Paralisada desde abril por falta de repasse de verba da Prefeitura, a construção da Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Ema na rua Gustavo Stach ganhou novo capítulo. De acordo com integrantes de movimentos de saúde da Vila Ema, em reunião ocorrida no último dia 20 entre representantes da comunidade local e da Secretaria Municipal de Saúde, o órgão informou que engenheiros realizaram uma vistoria técnica na construção no dia 8 de junho e constataram falhas estruturais, como trincas em vigas principais e deformações em pilares de sustentação. A informação está provocando grande preocupação na comunidade.
“Além de falta de verba, agora utilizarão outro argumento para não darem continuidade à obra”, acredita a moradora do bairro Cecilia Margarida, que faz parte do movimento de saúde que há mais de 20 anos luta pela construção da UBS.
Alarmados com a situação, lideranças locais começaram a se mobilizar. “Procuramos o Ministério Público e entramos com um processo. Fomos informados que o promotor responsável está de férias e retornará em agosto. Esperamos que ele consiga fazer algo para que a Prefeitura resolva a questão desta construção. É muito descaso com a comunidade”, declarou Cecília. “A Secretaria de Saúde nos informou que solicitaria uma avaliação de engenheiros mais específicos da Secretaria Municipal de Obras, mas ainda não obtivemos um retorno se aconteceu ou não”, completou.
Quem também está buscando providências é o membro do Conselho Participativo de Vila Prudente, Gilberto Souza Macedo. “Nos próximos dias estarei levando o caso para o Tribunal de Contas do Município e para a Ouvidoria Geral. O que está acontecendo é um grande desrespeito com o dinheiro público. Como é possível descobrirem irregularidades estruturais depois de quase um ano que a construção começou? A Prefeitura não fiscalizou a empresa contratada para realizar a obra? Isso é negligência e omissão”, declarou Macedo.
Indignada, a população local cobra mais atenção da Prefeitura. “Se a obra estiver comprometida e ter que ser demolida, quem irá arcar com o que já foi investido? Se a obra tiver condições de continuar, quem irá pagar pelos reparos para os serviços progredirem?”, questiona Macedo.
Em abril deste ano a Folha fez reportagem sobre a paralisação dos serviços e a Secretaria de Saúde informou que a atual gestão priorizou as unidades em estágio mais avançado de construção. Foi esclarecido ainda que já foram investidos R$ 1,7 milhão dos R$ 3,5 milhões previstos para a UBS Vila Ema.
Nesta semana a reportagem indagou a Secretaria sobre as falhas estruturais e não houve resposta para os questionamentos feitos via e-mail.
Saiba mais
A construção da unidade começou em outubro de 2015 e a previsão da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) era que as obras estariam concluídas em setembro de 2016. No entanto, devido à falta de repasses de verba por parte da Prefeitura, a Guerrero Construtora, contratada para a realização da UBS, suspendeu os trabalhos por duas vezes. A primeira paralisação aconteceu em maio do ano passado e os serviços ficaram suspensos por quase dois meses. Sob a promessa de que ocorreria o repasse de verba, os trabalhos foram retomados, mas, como o pagamento não ocorreu, a construção parou novamente em abril deste ano e permanece suspensa. (Gerson Rodrigues)