Desde a última segunda-feira, dia 9, a tradicional Escola Técnica Estadual (ETEC) Professor Camargo Aranha, na rua Marcial, na Mooca, está ocupada por um grupo de estudantes que protestam contra os supostos esquemas de desvios de verba para a compra de merenda escolar e pelo corte de investimento do governo no ensino técnico, além de outras reivindicações. Devido ao ato, as aulas da unidade estão suspensas e professores e funcionários do setor administrativo estão impedidos de acessar o prédio.
Nesta semana a Folha esteve na escola e conversou com representantes do grupo de protesto. A reportagem tentou entrar no prédio, mas o acesso não foi permitido pelos estudantes. Eles não têm previsão de quando irão desocupar o local. “Só sairemos quando nossas reivindicações forem atendidas. Não estamos aqui apenas pela merenda. Há várias situações pontuais nesta escola que precisam ser melhoradas”, relatou um dos estudantes que não quis revelar o nome. Algumas dessas reivindicações são: preços mais acessíveis nos serviços de xerox e na cantina; livros para todos os alunos, individualmente; reposição dos materiais dos laboratórios e retorno dos cursos extracurriculares.
Com o prédio ocupado desde segunda-feira – a fachada da escola está repleta de cartazes e faixas de protesto – os estudantes garantem que têm preservado as dependências da unidade. “Não estamos aqui para quebrar e degradar nada. Queremos apenas mais respeito e algumas melhorias. Os ambientes da administração e dos laboratórios, onde ficam equipamentos caros, estão fechados e ninguém tem acessado. Estamos apenas nas áreas comuns”, afirma o estudante.
Outro lado
Em nota, o Centro Paula Souza, responsável pelas ETECs, informou que, atualmente, 13 unidades encontram-se ocupadas, o que deixa mais de 15 mil alunos sem aulas. Foi ressaltado que “essas invasões contam com a participação de pessoas estranhas à comunidade escolar e estão prejudicando o ano letivo da maioria dos estudantes, que batalham pela qualidade de sua formação”. Também foi salientado que o Estado comprometeu-se a disponibilizar almoço para todos os alunos de Etecs que estudam em período integral e ainda não recebem a refeição, o que irá beneficiar 20 mil estudantes. O Centro Paula Souza reitera seu apoio aos pais, alunos e profissionais contrários aos atos de ocupação e informa que está trabalhando para retomar as aulas o mais breve possível.