Pelo teatro municipal da Mooca, inaugurado em agosto de 1952, já passaram gerações que cresceram rindo e se emocionando com as tramas desenroladas no palco, mas estavam órfãs desde 2011 quando foi fechado às pressas porque, além de problemas técnicos, oferecia riscos aos funcionários, público, atores e demais membros das companhias teatrais. Mas, além da reforma estrutural, o teatro, cujo prédio projetado pelo arquiteto Roberto Tibau é tombado como exemplo de arquitetura modernista em São Paulo, também precisava de modernização.
Com investimentos de R$ 7,8 milhões, o espaço cultural ganhou a requalificação da caixa de palco, com a instalação de recursos mais modernos de cenotecnia para teatro e sistema de projeção, nova cabine de controle de som e luz, melhorias na acústica, ar-condicionado com sistemas de controle independentes para palco e plateia, além de poltronas mais confortáveis e adequadas.
“Neste ano, estamos devolvendo para a cidade três teatros completamente reformados e atualizados do ponto de vista do equipamento, seja na acústica ou na iluminação. O Arthur Azevedo tem uma peculiaridade, porque está sendo devolvido com a instalação do Clube do Choro, que é uma tradição antiga da cidade. É um passo importante para deflagrar um processo de resgate e progressão do que tem de melhor na Música Popular Brasileira”, afirmou o prefeito Fernando Haddad (PT) durante a solenidade de reabertura na manhã da última terça-feira, dia 18, um dia após a Moooca completar 459 anos. Os outros dois teatros citados pelo prefeito são o Flávio Império, na Penha, entregue no fim de janeiro, e o Paulo Eiró, em Santo Amaro, cuja reinauguração está prevista para os próximos meses.
Como o prefeito anunciou, a grande novidade é que o teatro mooquense também passou a ser a sede do Clube do Choro da cidade de São Paulo. Haverá shows do estilo musical um final de semana por mês (confira os destaques da programação abaixo) e roda de choro todos os sábados às 18h.
O teatro ainda recebeu intervenções que garantem a acessibilidade e foi ampliado com um novo prédio anexo de 500 metros quadrados. “Esse anexo é um espaço muito importante, tanto como apoio ao teatro e também para o curso de formação em Choro, que a gente tem intenção de abrir aqui a partir do ano que vem”, disse o secretário municipal da Cultura, Nabil Bonduki. Também participaram da cerimônia de reabertura a vice-prefeita Nádia Campeão e os secretários municipais de Infraestrutura Urbana e Obras, Roberto Garibe, e de Serviços, Simão Pedro.
“Esse presente tão aguardado pela Mooca pode nos ajudar ainda mais no desenvolvimento do bairro, principalmente dos espaços gastronômicos que podem receber o público dos espetáculos”, comemora o superintendente da Associação Comercial – Distrital Mooca, Francisco Parisi.
Fachada
Durante a solenidade de inauguração muitos dos presentes questionaram o estado da fachada do prédio que não passou por restauro. Além de aparentar sujeita, tem falhas nos ladrilhos. O secretário de Infraestrutura, auxiliado pelo engenheiro responsável pelas obras no teatro, informou que pelo fato do teatro ser tombado é a Secretaria de Cultura que ficará responsável pelo serviço. Foi ressaltado ainda que é um trabalho caro e não há previsão para ser realizado.
Confira a programação gratuita dos próximos dias
Neste primeiro final de semana é o Clube do Choro que tem destaque no Teatro Arthur Azevedo. No próximo, é a vez de grandes nomes de outros estilos subirem ao palco. A programação de espetáculos teatrais começa em setembro.
Para os shows abaixo, os ingressos são distribuídos no dia da apresentação, a partir das 14h. Limitado a um por pessoa.
Hoje, dia 21, às 21h
Izaías e Seus Chorões apresentam “Chorando São Paulo”. É o mais antigo grupo de chorinho em atividade em São Paulo. Neste show, apresenta músicas autorais e de compositores de várias épocas.
Sábado, dia 22, às 21
André Parisi Quinteto e o show “Feeling brasileiro” composto por valsas, choros lentos, maxixes e choros modernos.
Domingo, dia 23, às 19h
Bandinha Popular faz homenagem à Lina Pesce. Neste show, o grupo destaca a flauta para lembrar a compositora paulista conhecida no universo do choro por suas obras com nomes de pássaros, como “Bem te vi atrevido”.
Sexta, dia 28, às 21h
Ângela Maria e Cauby Peixoto apresentam o show “Reencontro”. Dir. musical: Ronaldo Rayol. Amigos e companheiros de palco de longa data, destacam músicas que os consagraram em seus mais de 60 anos de carreira. No repertório, estão sucessos como “O mundo é um moinho”, de Cartola, e “Como é grande meu amor por você”, de Roberto e Erasmo Carlos.
Sábado, dia 29, às 21h
Show de Moraes Moreira. Com mais de 40 discos gravados e quase 500 composições, apresenta sucessos que marcaram sua trajetória artística, iniciada nos anos 1970, e canções do último CD, “Revolta dos ritmos”, ganhador do Prêmio da Música Brasileira de 2013.
Domingo, dia 30, às 19h
Filipe Catto canta Cássia Eller e relembra músicas como “Malandragem”, de Cazuza e Frejat, “Segundo Sol”, de Nando Reis, “E.C.T.”, de Nando Reis, Marisa Monte e Carlinhos Brown, e “Non, je ne regrette rien”, de Édith Piaf, interpretada por Cássia em seu “Acústico MTV” (2001).
Teatro Arthur Azevedo: avenida Paes de Barros, 955, Mooca – telefone: 2605-8007.