Desde a segunda-feira, dia 5, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) passou a aplicar multas aos caminhoneiros que circulam em grandes vias da capital de segunda a sexta das 5 às 9h e das 17 às 22h e aos sábados das 10 às 14h. A lei municipal foi aprovada em novembro e passou a vigorar, de forma educativa, em dezembro. Entre as vias onde valem a nova regra, estão a Marginal Tietê e as avenidas do Estado, Salim Farah Maluf, Anhaia Mello e Paes de Barros. Quem descumprir a legislação recebe multa de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira nacional de habilitação.
A restrição faz parte de um conjunto de medidas que a Prefeitura tem implantado com o objetivo de reduzir as ocorrências envolvendo caminhões e que geram interferências no sistema viário nos horários mais críticos.
A nova lei vem gerando protestos de caminhoneiros desde sua aprovação (leia abaixo) e por conta disso a aplicação de multas foi adiada para esse mês, o que segundo a Secretaria Municipal de Transportes, foi tempo suficiente para os motoristas se adaptarem.
Apesar das críticas por parte dos condutores de caminhões e dos sindicatos, a maioria da população vê a regra com bons olhos. “Em outras cidades a mesma lei funcionou. Facilitou a vida dos motoristas e também a dos caminhoneiros, que carregam e descarregam em horários com menos trânsito. O que tem que ficar claro é que essa não é a solução definitiva para o trânsito em São Paulo, mas é uma forma de minimizá-lo”, comentou o engenheiro Carlos Eduardo Piqueti.
Durante toda a semana a reportagem acompanhou que principalmente no horário de pico da manhã, onde os congestionamentos na região eram frequentes, as avenidas Anhaia Mello e Salim Farah Maluf estavam com trânsito bastante livre. Já das 17h às 22h, o tráfego nas vias ainda continua intenso, mas com melhor fluidez. “Nesta semana finalmente voltei a utilizar a Anhaia Mello para ir ao meu serviço no Ipiranga e foi uma beleza. Em menos de 15 minutos estava lá. Dizem que a restrição criou outros horários de pico em São Paulo, entre às 9h e 17h e depois das 22h, mas o trânsito nestes períodos prejudica bem menos motoristas. A maioria já está em seu empregou ou já chegou em casa”, ressalta a moradora do Parque São Lucas, Cristina Roberti Costa.
Liberados
Os caminhões das seguintes categorias estão isentos da proibição: Veículos Urbanas de Cargas (VUCs); urgência; socorro mecânico de emergência; cobertura jornalística; obras e serviços de emergência; Correios; acesso a estacionamento próprio; e sinalização de trânsito emergencial.
Greve deixa postos sem combustíveis
Assim que as multas da nova restrição de circulação começaram a ser aplicadas, na segunda-feira, dia 5, os motoristas de caminhões tanques entraram em greve em protesto a proibição. O movimento foi apoiado pelo Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos do Estado de São Paulo (Sindicam-SP) e pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Carga (Setcesp). Com isso, os postos de combustíveis da capital e da Grande São Paulo começaram a sofrer com o desabastecimento. Em alguns casos, caminhoneiros que tentaram abastecer nas usinas foram agredidos e tiveram seus caminhões danificados.
Já na terça-feira, grande parte dos postos não tinha mais combustíveis. Em alguns estabelecimentos que ainda possuíam estoque, gerentes e proprietários foram detidos pela polícia por crime contra economia, pelo aumento abusivo dos preços – nos Jardins um posto chegou a cobrar R$ 5 pelo litro de gasolina. Na noite da terça, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou o fim da greve e multa diária de R$ 1 milhão para os sindicatos, caso a decisão fosse descumprida.
A paralisação não pegou apenas os motoristas de surpresa. “Ninguém nos avisou da greve. Só fiquei sabendo na tarde de segunda, quando meus caminhões foram proibidos de abastecer. Se não querem trabalhar tudo bem, mas não podiam ter proibido ninguém de abastecer. Passei dois dias sem combustível e vou ter que ficar com este prejuízo”, comenta o dono de uma rede postos, Laerte Freitas.
Quem também reclamou foi o gerente de um posto na avenida Vila Ema, Carlos Henrique Fernandes. “Não sabia que iam parar. A gasolina comum acabou aqui às 12h da terça, a gasolina aditivada às 14h e o etanol às 17h. Passamos a quarta fazendo faxina no posto. Ainda nesta quinta (ontem) chega a gasolina e amanhã (sexta) o etanol. Tivemos um prejuízo de cerca de 7% do lucro mensal do posto”, ressaltou Fernandes.
De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), a situação dos postos só deve ser totalmente normalizada na próxima semana.
Nessa eu vou ter que reconhecer:
Parabéns ao prefeito Kassab por não ter cedido às chantegens dos caminhoneiros e implantado essa restrição em São Paulo, coisa que já existe em grandes metrópoles do mundo.
A restrição precisa aumentar e ser como em Nova York, onde os caminhoneiros só podem circular no horário noturno.