ressaltado que o município manteve tratativas para uma desocupação voluntária e pacífica das famílias, pois o edifício apresenta condições precárias de moradia e risco à vida. A administração municipal informou também que as pessoas que receberam auxílio-aluguel e voltaram a ocupar o imóvel perderão o benefício, mas não especificou se já fez essa averiguação. A Prefeitura acrescentou ainda que o proprietário será comunicado para que providencie segurança ao imóvel e evite novas ocupações.

A Folha tem procurado, através da Justiça, órgãos municipais e Cartórios, algum contato do proprietário do imóvel para questionar as novas ações que serão tomadas.

Polícia Militar

Desde a semana passada a Folha tem indagado o 21º Batalhão de Polícia Militar sobre as providências que podem ser tomadas quando os moradores do entorno flagram a ocupação, mas, de novo, não houve resposta até o fechamento desta edição.

Vizinhos do prédio afirmam que no último domingo, dia 10, por volta das 17h, acionaram a Polícia Militar através do 190 ao perceberem a movimentação de entrada no imóvel.