O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura acusou 90 milímetros de chuva na Vila Prudente em cerca de duas horas na noite da última terça-feira, dia 27. “É muita água! Foi a região da cidade onde mais choveu”, destaca o meteorologista do CGE, Michael Pantera. A título de comparação, até a última quarta-feira, dia 28, o Sistema Cantareira havia registrado apenas 141 milímetros de chuva durante todo o mês. O resultado do recorde foram as velhas cenas de motoristas em pânico e carros submersos ao longo da avenida Anhaia Mello, que virou um imenso rio. Moradores da região também tiveram suas casas invadidas pela água.
“Foi muito rápido! Estava na Anhaia Mello, indo para casa, quando de repente o trânsito parou e pouco depois, comecei a sentir o carro balançar. Percebi que estava alagando e havia até correnteza! Só tive tempo de jogar o veículo em cima da calçada e tirar minha filha de um ano do banco de trás. Corri para um posto de combustíveis e fiquei duas horas esperando a água baixar”, conta a moradora do Parque São Lucas, Joyce Guimarães sobre os momentos de agonia que passou na altura do cruzamento com a rua Américo Vespucci. “Meu carro foi coberto pela água e outro veículo que também ficou abandonado no alagamento foi arrastado e bateu na lateral do meu. Será um prejuízo enorme porque não tenho seguro”, afirma indignada.
O morador da Vila Ema, Rodnei Brunete da Cruz, teve que dar uma volta imensa para conseguir pegar o filho na estação Vila Prudente do Metrô. “Não havia ônibus e enquanto ele aguardava, fez flagrantes impressionantes de carros submersos. Há quanto tempo ouvimos a promessa de piscinões?”, indaga Rodnei.
Diego Andrade Firmino, que reside em frente à estação Oratório do monotrilho, conta que a Anhaia Mello ficou alagada no trecho das 21h30 às 23h30. “Foi a pior enchente dos últimos três anos. Se o monotrilho estivesse funcionando, os usuários ficariam presos lá em cima. É um absurdo gastar milhões nesta obra e não resolver esse problemão embaixo!”, comenta.
Quando a água baixou, a comprovação da violência da enchente estava no asfalto da avenida Anhaia Mello. Na altura da rua Francisco Polito, no sentido bairro, parte da pista se soltou, abrindo uma cratera no corredor de ônibus. Já no sentido centro, impressionou o fato de oito malotões de cimento, que servem de proteção à ciclovia do monotrilho e são unidos através de barras de ferros soldadas, terem sido arrastados pela correnteza do canteiro central até a faixa da direita, só parando ao baterem na guia.
Mais estragos
Moradores da rua Limeira, na Vila Prudente, também ficaram revoltados pois a água invadiu residências. “Meu filho está com 51 anos e quando ele era pequeno tive que deixar a minha casa em um bote dos bombeiros por causa de alagamento. Tanto tempo se passou e nada mudou. Mas, já recebi meu IPTU no valor de R$ 4.800 e terei que providenciar toda documentação para conseguir isenção na Prefeitura”, ressalta Ana Veiga Jollo, de 72 anos. “Também tive que ficar até duas horas da madrugada tirando a lama da minha garagem. Será que terei que pagar multa da conta de água?”, completa Ana lembrando que o Estado atrasou a entrega do piscinão que está construindo nos baixos do viaduto Grande São Paulo.
Não foi apenas com a água que moradores da região tiveram problemas. Houve queda de energia elétrica em diversos pontos. Na rua das Dálias, na Vila Bela, o fornecimento foi interrompido às 21h30 e só retornou às 15h da quarta-feira. Já na rua Carminha, no Sitio Pinheirinho, uma árvore da escola municipal Professora Áurea Ribeiro Xavier Lopes desabou em cima do muro e ficou pendurada na fiação. A Eletropaulo foi acionada para desligar a energia, o que aconteceu apenas na noite da quarta-feira. Só depois disso a Subprefeitura de Vila Prudente pôde remover a espécie.
Para o meteorologista do CGE a única forma de amenizar o impacto das chuvas de verão é reavaliar o excesso de concreto da cidade. “Foram asfaltando tudo e criando uma ilha de calor que acaba até ‘roubando’ umidade de outras áreas próximas”, sintetiza Michael Pantera.
Obra de piscinão atrasa
Em construção desde 2012, entre os baixos do viaduto Grande São Paulo e a avenida Doutor Francisco Mesquita, na Vila Prudente, o Piscinão Guamiranga estava previsto para ser entregue no final de 2014. Mas, de acordo com o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado (DAEE), responsável pelas obras, só será entregue em outubro – oito meses após o prazo estipulado em contrato.
O motivo do atraso não foi divulgado, mas, em dezembro o DAEE informou à Folha que os trabalhos até então representavam 65% da construção. A criação do piscinão visa, justamente, minimizar as cheias do rio Tamanduateí e de seus afluentes, responsáveis pelos alagamentos, como o desta semana, na Vila Prudente.
Denuncia de um veículo abandonado desde o final do ano 2014. Este veiculo se encontra na Rua tapanazes continuação da rua Gargau. Esta rua tapanazes termina na Av. Francisco Martins da Costa Carvalho. Placa do veiculo. FIM 4687 Barueri sp