Na última terça-feira, dia 8, ocorreu mais uma manifestação na esquina das ruas Siqueira Bueno e Itamaracá, na Mooca. Lojistas abaixaram as portas de seus comércios e bloquearam o trecho com faixas de protesto por causa das faixas para ciclistas implantadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) no início do ano. A ciclovia percorre ainda as ruas Taquari, Barão de Penedo, Serra de Jairé e Álvaro Ramos.
“É inadmissível técnicos da CET aprovarem e implantarem esta ciclovia. As poucas vagas de estacionamento que existiam foram extintas. O cliente não tem mais onde parar o veículo. As vendas caíram cerca de 50% desde que a faixa foi pintada na minha porta. Deste jeito não vamos conseguir nos manter abertos”, declarou o comerciante Hamilton Guarize, que possui loja na rua Siqueira Bueno há cerca de 40 anos.
Nem o hospital infantil Cândido Fontoura, na Siqueira Bueno, escapou da ciclofaixa e, para chegar ao hospital, pais e filhos precisam parar do outro lado da rua. Nem a vaga para deficientes físicos foi mantida. Na rua Serra de Jairé a faixa para ciclistas passa em frente à Unidade Básica de Saúde Água Rasa. “Antigamente conseguia parar o carro em frente ao posto para pegar remédio para o meu marido. Agora não tem mais lugar. Vi um cadeirante ter que sair do carro no meio da rua para acessar a UBS. Isso é um absurdo! Passaram por cima de tudo e de todos com essa faixa vermelha”, contou a dona de casa Irene Rodrigues.
Na avenida Álvaro Ramos, entre a rua Marechal Barbacena e a avenida Regente Feijó, a situação dos comerciantes é crítica. “Acabaram com o estacionamento dos veículos e proibiram a parada do outro lado da via. As pessoas deixaram de frequentar as lojas deste trecho por não terem opção de parar o carro. Não podemos receber clientes, nem os serviços de carga e descarga de materiais. Desta forma o comércio vai morrer”, contou o proprietário de uma farmácia de manipulação instalada no trecho que se identificou como Jéferson.
A CET informou que as vagas de estacionamento livre ou rotativo/Zona Azul foram remanejadas para ruas adjacentes sem prejuízo ao fluxo viário. Sobre o hospital infantil, foi informado que a unidade possui duas áreas exclusivas para embarque/desembarque nas ruas Siqueira Bueno e Itaqueri, que permanecem inalteradas e também possui uma vaga de estacionamento exclusivo para portador de necessidade especial na rua Santa Albertina, em frente à entrada principal do hospital. A reportagem constatou que a vaga exclusiva citada não é respeitada, pois na tarde de quarta-feira, dia 9, era ocupada por um veículo comum, sem nenhum tipo de identificação de portador de deficiência. Quanto a área de embarque e desembarque, a mesma causa dificuldades para uma pessoa sozinha com um filho, pois o motorista terá que desembarcar a criança e deixa-la sozinha para procurar uma vaga de estacionamento.
Em relação à UBS, o órgão acrescentou que a unidade não dispunha de área exclusiva para embarque e desembarque de pacientes e portadores de necessidades especiais e atualmente o desembarque pode ser efetuado em frente à UBS, no lado oposto da via, e a travessia deve ser concluída através da faixa de pedestres existente no local.