Principal cargo abaixo do prefeito Fernando Haddad (PT) na estrutura da administração municipal, o secretário de Governo, Francisco Macena (PT), declarou mais uma vez nesta semana que a Prefeitura fará o possível para proteger de investimentos imobiliários os terrenos da Vila Ema e da Mooca para os quais a comunidade reivindica a criação de parques públicos. O secretário também reconfirmou o que já havia declarado à Folha em abril passado: a Prefeitura abriu mão do terreno da antiga Linhas Corrente, onde é pleiteado o Parque São Lucas para a área que sobrou da construção do pátio da Linha 15-Prata do monotrilho.
Na tarde da última segunda-feira, dia 15, Macena recebeu em seu gabinete, na sede da Prefeitura, a vereadora Juliana Cardoso (PT), autora de projetos para a criação dos parques na Vila Ema e na Mooca; o presidente da Folha, Newton Zadra, que há mais de 10 anos defende a implantação da área verde no antigo terreno da Esso na Mooca; e a liderança do movimento Viva o Parque Vila Ema.
Sobre a área de cerca de 17 mil m² na esquina da avenida Vila Ema com a rua Batuns, adquirida por uma construtora, mas que está protegida por um Decreto de Utilidade Pública (DUP) da Prefeitura que impede o início de qualquer obra no local; Macena afirmou que se a Prefeitura não levantar toda a verba necessária para desapropriar o terreno até outubro, quando vence o DUP, o governo pedirá a renovação do decreto para a Justiça. “É possível fazer isso mediante uma justificativa para o juiz”, explicou o secretário que se comprometeu ainda a fazer uma reavaliação do valor do terreno que abriga árvores nativas e uma nascente de água.
Para o espaço de 100 mil m², na confluência das ruas Barão de Monte Santo e Dianópolis, na Mooca, que serviu como distribuidora de combustíveis da Esso e agora está em fase final de descontaminação do solo, Macena explicou que a perspectiva da Prefeitura é viabilizar o parque através dos recursos gerados pela Operação Urbana Mooca/Vila Carioca, que agora está sendo chamada pela Prefeitura de Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí. A mesma informação foi passada pelo secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco, na ocasião das audiências públicas ocorridas na região no início deste mês. No entanto, a proposta apresentada pela Prefeitura é viabilizar o parque em 40% do espaço, o que contraria o interesse da população que quer a totalidade da área. “É para isso que estão ocorrendo essas audiências, para a comunidade se manifestar e apontar os caminhos que deseja para a região”, afirmou Macena.
Apesar de na semana passada ter sido aprovado em primeira instância na Câmara Municipal, o Projeto de Lei 577/2103 da vereadora Edir Sales (PSD) que institui o Parque Verde do São Lucas no que restou da área da extinta Linhas Corrente, na avenida do Oratório, no Jardim Independência, Macena foi enfático ao afirmar que a Prefeitura não vai construir esse parque. “Nem renovamos o DUP que está vencendo, o caso já foi arquivado e o terreno vai voltar para o proprietário. Essa área valorizou ainda mais com a construção do monotrilho, a Prefeitura não terá verba para uma desapropriação dessas”, afirmou Macena. O secretário explicou que a gestão passada deixou um legado de 130 decretos de utilidade pública para parques. “Impossível arranjar verba para tudo isso. Fizemos uma revisão de todos e elegemos nossas prioridades, como o terreno da Vila Ema que terá que ser viabilizado com recursos municipais”.