Francisco dos Santos, de 72 anos, vive mais um capítulo do descaso da saúde pública no país. Em dezembro, a prótese implantada entre sua perna e o quadril descolou e ele foi levado ao hospital estadual de Vila Alpina, onde, após ficar três dias internado à espera de cirurgia, foi parar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por conta de uma crise renal crônica. Recebeu alta somente 25 dias depois, ainda sem resolver o problema da prótese. Ainda com dores, Santos foi levado no início de fevereiro ao hospital municipal do Servidor Público, na Liberdade, onde foi informado que seria necessária a colocação de uma nova prótese. Passados quase três meses, o aposentado segue em casa agonizando de dor e à espera da cirurgia.
“O osso da perna desgastou e agora ele precisa de uma nova prótese. Desde dezembro estamos correndo atrás disso e nem a data da cirurgia foi marcada. Ele não consegue mais levantar da cama. O levamos para o pronto-socorro, onde toma injeção e volta pra casa. Isso é paliativo!”, comenta a filha Amanda Karla dos Santos.
Além da demora para a operação, a família está revoltada com o atendimento do hospital de Vila Alpina. “Ele chegou com deslocamento da prótese, ficou três dias em jejum para a cirurgia, não operou e ainda foi parar na UTI por conta de uma crise renal crônica”, relata Amanda. A filha do aposentado explica ainda que o pai recebeu alta do Vila Alpina bastante debilitado e com a informação de que a prótese tinha voltado ao lugar.
“Ele ficou 22 dias na UTI. Nesse período contraiu diversas infecções. Recebeu alta usando sonda, com dores e os médicos informaram que a prótese tinha voltado ao local sozinha. No início de fevereiro, passamos por consulta no hospital do Servidor Público, com o ortopedista que implantou a prótese nove anos atrás, e para nossa surpresa, ele informou que a prótese permanecia deslocada e seria necessário colocar uma nova”, ressalta Amanda.
Agora, a agonia da família é por causa da cirurgia que não é agendada. “Já corremos atrás da Secretaria Municipal de Saúde, de políticos e ninguém resolve a situação. Meu pai era servidor público com 35 anos de contribuição, não merecia este descaso de ter que ficar gritando de dor em casa por meses”, completa a filha.
Vila Alpina rebate e Secretaria não se posiciona
Por meio da assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde, o hospital estadual de Vila Alpina alegou que o paciente deu entrada com diagnóstico de luxação de prótese de quadril e que não foi verificada a necessidade de uma cirurgia para recolocação da mesma. A unidade afirma ainda que Santos permaneceu internado, inclusive na UTI, por conta de exames apontarem um quadro clínico de insuficiência renal e doença pulmonar crônica e broncopneumonia. Para finalizar, foi ressaltado que o paciente recebeu alta após mostrar evolução no quadro de luxação, sendo a família orientada a procurar o especialista responsável pela implantação da prótese, para ele avaliar a possibilidade de troca da mesma.
A reportagem também vem questionando há três semanas, a Secretaria Municipal de Saúde sobre a demora para realização da cirurgia, mas até o fechamento desta edição o órgão não se pronunciou.