O último final de semana foi complicado para os vizinhos de uma confecção na rua Itaperima, na Santa Clara. O estabelecimento promoveu um megasaldão que atraiu milhares de pessoas, formando imensa fila dia e noite em frente aos imóveis da redondeza. O evento começou na tarde de sexta-feira, 17, e terminou no domingo, 19, durando mais de 48 horas.
“As pessoas começaram a chegar na manhã da sexta e a fila cresceu com o passar das horas. A multidão varou duas madrugadas em filas que chegavam em outras ruas”, conta Ana Cristina, que mora na praça Manuel Marinho, localizada atrás da rua Itaperima. “Não somos contra o trabalho da empresa, o que não aceitamos é sermos incomodados dessa forma. As garagens ficaram bloqueadas pelo aglomerado de pessoas nas calçadas. Não conseguíamos sair e entrar. Devido ao barulho e falatório também não era possível dormir”, relata.
A dona de casa Shirley Osório também ficou indignada com o ocorrido. “Como não podiam sair da fila para não perderem os lugares, as pessoas se alimentaram e fizeram suas necessidades fisiológicas nas imediações. Embalagens de pizza, sacos plásticos e outras coisas ficaram espalhados no chão. Minha vizinha viu duas moças evacuando na rua”, contou a moradora da rua Nhengaibas.
A Folha conversou com o proprietário da confecção, Gilberto Gilber, responsável pelos saldões. Ele explicou que esse evento acontece no local há oito anos, mas o ocorrido no final de semana passado foi atípico. “Acredito que o frio dos últimos dias e a crise financeira contribuíram para muitas pessoas se interessarem por nossos produtos, com preços populares. Esperávamos receber cerca de três mil pessoas em 48 horas, mas atendemos três vezes mais que isso”, justificou. “Entendo a indignação dos vizinhos, mas tentamos minimizar ao máximo o incomodo. Quando percebemos o grande movimento, abrimos a loja algumas horas antes do horário anunciado e trouxemos a fila para dentro da empresa. Além disso, funcionários e eu mesmo andávamos pela fila pedindo para as pessoas não incomodarem a vizinhança. Quando o saldão acabou, disponibilizei três funcionários para limparem a rua Itaperima e as vias onde a fila se estendeu”, completou. Segundo o proprietário, outros saldões estão marcados para acontecerem neste final de semana e em todos do mês de julho. “Para minimizar a confusão, no próximo mês abriremos apenas das 8 às 20h e em agosto mudaremos para outro galpão na avenida Sapopemba”, finalizou.
A Folha procurou a Subprefeitura Mooca, que não se posicionou até o fechamento da matéria.