Usuários de bicicletas ouvidos pela Folha nesta semana criticam o que chamam de “achismos” de quem nunca pedalou, mas se acha no direito de criticar um projeto desenvolvido por técnicos da CET.
“Não adianta quererem empurrar uma ciclovia para onde não transitam pedestres e nem carros, então por que vai passar um ciclista nessa rua?”, questiona o fotógrafo Daniel Dacol, que mora na Vila Zelina há 36 anos. “Do mesmo jeito que o motorista pega o seu veículo para ir à padaria, farmácia, mercado; o ciclista tem o mesmo direito de fazer isso com a sua bicicleta. Não entendo de onde tiraram a ideia de que o comércio vai perder clientes, pelo contrário, se os comerciantes se mostrarem dispostos a receber os ciclistas, instalando paraciclos inclusive, vão estimular as vendas. Da forma como estão se posicionando hoje, só vão afastar”, defende.
Dacol ressalta ainda que a avenida Zelina já sofre há tempos com a falta de vagas para estacionar. “A ciclovia não vai tirar uma coisa que já não existe. Um ciclista terá mais facilidade para parar do que um motorista de veículo”, argumenta.
O usuário diário de bicicleta, Leandro Bazito, morador da Vila Zelina há 43 anos e que sai do bairro pedalando para chegar ao trabalho em Campos Elíseos, também acredita que a proposta da CET é viável. “Participei da audiência ocorrida na semana passada e depois de conhecer o projeto, pedalei de ponta a ponta da avenida Zelina. Gastei sete minutos no sentido Ibitirama/Jardim Avelino e seis minutos na direção inversa, num ritmo bem tranquilo. Não é exageradamente íngreme como estão alegando”, ressalta.
Sobre a proposta de ciclofaixa entre os carros estacionados e a calçada, Bazito destaca que já pedalou em uma ciclovia assim na avenida Rangel Pestana, no Brás, e o modelo funciona. “Há dois anos, pedalo diariamente para ir ao trabalho, à fisioterapia, fazer compras e como lazer aos finais de semana. Neste período, só escorreguei uma vez por causa de areia na ciclovia e precisei me jogar da bicicleta em outra ocasião porque um pedestre entrou na faixa sem olhar. Nas duas vezes, só tive arranhões”, conta. “As pessoas precisam parar com os achismos de que é não é viável, de que é perigoso e deixar os técnicos da CET decidirem o que é certo ou não”, comenta. (Kátia Leite)
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