Justiça concede liminar para desocupação da antiga padaria Amália

O deteriorado prédio na esquina das avenidas Vila Ema e Salim Farah Maluf, tomado por um grupo de sem-tetos desde maio de 2016, está prestes a ser desocupado. Como o imóvel é particular, a Prefeitura moveu ação com pedido de tutela de urgência, cuja decisão é tomada para evitar danos graves e de difícil reparação. A Justiça acatou a solicitação do governo municipal, concedeu a liminar para desocupação do prédio e o proprietário foi intimado a realizar as obras necessárias para estabelecer a segurança da edificação.

A ação foi resultado do trabalho do Grupo Permanente, criado pela Prefeitura após o desabamento de um prédio ocupado de forma irregular no Largo do Paissandu, região central, em maio deste ano que resultou na morte de sete pessoas e dois desaparecimentos. O grupo é responsável por vistoriar as ocupações na cidade e buscar soluções que previnam conflitos e possíveis acidentes.

A Secretaria Municipal de Habitação informou que nas duas primeiras semanas deste mês cadastrou 150 famílias que vivem no prédio da avenida Vila Ema. Os responsáveis se comprometeram a desocupar o edifício até o início de dezembro e passarão a receber auxílio aluguel no valor de R$ 400 mensais por um ano. Foi esclarecido ainda que as famílias podem se inscrever nos programas habitacionais e aguardar atendimento definitivo, respeitando a demanda já existente na cidade.

A Prefeitura esclareceu também que existe ação de reintegração de posse solicitada pelo proprietário do imóvel. No entanto, o processo está suspenso, a pedido do dono, motivado pela ação de desocupação que ocorrerá no âmbito do processo movido pelo governo municipal. Caso não aconteça a saída voluntária, a Folha apurou que o 21º Batalhão de Polícia Militar já está ciente de que a ação de reintegração pode ser marcada para os próximos dias.

Além da ocupação, o imóvel que no passado abrigou a extinta padaria Amália acumula grande dívida ativa. Em 2016, pouco tempo depois da ocupação, a Secretaria Municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico detalhou que o prédio possuía 23 débitos tributários relacionados a IPTU e Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares referentes aos exercícios de 1996 a 2015, totalizando na época o montante de R$ 3.948.965,70. Questionada na semana passada sobre o atual valor da dívida, a Prefeitura não atualizou a informação.

Indefinição sobre a reforma do complexo aquático do CEE Friedenreich

O secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Esportes, Erlon Lopes, presente na audiência pública realizada na segunda-feira (leia mais na página 3), sobre o Clube Escola, antigo CEE Arthur Friedenreich, afirmou que a Prefeitura não terá verba para reativar todas as piscinas do complexo aquático. Lopes anunciou que a semiolímpica seria reformada e reinaugurada – o que imediatamente gerou protesto dos antigos usuários presentes.

A maioria defendeu a reativação da grande piscina social, que comporta 1,150 milhão de litros de água e tem diferentes níveis de profundidade, sendo a máxima de 1,60 metro – o que permite o acesso de crianças, jovens e adultos. O clube conta ainda com uma piscina infantil que em nenhum momento foi mencionada pelo representante da Secretaria.

Diante do desagrado com a notícia da reforma da semiolímpica, o secretário-adjunto informou que solicitará nova análise do setor de engenharia para verificar a possibilidade de atender a reivindicação da comunidade.

Na audiência esteve presente um grupo de antigas usuárias do clube. “Frequentamos aquele espaço por mais de 30 anos, nossos filhos aprenderam a nadar nessas piscinas que estão abandonadas. Éramos jovens, hoje somos idosas e não temos mais espaços na região. Queremos nossas aulas de hidroginástica de volta e os outros cursos que eram oferecidos”, destacou Ana Maria Leonardo.

O complexo aquático do clube está fechado desde dezembro de 2015, quando a unidade esportiva foi parcialmente interditada para o início das obras do CEU Vila Prudente, cujo prazo de conclusão era de um ano, ainda na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT).

Mesmo interditado, o complexo tem gerado polêmica. Em entrevista à Folha, há um mês durante evento na Mooca, o secretário municipal de Esportes, João Farias, surpreendeu ao afirmar que as piscinas seriam aterradas. A notícia causou muita indignação na região.

Uma semana depois, questionada novamente pelo jornal, a Secretaria de Esportes recuou e afirmou que as piscinas seriam mantidas sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação por causa do futuro CEU. O órgão declarou ainda, por e-mail, que “as piscinas serão reformadas e futuramente continuarão atendendo a comunidade, além dos alunos do CEU”.

