Durante todo o dia de ontem, parte dos funcionários da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô paralisou parcialmente as operações do transporte. Das cinco linhas da cidade, três amanheceram sem funcionar: 1-Azul, 2-Verde (que inclui as estações Vila Prudente e Tamanduateí) e a 3-Vermelha. O trânsito paulistano ficou bastante complicado. A dificuldade dos motoristas em meio aos engarrafamentos também foi grande porque agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) entraram em greve. Na noite de ontem, em assembléia, os metroviários decidiram continuar a paralisação hoje, dia 6. O Rodízio Municipal de Veículos foi novamente suspenso pela Prefeitura e não estará em vigor nesta sexta.
No final da tarde de ontem, em reunião de conciliação entre os metroviários e o Metrô, os trabalhadores solicitaram reajuste salarial de 12,2% e receberam a contraproposta de 8,7%, que não foi aceita. A desembargadora Rilma Hemetério, que mediava a audiência, determinou então que o sindicato garantisse o funcionamento do transporte em 100% nos horários de pico e 90% durante os demais períodos, e confirmou multa de R$ 100 mil por dia em caso de descumprimento, dando prazo de 24 horas para que os trabalhadores e a Companhia se manifestem novamente sobre o caso. Por volta das 19h a ordem ainda não havia sido obedecida e 28 das 63 estações de metrô permaneciam fechadas, inclusive Vila Prudente e Tamanduateí.
Apesar de a greve ter sido confirmada na noite de quarta-feira e da São Paulo Transportes (SPTrans) ter aumentado o número de ônibus nas ruas, muita gente encontrou problemas para ir ao trabalho. Na região, pontos de ônibus ficaram lotados durante todo o dia. “Tive que caminhar da Mooca à Vila Prudente para pegar condução. Moro em São Mateus e minha esposa trabalha em Osasco. Ela não teve como ir para o serviço e perdeu o dia”, comentou operador de máquinas Leandro Assis.
Situação parecida viveu a auxiliar de escritório Paula Martins Castro. “Moro na Vila Zelina e trabalho na Paulista. Demoro normalmente cerca de 30 minutos, entre caminhada e metrô para conseguir chegar à empresa. Hoje tive que ir de ônibus e levei duas horas. Saio às 15h e só estou chegando de volta na Vila Prudente agora (17h25). Amanhã, se a greve continuar, já avisei meu chefe que não irei trabalhar”, destacou Paula.
O que também gerou reclamações foi que na estação Vila Prudente do metrô, a passagem de pedestres na área externa estava bloqueada. “Eu sabia da greve e que a entrada estaria fechada. Mas interditar o caminho entre a rua Cavour e Anhaia Mello é um absurdo. A avenida está com a obra do monotrilho e não tem por onde as pessoas passarem a pé. Muita gente faz a interligação entre os ônibus cortando pela estação e hoje tiveram que se arriscar entre os veículos da Anhaia Mello”, ressaltou a estudante Carla Dias.
Servidores públicos municipais seguem com paralisação
Depois da greve dos professores municipais que durou 42 dias, outra paralisação de funcionários da Prefeitura já passa de uma semana. Parte dos servidores públicos, a maioria engenheiros, arquitetos e agentes do Controle de Zoonoses, está com os braços cruzados há 11 dias.
De acordo com os agentes de Zoonoses, eles recebem salário de R$ 755, inferior aos R$ 820 equivalentes ao salário mínimo estadual, valor pretendido pelos grevistas da categoria.
A Prefeitura afirma que segue negociando com os sindicatos da classe. Uma assembléia está definida para a próxima segunda-feira, dia 9, onde serão discutidas as contrapropostas da administração municipal e se a paralisação continua ou não.
Dengue aumenta
A greve dos agentes de Zoonoses acontece em meio à maior epidemia de Dengue em São Paulo. Cabe justamente aos trabalhadores o combate ao mosquito transmissor da doença. E o número de pessoas contaminadas aumentou de maneira alarmante neste período de paralisação. Até o último dia 28, São Paulo tinha 6.896 casos registrados e em uma semana, de acordo com levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, o número saltou 8.508 ocorrências. (Rafael Gonçalo)