Há quatro meses, o deteriorado prédio localizado na altura dos números 483/523 da avenida Vila Ema, esquina com a avenida Salim Farah Maluf, no Parque Sevilha, foi tomado por um grupo grande de sem-tetos. Conforme informações colhidas pela reportagem na época, cerca de 200 famílias adotaram a antiga edificação da extinta Padaria Amália como moradia. De acordo com a vizinhança, o número pode ter aumentado. Além do risco de realizarem reformas num imóvel que há anos não recebe manutenção e pode estar com a estrutura comprometida, também foram improvisadas ligações de energia elétrica e abastecimento de água. Tal situação coloca em perigo as pessoas, incluindo várias crianças que estão vivendo no local, e preocupa a vizinhança que teme um incêndio provocado por curto circuito, entre outros problemas. Apesar da questão já ter sido alvo de várias matérias da Folha, o poder público não tomou providências.
Segundo informações da Secretaria Municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico, o imóvel possui 23 débitos inscritos em dívida ativa (IPTU e Taxa de Resíduos Sólidos Domiciliares) referentes aos exercícios de 1996 a 2015, totalizando o montante de R$ 3.948.965,70. A Prefeitura não esclareceu se o imóvel tem processos em andamento e voltou a afirmar que sobre a ocupação, apenas o responsável legal pelo prédio pode ingressar com a ação de reintegração de posse na Justiça. A reportagem levantou que o prédio pertence a uma mulher, mas não conseguiu localizar a atual proprietária.
A vizinhança não se conforma com a justificativa da Prefeitura. O imóvel está oficialmente na área da Subprefeitura Mooca que também presta poucos esclarecimentos sobre o caso. Desde a semana passada a reportagem solicitou uma entrevista com o subprefeito Evando Reis, mas não obteve retorno. Não se sabe se a Assistência Social foi acionada para fazer a contagem oficial de pessoas no prédio.
“Diariamente observamos pessoas entrando no local carregadas de materiais de construção, o que indica que estão adaptando moradias lá dentro. Isso é muito preocupante em vários sentidos. Além de atrair pessoas para um lugar inapropriado, existe o risco de grave acidente, pois o imóvel é muito antigo e encontra-se em estado precário. Sei que é particular, mas não entendo que nenhum órgão público possa tomar uma atitude”, afirma uma moradora das proximidades que já entrou em contato diversas vezes com a Subprefeitura da Mooca e procurou também o Ministério Público em busca de soluções. “Infelizmente nada foi feito até o momento, nem para os ocupantes e nem para os vizinhos. Os órgãos competentes deveriam pressionar o responsável pelo imóvel. Mas, como essa região sempre foi esquecida pela Subprefeitura, pois além de ser divisa de território, fica longe da parte mais nobre da Mooca, a impressão é de total desinteresse e despreocupação conosco”, completa com indignação.
Nesta semana, a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) recebeu a denúncia de que estava em curso a ligação irregular de água. Inclusive o passeio público na avenida Vila Ema foi quebrado. O órgão informou que fez vistoria no local na quarta-feira, dia 31, e confirmou a ligação sem a presença do hidrômetro. A companhia abriu um boletim de ocorrência no 56º Distrito Policial – Vila Alpina e aguardava a perícia técnica do Instituto de Criminalística para prosseguir com as ações cabíveis.
A AES Eletropaulo também vistoriou o local e esclareceu que para realizar o corte de energia e regularizar a área, depende de uma solicitação da Prefeitura, além de uma ação conjunta com a polícia. A distribuidora afirmou que até o final da tarde da quarta-feira, dia 31, não havia recebido qualquer ofício sobre o assunto do governo municipal.