Segundo a nova versão apresentada pelo secretário-adjunto, a ideia é recuperar uma única piscina com recursos de R$ 2 milhões do Fundo Municipal de Esportes destinados para a unidade.

A Folha esteve no clube na tarde da última quarta-feira, dia 14, e constatou o resultado do abandono de três anos dos equipamentos. Conforme a reportagem apurou, o início da obra na piscina terá que aguardar a passagem do período de chuva que está se iniciando.

Comunidade se manifesta em audiência pública da Câmara

Aconteceu na noite da segunda-feira,12, no salão nobre do Círculo de Trabalhadores de Vila Prudente, importante audiência pública da Câmara Municipal que tratou das mudanças em curso no Clube Escola, o conhecido CEE Arthur Friedenreich, por causa da retomada das obras do Centro Educacional Unificado (CEU) Vila Prudente – iniciadas em janeiro de 2016 e que deveriam estar concluídas há dois anos. A iniciativa foi do vereador Claudio Fonseca (PPS), através da Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa (CCJ). Foram convidados o secretário municipal de Esportes, João Faria, que foi representado pelo secretário-adjunto Erlon Lopes; e o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, que não compareceu para dialogar com a comunidade, nem enviou representante.

Também estiveram presentes o vereador Rinaldo Digílio (PRB) e o presidente do Círculo e da Folha, Newton Zadra, além de lideranças locais e antigos usuários do clube. Presidindo a audiência, Claudio Fonseca mencionou que a vereadora Edir Sales (PSD) enviou representante e o ex-deputado Adriano Diogo (PT) não pode comparecer, mas se colocou à disposição para auxiliar.

Fonseca abriu a audiência explicando que o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) escolheu o Friedenreich e outros sete clubes da cidade para abrigar novos CEUs. Expôs ainda, justificando com números, que não existe falta de vagas na rede pública da Vila Prudente. “Não havia a necessidade de usar a área do clube para CEU”, afirmou destacando que no Tatuapé foi cometido o mesmo erro. “O Friedenreich necessitava de reformas para ser transformado em um complexo olímpico e cultural”, destacou Fonseca.

O vereador Digilio cobrou prazos da Prefeitura para devolver o espaço à comunidade.  Newton Zadra lembrou que a região pleiteia há mais de dez anos um Centro Cultural com teatro e salas de oficinas e que o projeto que estava em curso na Secretaria Municipal de Cultura foi abortado com a promessa de que o CEU englobaria todas essas funcões, porém o teatro em construção no espaço está muito aquém dos teatros de outros CEUs da cidade. “Não somos contra o CEU, mas a construção dentro do Friedenreich é dessas coisas incompreensíveis”, destacou.

Na sequência foi aberta a palavra ao público. Alexandre Bonfim defendeu que há bastantes creches, mas faltam unidades de qualidade. “Não é só largar a criança em uma casa para passar o dia dormindo, tem que oferecer atividades culturais e esportivas. Então o CEU será importante, mas concordo que a comunidade tem que se unir para cobrar o funcionamento do Friedenreich”, afirmou. Claudio Di Giorgio reclamou que foi um erro construir um CEU em pleno Jardim Avelino, área nobre da região, e defendeu que o espaço tenha a utilização revista para centro cultural e esportivo. “Se a Prefeitura não tem condições de cuidar, que entregue o espaço ao Sesc”, argumentou.

Osmar Lemes dos Santos reclamou da dificuldade em dialogar com a Prefeitura. “Fui conselheiro participativo e do meio ambiente e nunca fomos consultados. Essa obra começou, agora vai ter que acabar. Mas, precisamos muito da Câmara nos ajudando a fiscalizar”, pediu. Ele também cobrou que o clube não seja entregue para associação, como acontece com os Clubes da Comunidade (CDC): “Se acontecer isso, a população já sai perdendo”. Carla Ferraz, que já foi professora no Friedenreich, reclamou que atualmente estão acontecendo atividades pagas no local. Ela também lembrou que a Prefeitura não pode só pensar nas crianças. “Os idosos sempre foram a maior frequência do local”, ressaltou.

Com a ausência de representante da Secretaria de Educação, a comunidade ficou sem saber qual será o novo projeto do CEU, já que o secretário-adjunto de Esportes adiantou que a Prefeitura não dispõe da verba anunciada por Haddad três anos atrás. O espaço será administrado pelas duas secretarias: Esportes e Educação.
Lopes explicou que o clube voltou a contar com segurança privada e que aos poucos a comunidade contará com novas atividades. Ele adiantou que serão investidos R$ 108 mil na reforma do ginásio poliesportivo e garantiu que a Prefeitura vai estudar a possibilidade de reativar a piscina social ao invés da semiolímpica (leia mais na página 5). O secretário-adjunto comentou ainda que, por enquanto, não há recursos para a reforma do campo de futebol que foi destruído e que pelo projeto da gestão passada seria reinaugurado com gramado sintético. “Uma saída para reativarmos este campo é com emendas parlamentares. A comunidade deve fazer essa solicitação aos vereadores”, destacou. Lopes também afirmou que o Friedenreich terá administração direta. “Esse clube terá coordenador que responderá e deverá atender as diretrizes da Secretaria de Esportes”, completou.

