Apesar de o caso ter ocorrido no dia 29 de junho, somente no último dia 6 a mídia teve acesso à informação de que duas bananas de dinamite foram encontradas coladas com fita adesiva em uma pilastra da Linha 15 – Prata do monotrilho, na altura do número 10.200 da avenida Sapopemba. Após o fato vir à tona, a polícia se pronunciou, destacando que os artefatos estavam sem o detonador e se tratavam de simulacros, e não explosivos verdadeiros. Mesmo assim, a ação policial na madrugada do dia 29, com a participação do Grupo de Ações Tática Especiais (Gate), bloqueou o trecho da avenida por cerca de três horas, causando medo nos moradores da região, que foram proibidos de sair de casa e não eram informados sobre o que estava ocorrendo.
“Os policiais chegaram por volta das 4h30 e fecharam a avenida. Ninguém dizia o que estava acontecendo. Todos ficaram assustados. Quando o Gate chegou, percebemos que tratava-se de um explosivo. A situação criou um grande temor entre os vizinhos. Imagina se uma pilastra dessa explode, o estrago que ia causar nos imóveis próximos? Só ficamos mais tranquilos por volta das 7h30, quando a polícia liberou o trânsito na avenida”, comenta o auxiliar de manutenção, Cleber Araújo Filho.
Já a moradora da avenida, Ana Luizeto, relata que mesmo sem saber que a ação da polícia era para retirar um explosivo da pilastra, a situação a deixou apreensiva. “Não vi quase nada. Foi muito cedo. Somente quando fui sair para comprar pão, percebi a presença dos policiais, inclusive com metralhadoras. Um deles estava no meu portão e não me deixou sair, pediu que eu voltasse para dentro de casa. Perguntei o que estava acontecendo e ele me falou que tinham ‘desovado’ um corpo na avenida. Fiquei assustada, vi que eram muitos policiais. Tenho medo de quando inaugurar esse transporte, a segurança da região já é péssima e esta piorando com as obras”, destacou Ana.
Outro residente da via também relata a insegurança no trecho. “Nem sabia que tinha sido um explosivo. Os policiais não deixavam a gente sair de casa, então não dava para ver nada. E como a região sempre tem carros e corpos sendo ‘desovados’, já estamos acostumados com tanta polícia por aqui. O que me chama a atenção é que essa obra não tem segurança, durante todo o dia vemos usuários de drogas perto das pilastras, assim como pessoas pegando ferros e fios para vender”, completa Amauri Peruyoshi.
O caso foi levado para o 70º Distrito Policial – Vila Ema e encaminhado para a Delegacia de Polícia do Metropolitano, que irá investigar a situação. A versão oficial é que os artefatos não seriam explosivos e que quatro homens não identificados teriam colado os objetos na pilastra do monotrilho. Eles teriam fugiram ao avistar a presença de um vigilante da obra, que acionou a Polícia Militar imediatamente.
Questionada sobre o caso, a Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô informou, por telefone, que manterá a mesma segurança na obra e ressaltou que o problema ocorreu em área externa, cabendo à polícia evitar que crimes aconteçam.
Falta de segurança
Esta não é a primeira vez que a falta de segurança na obra fica visível. Em janeiro a Folha relatou que várias pilastras do monotrilho foram pichadas da noite para o dia, sem que os vândalos fossem coibidos. A ação voltou a se repetir em março, quando uma viga no alto da obra, próximo à estação Vila Prudente, também foi pichada. Nas duas ocasiões, o Metrô destacou que a limpeza seria providenciada e que mesmo com todas as medidas de seguranças tomadas, atos de vandalismo e de pichação podem fugir do controle da vigilância.