Enquanto a ordem em todos os governos é enxugar despesas para enfrentar a atual situação econômica do país, a Prefeitura de São Paulo gasta verba em obras implantadas há um ano e que, segundo a vizinhança, não apresentavam problemas. Em novembro de 2014 foi pintado e sinalizado o circuito de faixas exclusivas para ciclistas em vias do Jardim Independência. A rua Secundino Domingues recebeu ciclovia em toda a sua extensão, no entanto, na semana passada, equipes terceirizadas da Prefeitura iniciaram uma suposta obra de recape – apenas na ciclovia – e estragaram cerca de 400 metros da faixa. A medida revoltou moradores do trecho.
“Não foi por desgaste porque raramente passa ciclista por essa faixa, tem mais gente andando a pé por ela do que de bicicleta. A Prefeitura tem que explicar porque fez esse estrago. Além disso, no resto da rua tem mais buraco que na ciclovia”, comenta uma residente do trecho que pediu para não ter o nome divulgado. “Se tinha que arrumar alguma coisa, deviam ter feito isso antes de pintar a ciclovia da noite para o dia e não desmanchar tudo agora”, completa.
“É uma vergonha, passei pelo local e estão raspando toda a tinta vermelha e colocando asfalto por cima. É muita falta de planejamento e nosso dinheiro indo embora”, comenta Denise, que enviou e-mail à redação para relatar o ocorrido.
O leitor Antonio, que no último sábado foi visitar a mãe que reside na Secundino Domingues, também fez questão de escrever ao jornal: “O prefeito está refazendo a ciclovia! Substituindo o trecho pintado de vermelho, para pintar novamente! É puro desperdício de nosso dinheiro”.
Em outras ciclovias do bairro, também implantadas há um ano, ocorrem obras semelhantes que acabaram com parte da pintura e da sinalização. Na avenida Jacinto Menezes Palhares há grandes manchas de remendos sobre as faixas vermelhas. Além disso, a falta de cuidado das equipes contratadas acaba sujando trechos próximos aos pontos de trabalho. “Esses reparos deveriam ter sido executado no ano passado, antes de colocarem essa ciclovia. Mesmo assim, percebemos que não são obras emergenciais que justifiquem estragar toda a pintura agora. Tem muita coisa errada nessa história”, comenta o usuário do Clube Escola ao lado da ciclovia, Geraldo Antunes da Silva.
A cena se repete na ciclovia da avenida Alberto Ramos, também construída subitamente e que apenas agora, recebe serviços que deveriam ter sido executados antes da pintura em novembro do ano passado.
Desde a semana passada, a Folha pede explicações à Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, à Subprefeitura de Vila Prudente (que alegou que não responde pelas obras) e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Na tarde de ontem, a CET respondeu que os serviços de tapa buracos, remoção de lombadas e reconstrução de sarjetas estão sendo executados pela Superintendência das Usinas de Asfalto (SPUA) da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras. Foi ressaltado ainda que os trechos de ciclovia serão refeitos o mais rápido possível, de acordo com o cronograma de trabalhos da Companhia.
A Folha questionou claramente o custo dos serviços executados e qual será o valor para refazer os trechos de ciclovia, mas nenhum dos órgãos consultados respondeu as perguntas.