O conde italiano Rodolfo Crespi fundou uma pequena fábrica de lençóis na Mooca que, em pouco tempo, se transformou em uma das maiores empresas têxteis da América do Sul, o Cotonifício Crespi. No local acontecia todo o processo de fabricação do tecido, desde a limpeza do algodão até a produção de roupas.
No livro “Mooca – 450 anos. Passando pelo túnel do tempo”, do historiador do bairro Euclydes Barbulho, consta que a edificação é datada de 1898, mas somente em 1902 adquiriu a forma do imponente prédio de três andares, com cerca de 50 mil m² de área construída, que ainda está parcialmente de pé no quadrilátero formado pelas ruas dos Trilhos, Taquari, Javari e Visconde de Laguna. Sua arquitetura de tijolos aparentes tem a assinatura de Giovanni Batista Bianchi, amigo da família Crespi.
Além de ser palco do início da primeira grande greve trabalhista do país em 1917, o Cotonifício foi intensamente bombardeado pelas tropas do Governo durante a Revolução de 1924, quando serviu de trincheira para revolucionários.
Ainda na década de 20, exportou uniformes para o exército de Mussolini, na Itália, e em 1932 também vestiu as tropas constitucionalistas de São Paulo.
Foram os times de futebol de várzea compostos pelos funcionários da tecelagem que originaram o Juventus e a área onde hoje existe o estádio na rua Javari foi doada pelo conde, sendo batizado com o seu nome.
De acordo com registros históricos, o Cotonifício começou a enfrentar dificuldades na década de 50 por causa de seus equipamentos obsoletos e fechou as portas em 1963. (Kátia Leite)
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