A Folha esteve no clube na tarde da última terça-feira e constatou que já está sendo construída uma galeria de água pluvial para facilitar o escoamento nas futuras quadras poliesportivas. Também será derrubado o muro ao longo da avenida Jacinto Menezes Palhares, que será substituído por gradil.

Pilares da Linha 15 em obras há meses após suspeita de rachaduras


Há oito meses, quatro colunas que sustentam os trilhos da Linha 15 – Prata despertam curiosidade e preocupação em quem passa pelo trecho entre as estações Vila Prudente e Oratório, na altura da avenida Salim Farah Maluf, onde existe o viaduto. É impossível não notar a grande obra que acontece em toda a estrutura dos pilares, da base ao topo. Os trabalhos têm se estendido até a noite quando é comum ver caminhões despejando concreto para reforçar as colunas.

Em março, várias fotos circularam pelas redes sociais mostrando manchas pretas nos pilares que pareciam grandes rachaduras. Preocupados, vários usuários da linha procuraram a Folha e pediam explicações da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô. Na época, o Metrô garantiu que as imperfeições observadas não comprometem a segurança da estrutura e que os passageiros podiam ficar tranquilos e fazer normalmente a viagem no trecho Oratório – Vila Prudente. Informou ainda que as supostas rachaduras eram marcas de “desgaste na película de verniz que com a água da chuva e o acúmulo de agentes poluentes provocam o escurecimento”. Complementou ainda que, naquele mês, seria iniciada a limpeza e posterior correção com aplicação de novo verniz.

Porém os trabalhos continuaram pelos meses seguintes voltando a levantar questionamentos de usuários e de circula pelo trecho se realmente era apenas desgaste da película de verniz. “O trabalho que presenciamos diariamente, há várias semanas no local, é muito mais do que uma simples limpeza ou aplicação de verniz como alegou o Metrô. A impressão é que detectaram outro problema nesses pilares”, comentou em julho o funcionário de uma empresa das imediações em matéria publicada pela Folha.

Abordada mais uma vez pelo jornal, a Companhia encaminhou a seguinte nota em 5 de julho: “o Metrô reitera que as imperfeições vistas em 4 dos 536 pilares instalados no monotrilho da Linha 15-Prata não comprometem a segurança nem alteram o conforto do usuário da linha. Mesmo assim, a empresa fabricante dessas estruturas de concreto vem realizando a manutenção adequada para complementação do reparo necessário, sem custo extra para o Metrô. Os pilares P31, P32, P33 e P34 estão recebendo tratamento com resina epóxi, cintamento e posterior cobertura em concreto nos poucos pontos de cada pilar nos quais se verificou essa necessidade. A limpeza e aplicação de novo verniz também vem sendo realizada e tem sido solução suficiente na maioria das marcas encontradas, já que se referem exclusivamente à estética do pilar”.

Na ocasião, poucos operários trabalhavam nos pilares e a obra era totalmente visível, já que não havia barreira de proteção como mostra a foto abaixo. A reportagem esteve ao lado dos andaimes montados nas colunas e fotografou os buracos abertos no entorno  das bases. Depois da publicação da matéria, todo o canteiro de obras foi cercado e constantemente engenheiros são vistos supervisionando os trabalhos. Também aumentou a presença de maquinários.

“Recentemente teve esse problema de lentidão na linha, com os trens circulando muito devagar. Fica difícil de não associar com essa obra. Estão mandando muitos caminhões de concreto, sempre vêm à noite”, comentou um morador das imediações  que ligou para a redação na semana passada.

Passados quatro meses da última resposta do Metrô, com a obra ainda em andamento e as constantes indagações de leitores, o jornal voltou a questionar o Metrô por e-mail perguntando entre outras questões, o que exatamente foi detectado nesses quatro pilares e se as demais colunas já foram inspecionadas. A assessoria informou – por telefone – que ocorre “manutenção preventiva para garantir a durabilidade centenária da construção”, que “não há sinalização da necessidade de obras em outras colunas” e insistiu que os trabalhos em andamentos não comprometem a segurança do transporte. (Kátia Leite)

Há quatro meses, obras nas colunas eram tocadas por poucos operários e sem os tapumes de proteção.