A redução de pressão adotada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que acaba acarretando constantes interrupções no fornecimento de água, tem provocado transtornos para os moradores da rua Rio do Peixe, na Vila Zelina.
De acordo com eles, o fluxo da água é interrompido às 10h e só retorna por volta da 1h da madrugada, de segunda a segunda-feira. As torneiras secas por 15 horas seguidas estão obrigando a mudanças de hábitos e rotinas no dia a dia.
“Estamos enfrentando muitas dificuldades, principalmente com a máquina de lavar roupa que é alimentada pela água da rua”, conta o estudante Thiago Catalani. Ele mora numa casa térrea com os pais e um irmão. “Temos de ligá-la por volta das 6h da manhã e não usá-la todo dia para economizar. Às vezes, quero vestir determinada roupa, mas ela ainda está à espera para entrar na máquina”.
Os aborrecimentos não param por aí. “Já aconteceu das roupas ficarem sem enxaguar, pois a água acabou”, comenta o seu irmão Marcelo, também estudante. “No período da tarde aos fins semana ou lavamos a louça do almoço ou optamos por tomar banho bem rápido, já que a caixa não dá conta”.
Vizinhos convivem com outros problemas. “Saio para o trabalho e só retorno no início da noite, quando as torneiras da rua estão sem água”, relata o supervisor de estacionamento Reginaldo Ribeiro da Silva. Ele mora sozinho e tenta estocar água em garrafas de refrigerante e tambor para contornar os problemas, mas é comum ficar com a máquina de lavar roupa parada por dias seguidos. “O pior é aos fins de semana quando recebo minhas filhas e netos. Tenho sempre que comprar comida pronta”.
Já o aposentado João Toth Filho reclama dos custos adicionais no seu orçamento familiar por causa da crise hídrica. “Quando a água volta vem com barro e tenho que mandar limpar a caixa pagando pelo serviço”, comenta. “Não consigo ter o bônus de economia, pois morava só com minha esposa e a média mensal era de 10 metros cúbicos. Minha filha e o genro vieram morar conosco e o consumo subiu para 14 metros cúbicos. Apesar do controle na água estou pagando a sobretaxa”.
Sabesp confirma mudança de horário de redução da pressão
No final de janeiro a Sabesp finalmente admitiu a restrição de abastecimento e divulgou em seu site os horários de redução de pressão do fornecimento de água que, na região, ficava em torno de 16 horas diárias.
Mesmo assim, as queixas da população continuaram com muitas alegações de que as torneiras ficavam completamente secas e que a restrição extrapolava o horário anunciando. Como justificativa a Sabesp sempre informou que mesmo com a redução de pressão, pode ocorrer falta de água, principalmente em regiões altas e longe dos reservatórios. Também recomenda que para causar o menor transtorno possível na rotina, o imóvel deve ter a reserva de água adequada ao consumo dos usuários por 24 horas. Outra medida é verificar se as instalações internas estão ligadas à caixa de água e não diretamente à rede da rua.
No entanto, a Sabesp aumentou o horário de vigência da redução da pressão divulgado inicialmente. Na Vila Zelina, onde moradores vêm tendo dificuldade para realizar as tarefas domésticas (leia ao lado), atualmente há trechos que têm o abastecimento normalizado por apenas quatro horas diárias. Conforme consta no site da Companhia, na zona baixa da Vila Zelina a redução é das 10h às 6h diariamente e na zona alta, das 10h às 2h. Em janeiro, a medida na mesma área era implantada das 13h às 5h30. Questionada, a Sabesp respondeu que nos últimos dias foi necessário realizar ajustes no programa de gestão de pressão do Setor Vila Alpina, que compreende a maioria dos bairros da região. Segundo a Companhia, agora estão valendo os seguintes horários: Vila Alpina zona alta das 10h às 2h; Vila Alpina zona baixa (alça 1, rua Orlando) das 19h às 10h; Vila Alpina zona baixa (alça 2, pr. Jaci Monteiro) das 15h às 3h; e Vila Alpina zona baixa (alça 3, avenida Zelina) das 19h às 10h. Foi ressaltado estão sendo providenciadas as alterações no site. (Kátia Leite)