O secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Ricardo Teixeira (PV), recebeu a reportagem da Folha na tarde da quarta-feira, dia 15, em seu gabinete. Ele afirmou que é defensor do parque na Mooca desde que soube da proposta da Folha de batalhar pela implantação da área verde no terreno de cerca de 100 mil m² entre as ruas Barão de Monte Santo e Vitoantonio Del Vechio, que por seis décadas abrigou depósitos de combustíveis da Esso e acabou contaminado. “Antes de ser vereador e secretário, sou morador da Mooca. Eu também quero esse parque para minha filha, minha neta, enfim, para minha família”, declarou.
Teixeira também se mostrou favorável à construção do Pólo Cultural com teatro para 256 espectadores no Parque Ecológico Lydia Natalízio Diogo, o popular Parque de Vila Prudente. Mas, a melhor notícia foi mesmo para a comunidade da Vila Ema, que pede um parque no terreno de mais de 16 mil m², na avenida Vila Ema esquina com a rua Batuns. O espaço, avaliado em R$ 11.845.067, abriga mais de 470 árvores, incluindo várias espécies nativas, mas, foi comprado por uma construtora que planejava erguer quatro torres residenciais que somariam mais de 380 apartamentos. O secretário afirmou que o espaço será desapropriado. “Já destinamos o recurso para pagar o valor do terreno. Agora entramos na etapa do chamamento do proprietário para fazer o acordo da compra”, anunciou.
Folha – Recentemente tivemos a notícia de que mesmo em processo de descontaminação, o antigo terreno da Esso na Mooca foi vendido para uma construtora. A comunidade pleiteia um parque no local, projeto também defendido pelo senhor enquanto era vereador. O senhor continua favorável à proposta?
Ricardo Teixeira – A venda do terreno é o que menos importa neste momento, porque enquanto não tiver a liberação da Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental), que faz o monitoramento da contaminação, a Prefeitura não pode decretar o terreno de utilidade pública, que é a primeira etapa para a desapropriação. Quando é decretada a utilidade pública, a Prefeitura tem cinco anos para pagar o terreno e o prazo para esse pagamento vai depender da lista de prioridades que temos na Secretaria. Hoje, somente para criação de parque, temos 86 áreas em processo de desapropriação. Então, a pressão da comunidade é decisiva. É importante colocar essa proposta do parque na Mooca no Plano Diretor que está sendo discutido. Vale também abaixo-assinado, mobilização pelo Facebook. Este parque é tão simbólico para a Mooca que eu acho difícil não vingar. O fato da Mooca ser um dos distritos com menos área verde por habitante é um dado da cidade, não tem como negar. Mais uma coisa, antes de ser vereador e secretário, eu sou morador da Mooca. Eu também quero esse parque para minha filha, minha neta, enfim, para minha família. Sou 200% a favor.
Folha – Existe projeto pronto na Secretaria de Cultura para implantação de um Pólo Cultural na área do Parque de Vila Prudente. Em março do ano passado, a Secretaria do Verde promoveu votação entre o Conselho Gestor do parque que terminou a favor do projeto. Na ocasião também foi entregue abaixo-assinado com mais de 2.200 adesões favoráveis. No entanto, desde então, a Secretaria do Verde não se manifestou mais sobre a questão.
Ricardo Teixeira – Na minha opinião, o primeiro passo é derrubar o muro que separa o parque do CDC e do Grupo de Escoteiros que existem no espaço. Aquilo parece Alemanha Oriental e Ocidental. Tudo aquilo é do parque e acima de tudo, da população. A partir do momento que existe o muro, você cria restrições e privilégios. Já conversei com o Celso Jatene (secretário municipal de Esportes), inclusive aqui mesmo na Secretaria e pedi para o CDC ser incorporado ao parque. Sobre a questão de ter um centro cultural no parque, tem tudo a ver. A proposta do prefeito Fernando Haddad é justamente levar as famílias para dentro dos parques. Então, agora vamos provocar um encontro com a Secretaria de Cultura para discutir o projeto e levantar o recurso. Se houver conflito, como ocorreu no passado, levamos todo o processo ao Ministério Público e não vejo motivo para o Ministério Público não ficar favorável ao projeto, não teria lógica. Enfim, é um novo governo que tem intenção semelhante ao que a comunidade quer e dentro da linha definida pelo prefeito: os parques têm que ser um quintal de cada cidadão paulista.
Folha – No final de abril, uma comissão pró-parque Vila Ema esteve aqui na Secretaria e ficou combinado que seria feito levantamento das compensações ambientais de grandes obras na região e a viabilidade de canalizar os recursos para o parque. Já existe alguma posição sobre este estudo?
Ricardo Teixeira – Já destinamos o recurso para pagar o valor do terreno. Agora entramos na etapa do chamamento do proprietário para fazer o acordo da compra e temos reservado os R$ 11 milhões de reais. Esse processo está encaminhado, mas, não quer dizer que é uma coisa que vai levar uma semana. Temos que chegar a um consenso, às vezes o proprietário não concorda e vai brigar na Justiça, então depositamos em juízo. A Secretaria vai passar a posicionar o jornal sobre todos os estágios desta questão daqui para frente, para vocês publicarem e informarem a comunidade. Vencida esta etapa da desapropriação, vira parque. Vamos chamar a comunidade para discutir o projeto e tocamos a obra. A população da Vila Ema também precisa muito daquele espaço e será parque. Parabéns a sociedade que brigou por isso, eu só estou dando o pontapé final.
Folha – No bairro do Jardim Independência existe o amplo terreno que no passado abrigou a fábrica da Linhas Corrente. Parte do espaço foi desapropriado pelo Estado para construção do pátio do monotrilho. O restante do terreno, que abriga inclusive um bosque, foi decretado de utilidade pública pela Prefeitura, no governo passado, com a promessa de implantar um parque. A atual gestão pretende dar andamento à proposta?
Ricardo Teixeira – Esse terreno tinha 180 mil m², o Metrô levou quase a metade. Agora tem 89 mil m² sobrando o que a princípio será parque. Eu digo a princípio porque ainda há controvérsias sobre um parque neste terreno. Vai ter o da Vila Ema, já estamos brigando pelo da Mooca, realmente precisa deste terceiro espaço? Esta Secretaria ainda não chegou a conclusão se continuaremos com o DUP (Decreto de Utilidade Pública) ou não. Podemos levantar ainda se há interesse de outra secretaria, como Habitação, por cauda da proximidade ao monotrilho. Então esse terreno ainda é uma interrogação.
Folha – Qual será o destino da área verde na Mooca que pertencia ao INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) e por 60 anos foi utilizada pela comunidade dos condomínios do IAPI como parque, mas, após o leilão do terreno, o novo proprietário trancou o espaço e quer construir um edifício?
Ricardo Teixeira – Para essa área já saiu o DUP. Só que para ser aqui pela Secretaria o terreno teria que ter mais 5 mil m² e lá tem 4.900 mil m², então a Subprefeitura Mooca fez o projeto de praça e sugeriu a desapropriação. Agora é aguardar os trâmites e enquanto tem a DUP, o novo dono não pode mexer no espaço.
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