Projeto Operação Urbana prevê só “meio parque” na Mooca

A proposta de Operação Urbana para faixas da Mooca, Vila Prudente, Ipiranga, Cambuci e Vila Carioca que margeiam o rio Tamanduateí está na Prefeitura desde 2002, na gestão de Marta Suplicy (sem partido). Os estudos seguiram nas administrações de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD). Após uma rodada de debates em dezembro passado, o governo Fernando Haddad (PT) retomou agora a discussão em torno da questão.

No final de agosto publicou no portal da Prefeitura a nova minuta da proposta e também agendou audiências públicas para apresentar o projeto e ouvir mais uma vez a população. Uma delas aconteceu no último dia 14, no Clube Atlético Juventus, na Mooca, e a próxima está marcada para segunda-feira, dia 21, às 18h, no Círculo de Trabalhadores Cristãos de Vila Prudente. A promessa é que após essa fase, o projeto seja encaminhado à Câmara Municipal no mês que vem e possa começar a ser implantado em 2016.

A Operação Urbana Consorciada visa basicamente aproximar o trabalho da moradia, provocando intenso adensamento da área envolvida. Pela atual proposta da Prefeitura, os cinco bairros mais que duplicarão o número de habitante(veja mapa abaixo). Paralelo ao adensamento está prevista uma série de investimentos, como a criação de novas áreas verdes que também terão a função de minimizar as inundações na região, mais equipamentos públicos, melhoria da mobilidade urbana e aumento da oferta de cultura e lazer. A previsão de duração, entre o início e o término do programa, é de 30 anos. A Prefeitura pretende custear essas melhorias pela venda ao mercado imobiliário de R$ 5,5 bilhões em créditos para construir além dos limites básicos previstos em lei.

Um exemplo é a área de 100 mil m² na rua Barão de Monte Santo, na Mooca, que no passado serviu de depósito de combustíveis da Essa e foi contaminada. Apesar de a comunidade pleitear há mais de uma década que o espaço seja transformado em parque público, a proposta que consta na Operação Urbana é que apenas metade do terreno será destinada ao verde. Ainda segundo o projeto, o espaço será cortado por novas ruas e o restante será destinado à construção. Apesar dos bilhões que envolvem a Operação Urbana, o diretor de desenvolvimento da SP Urbanismo, Gustavo Partezani, que apresentou o projeto na audiência na Mooca, frisou que essa é a única maneira de garantir que parte da área seja destinada a um parque, que na verdade está sendo chamado pelo governo municipal de “parque inundável”, pois terá a missão de conter as cheias em dias de temporal.

Lideranças da Mooca mostraram aos representantes da Prefeitura que ainda têm vários pontos a serem discutidos. O advogado e voluntário em creches, Antonio Viotto Netto, questionou que nas audiências de dezembro era destinado 28% da arrecadação do projeto para investimento em equipamentos sociais e agora consta apenas 15%. “Hoje já existe déficit em creches, filas em postos de saúde, no entanto vocês pretendem adensar ainda mais a região e investir menos na criação de novos serviços”, argumentou. Partezani respondeu que, como nas discussões anteriores a população insistiu na questão das áreas verdes, houve o reajuste da meta de investimento. “Temos que tirar de um lado para aumentar em outro”, justificou.

O diretor superintendente da Associação Comercial – Distrital Mooca, Francisco Antonio Parisi, também mostrou preocupação com o adensamento proposto no projeto e ressaltou que a região deve ficar atenta. “Precisamos mostrar união através das lideranças, dos empresários e da imprensa local e o poder público precisa ter a boa vontade de nos ouvir. É muito importante a presença desses grupos na reunião da próxima segunda-feira”, convoca Parisi.