Mais uma vez a Vila Prudente foi castigada pela força da água. Após dois grandes alagamentos em fevereiro, as cheias tomaram conta novamente de ruas do bairro e principalmente da avenida Anhaia Mello no domingo, dia 8. Dezenas de motoristas ficaram ilhados e muitos perderam seus veículos. Pedestres e usuários de transporte público também sofreram. Moradores e comerciantes voltaram a ter bens materiais destruídos. De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura, foram 100 milímetros de chuva na Vila Prudente, equivalente ao acúmulo de 100 litros de água por metro quadrado.
“Meu bar tem um muro de cerca de 1,5 metro de altura na calçada. A água ultrapassou o muro e também a comporta de ferro que tenho na entrada. A enchente invadiu o estabelecimento e as casas que ficam nos fundos. Perdi roupas e mantimentos”, conta Antonio João Tibério que possuí comércio e reside na praça Rui Roxo, ao lado da avenida.
No mesmo trecho está situado um buffet infantil, que também teve prejuízo com a enchente. “A água subiu rapidamente. Danificou um freezer e perdi produtos. Existe um espaço do buffet que nem utilizo mais por conta das cheias e com a chuva de domingo, ficou alagado. Precisei gastar com bombas para retirar a água. O pior é que no momento da chuva ocorria uma festa e os veículos dos convidados que estavam estacionados na rua ficaram submersos. O problema aqui é antigo. Já perdi vários clientes por causa das enchentes”, comenta Alex Eduardo Sales, proprietário do buffet.
Resgates
A situação foi ainda mais dramática para quem se viu preso em meio à água. Também na praça Rui Roxo, uma senhora de 77 anos, moradora do Sapopemba, precisou ser resgatada para não ser arrastada pela enchente. Ela se apoiava em um veículo alagado, mas não estava mais conseguindo se segurar.
“Avistei a mulher com a água na altura do peito. Tentei retirá-la, mas não consegui devido à correnteza. Um rapaz veio me auxiliar minutos depois. A colocamos em cima do capô de um carro e esperamos o resgate do Corpo de Bombeiros chegar”, ressalta José Luis, responsável pelo site Portal Vila Prudente, onde publicou o vídeo que registrou toda a ação.
Quem também passou por situação parecida foi a moradora do Jardim Avelino, Rosa Romano. Porém, o caso dela foi ainda mais delicado, já que quem estava sendo arrastado pelas águas, próximo à estação Vila Prudente do Metrô, era seu próprio filho, Felipe Romano, de 29 anos. “Fui buscá-lo no metrô, mas, quando cheguei, a avenida Anhaia Mello estava totalmente alagada. Parei o carro em uma rua próxima e, quando ele me viu, tentou atravessar a via. Neste momento, meu filho pisou em algo e machucou o pé. Foi quando entrei na água para ajudá-lo. Graças a Deus deu tudo certo”, explica Rosa.
“Só os piscinões podem melhorar a situação”, ressalta subprefeito
Na tarde da quarta-feira, dia 11, o subprefeito de Vila Prudente, José de Deus Alencar, concedeu entrevista à Folha. Ele afirmou que a unidade tem feito tudo que é de sua competência para minimizar o problema, mas, somente a construção de piscinões pode minimizar os alagamentos na região.
“A Subprefeitura realiza a limpeza de córregos, galerias e bocas de lobo. Esse trabalho auxilia na vazão da água. Tanto que dá para notar que nas últimas chuvas, depois da tempestade parar, as enchentes diminuem rapidamente. O problema é que tem caído muita água e o atual sistema da região não consegue suportar tamanha quantidade. É necessária a entrega do piscinão Guamiranga, do Governo do Estado, nos baixos do viaduto Grande São Paulo, e a construção de outros dois na avenida Anhaia Mello, que estão em fase de elaboração de projeto na Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Siurb). Meu papel é continuar cobrando a pasta para agilizar este processo”, destacou Alencar.
O subprefeito também informou que as equipes da Subprefeitura saem às ruas após as enchentes para ver qual foi o dano registrado e providenciar os reparos, além da limpeza das vias. Alencar ainda ressaltou que a unidade, em parceria com a Siurb, tem projeto para a construção de uma nova galeria na rua Umuarama, que diminuiria a possibilidade de enchentes na região do Largo de Vila Prudente, incluindo a rua José Zappi. (Gerson Rodrigues e Rafael Gonçalo)