O pré-candidato do PT ao Governo do Estado de São Paulo, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, esteve na Vila Prudente na manhã de ontem para participar de encontro com lideranças locais do partido. Antes do evento, realizado no salão do Círculo de Trabalhadores Cristãos, ele concedeu entrevista exclusiva à Folha e falou sobre a crise hídrica que atinge São Paulo. Questionado também sobre as greves e paralisações que vêm ocorrendo em série, ontem mesmo metroviários e agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) resolveram cruzar os braços criando mais um dia de caos na cidade, Padilha afirmou que são situações típicas de ano eleitoral.
“Teremos eleições nacional e estadual e vários grupos aproveitam para pressionar, como fizeram os professores municipais e agora, os metroviários com o governo estadual. Além dessas reivindicações mais aparentes, porque paralisam serviços, também é grande a movimentação de empresários e de outros setores econômicos para conseguirem reuniões no Congresso Nacional”, comenta. “O que é abominável é o ataque desrespeitoso às pessoas que vêm ocorrendo nestas situações, além da violência contra o patrimônio público e privado”, destaca Padilha. “Existe um conjunto de grupos de vários segmentos políticos que não aceita a hipótese do PT governar o Brasil por mais quatro anos. Não acreditavam na eleição do Lula e depois na reeleição, também não acreditavam na Dilma, a primeira mulher na presidência, e agora, não aceitam a reeleição. Estou assustado com a violência dos comentários que vemos em redes sociais”, completa o pré-candidato.
A grave crise hídrica que atinge São Paulo foi o assunto dominante da conversa. “É verdade que estamos enfrentando uma grande seca, como alega o governo estadual, mas, é verdade também que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) não fez os investimentos necessários. O Sistema Cantareira é um conjunto de seis represas, que totalizam mais de 900 milhões de m³ de água, não seca por causa de cinco ou seis meses sem chuva. Nesta semana mesmo anunciaram que o volume útil chegou a zero nas duas principais represas, agora só trabalham com o volume morto, o que é uma prática ambiental preocupante para o futuro das próprias represas”, argumentou. “Quem vive no Nordeste e convive com a seca, sabe que nem um açude seca em seis meses”.
Padilha defendeu que não está explorando politicamente a questão. “Há quatro anos, durante a campanha eleitoral para o governo, o nosso candidato na época (Aloizio Mercadante) já apontava a crise na água. E nesse período todo, a Sabesp não conseguiu diminuir o desperdício (no trajeto entre as represas e as torneiras) ou fazer obras para ampliar a captação de outros sistemas”, comenta. “A gestão da Sabesp não pode lucrar R$ 2 bilhões por ano e distribuir entre os seus acionistas. Se tivesse investido em obras que precisavam ser feitas, não estaríamos nessa crise”, completou.
Questionado se o governador Geraldo Alckmin (PSDB) errou ao não decretar o racionamento de água e se for eleito, adotará a medida, alegou que só poderá responder a questão a partir de janeiro de 2015. “Só em janeiro dará para saber o que pode ser feito, porque falta transparência nas informações que estão sendo divulgadas”. Uma das ações que pretende adotar se eleito, é incentivar a redução de impostos para empresários que implantarem o sistema de captação de água da chuva para reuso. “Não adianta fazer programas de bonificação apenas no momento da crise”, destaca.
Por fim, o pré-candidato afirmou que o monotrilho que está sendo implantado ao longo da avenida Anhaia Mello é um “sistema complementar, que não substitui o metrô”. “Isso não ocorre em nenhum lugar do mundo”, argumentou. “Sabemos que vamos herdar a lerdeza da gestão do PSDB. Quatro anos atrás, a promessa era fazer 30 quilômetros de metrô e só entregaram seis até agora. Apesar de chamar Companhia do Metropolitano, não conseguiram sair dos limites da cidade de São Paulo”.