Inaugurada em 1892 e um dos símbolos do crescimento industrial da Mooca e da cidade, a antiga fábrica de cervejas da Antarctica, na avenida Presidente Wilson, passa por processo de tombamento histórico. Desativado desde 1995, o enorme espaço está ocioso desde então. Porém, em 2010 a área foi vendida para um grupo de investidores moradores do bairro, que busca entendimento com o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), sobre o que deve ser mantido no terreno. A ideia dos novos proprietários é de preservar a história e construir na área um complexo cultural, comercial e um hotel.
Nesta semana o arquiteto responsável pelo projeto, Glauco Delogu Benavente, recebeu a reportagem da Folha no amplo terreno para apresentar as propostas do grupo. “Este local é muito importante para São Paulo. O nosso projeto agradou a Conpresp. Queremos manter os prédios históricos do terreno, que têm uma arquitetura fantástica. Vamos negociar com os responsáveis para trazer para cá também os museus da cerveja, ferroviário e da indústria. Também pretendemos fazer duas praças no complexo, que será totalmente aberto ao público”, destaca Benavente.
Para viabilizar a preservação da área, o arquiteto ressalta a necessidade de construir um hotel. “A ideia é de um complexo comercial com lojas de serviços essenciais para a população vizinha, um complexo cultural, com cinema, teatro e oficinas de arte, restaurantes e até uma livraria. Mas para que tudo isso seja viável é necessária a construção de um hotel com um centro de eventos, que atrairá grande público ao local. Não seriamos responsáveis pela construção e sim uma bandeira com renome na rede hoteleira, que ainda não temos definido”, comenta Benavente.
O arquiteto garante que os prédios históricos não sofrerão com as obras. “O que teremos que derrubar para a construção do hotel e do complexo são galpões e puxadinhos do terreno que não têm importância para a história. A torre, o prédio de tijolinhos, o prédio central e o imóvel que servia de sede do grêmio da Antarctica serão mantidos. Tudo isso está sendo apresentado ao Conpresp. Como morador da Mooca tenho verdadeira paixão por este lugar e também não gostaria de ver tudo ir ao chão. E, além do mais, a ideia é mostrar esta história para a população. O complexo será aberto para a comunidade 24 horas por dia. Também queremos negociar com a CPTM para a construção de uma passarela ligando esta área com o outro lado da linha de trem”, afirma o arquiteto.
Para finalizar, Benavente garante que os prédios não correm risco de desabamento. “Alguns problemas existem, já que estes imóveis ficaram anos expostos aos maus-tratos do tempo. Mas, nada que não dê para ser resolvido. A construção centenária destes imóveis é fantástica e muito resistente, com paredes grossas e fortes. O que tem que ser reparado são janelas, telhados e outras coisas que com a chuva e o vento acabam sendo prejudicadas. Mas fizemos um estudo e constatamos que é possível a preservação do local sem riscos”, completa o arquiteto, explicando que a obra no local ainda não tem previsão de início e término. “O que tem que ser resolvido é a conclusão do processo de tombamento para determinar realmente o que não pode ser alterado. E estamos analisando tudo com muita calma junto ao Conpresp para que nada seja feito às pressas”.
História
Apesar de ficar conhecida por abrigar a Antarctica por mais de 70 anos, entre as décadas de 20 e 90, a fábrica na avenida Presidente Wilson foi inaugurada oficialmente em 1892 pela cervejaria Bavária.
Porém, em 1904, a Antarctica, que ficava localizada em um terreno na rua Turiassu, na zona oeste, comprou a Bavária. Em 1920, 16 anos depois, com a venda de seu imóvel para a Sociedade Esportiva Palmeiras, para a construção de um estádio de futebol, a Antarctica começou a utilizar a fábrica da avenida Presidente Wilson para a produção de suas cervejas e refrigerantes. E foi a partir daí que a marca não parou de crescer.
Em 1961, a Antarctica comprou a cervejaria mais antiga do Brasil, a Bohemia. Em 1979 a marca passou ser exportada para o mundo inteiro. Entretanto, a crise financeira vivida no país no início dos anos 90 acarretou no fechamento da fábrica na Mooca em 1995 e em outros problemas para empresa, que perdeu força e se viu obrigada a assinar uma fusão com a Brahma e criar assim, em 2000, a marca Ambev.
Já desativada, a fábrica sofreu um incêndio em 2003, quando funcionários de uma empresa contratada retiravam equipamentos do terreno e acabaram atingindo com um maçarico um botijão de gás que explodiu. O Corpo de Bombeiros teve bastante trabalho para conter as chamas, que foram controladas horas depois. A ação resultou na morte de um bombeiro.
😆 Adorei essa idéia e dou todo o meu apoio, parabéns pela reportagem!
Fico feliz….. 😆
🙂 Seria otimo se voltasse há produzir bebidas daria muito mas lucro do que hotel e lojas, isto porque brasileiro adora cerveja e refrigerante.
😀 Morei perto desse prédio por dezesseis anos, Dava gosto de ver tudo isso funcionando a pleno vapor. Concordo que deve ser uma area de lazer, pois na Mooca nem cinema temos. O ùnico teatro ( Av. Paes de Barros ) esta fechado para reformas.
Olá, por favor se alguém tiver o contato dos proprietarios do terreno da antiga fabrica me mande no e-mail ( lucasliandrocorrea@hotmail.com ), preciso urgente entrar em contato com ele.
Att, Lucas
😀 Ótima notícia, tenho ido para o bairro do Ipiranga e sempre fico olhando o prédio da janela da CPTM, imaginando como era antigamente. Como seria bom se todos os prédios antigos da cidade tivessem esse retorno. É a nossa história também, de nossos antepassados, pessoas que ajudaram a grandeza de São Paulo.
O Truman Brewery – http://www.trumanbrewery.com/ – passou por um processo bem similar nos anos 90…
Ola! sou produtora cultural e tenho projetos legais para aplicar no espaco. COnseguiria me ajuda como contato dos responsaveis?
Muito obrigada