Como já era esperado, o trânsito na região da Vila Prudente foi caótico na manhã da última segunda-feira, dia 25, e a situação prosseguiu desta forma nas manhãs seguintes. Com a desativação do terminal de ônibus no sábado, dia 23, para utilização do espaço para obras do monotrilho, a fila de veículos para cruzar a Anhaia Mello pela rua Ibitirama era quilométrica no primeiro dia útil após a mudança. Para piorar, a parada alternativa criada para os ônibus do Expresso Tiradentes mais atrapalhou do que ajudou. Como uma pista da Ibitirama entre a Anhaia Mello e a Cavour está interditada, também para as obras do monotrilho, muitos motoristas de ônibus, que são sanfonados, tiveram que manobrar para entrar na nova parada, bloqueando o trânsito na via. Somando isto com as interdições dos cruzamentos da avenida – na Vila Prudente apenas a Ibitirama e a Maria Daffré cruzam a Anhaia Mello no sentido Centro – os motoristas ficaram presos em um enorme congestionamento na região.
“Na manhã da segunda demorei quase uma hora para andar cerca de dois quilômetros na Ibitirama. Normalmente faço esse trajeto em 20 minutos. Fui pego de surpresa e cheguei atrasado no serviço. Fiquei revoltado quando vi um agente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) na esquina da Anhaia Mello, ordenando que os motoristas da Ibitirama esperassem, mesmo com o farol aberto, para os ônibus manobrarem para entrar na Cavour. Os órgãos responsáveis não contam com nenhum engenheiro capacitado para saber que tal situação iria parar o trânsito?”, comenta o morador da Vila Bela, Nilton Boile Dias.
Outra reclamação foi quanto ao aumento no número de ônibus circulando na rua Ibitirama entre a Anhaia Mello e o largo de Vila Prudente. “Com o terminal desativado, a maioria dos coletivos segue direto pela Ibitirama, só que o problema é que os passageiros também foram para os pontos da Ibitirama, então os ônibus ficam parados na via por um bom tempo para as pessoas subirem. Eu trabalho na Paulista e utilizo o metrô, só que moro na Vila Califórnia, então vou de carro até a estação, mas, do jeito que está, estou pensando seriamente em ir de automóvel até o serviço. Vou demorar menos tempo cortando por São Caetano do que chegando até a estação Vila Prudente”, ressalta a gerente comercial Solange Medeiros Carvix.
Para o advogado Marco Vinicius Soares, os transtornos causados pela obra do monotrilho não compensam os benefícios prometidos. “Uma cidade decente tem que ter transporte público de qualidade, mas, com essas interdições na Anhaia Mello a situação de quem mora na Vila Prudente e nos bairros vizinhos ficou insuportável. Você não tem opção para fugir do trânsito. E não adianta falar para abandonar o carro e andar de transporte público. Se todos os motoristas da região resolvessem ir ao trabalho de metrô ou de ônibus, estes transportes não suportariam a demanda. Eles já vivem superlotados, imagine se o número de passageiros triplicasse. Sou a favor de diminuir a poluição, mas, no mundo de hoje, os carros ainda são essenciais para o funcionamento da cidade, porém, parece que os órgãos competentes não estão nem aí com o trânsito aumentando cada vez mais”, completa Soares.
A reportagem questionou a Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô, a CET e a São Paulo Transportes (SPTrans) sobre a situação. Como resposta, o Metrô afirmou que a desativação do terminal e a criação da alternativa na Cavour foram feitas pela CET e pela SPTrans. Já o órgão de trânsito e o de ônibus não se posicionaram até o fechamento desta edição.
O Metrô ressaltou ainda que “no local do antigo terminal de ônibus será construído um novo (Terminal Norte) que, em conjunto com o Terminal Central (que ficará sob a estação Vila Prudente do monotrilho) e o Terminal Sul, ampliarão em muito a capacidade de linhas de ônibus na região da Vila Prudente”.
Usuários também reclamam da mudança
Não foram somente os motoristas que tiveram transtornos com a desativação do Terminal Vila Prudente de ônibus. Os usuários do transporte também estão insatisfeitos. A maioria dos passageiros, agora, tem que se espremer nos pontos da Ibitirama e da Anhaia Mello.
“Quem pegava os ônibus que vão para o Centro tem que ficar no ponto da Ibitirama (na altura do número 285). O problema é que a parada conta apenas com um poste, não tem assentos ou cobertura. Resultado: filas enormes de pessoas em pé e ao relento esperando para pegar o ônibus”, destaca a usuária Denise Cortez Araújo.
No ponto da avenida Anhaia Mello, próximo a rua Ibitirama, sentido bairro, a situação não é muito diferente.
“Antes você ficava no terminal esperando o ônibus. Agora todo mundo tem que ir para a Anhaia Mello. O ponto tem cobertura e assento, mas é pequeno para tamanho número de passageiros. A maioria fica em pé e no vento mesmo. O terminal era uma alternativa necessária para a qualidade do atendimento aos usuários”, ressalta a passageira Julieta de Castro.