Celso Russomanno acredita ser o nome ideal para a prefeitura

O jornalista, advogado e ex-deputado federal Celso Russomanno (PRB), 55 anos, que postula sua candidatura a prefeito de São Paulo, esteve no Círculo de Trabalhadores Cristãos de Vila Prudente no último dia 24, ocasião em que concedeu entrevista exclusiva à Folha. O político, especialista em Defesa do Consumidor, tem entre suas principais propostas moralizar o serviço público e ser mais rigoroso na averiguação de supostos casos de corrupção. Ele também pretende valorizar o funcionalismo público. “Pagaremos mais, mas, ao mesmo tempo, cobraremos qualidade e resultado dos funcionários da Prefeitura”, ressaltou.

Questionado sobre o motivo que o levou a pleitear o cargo de prefeito, Russomanno afirmou que seus quatro mandatos (1995-2011) como deputado federal, resultaram em grande experiência para ser implantada no executivo. “Como deputado podemos legislar, mas não conseguimos tocar, executar nossas ideias. Para fazer as coisas acontecerem é preciso estar no executivo”, justificou.

O ex-deputado, que em 2010 foi candidato ao Governo do Estado pelo PP e terminou a disputa em terceiro lugar, atualmente lidera as pesquisas de intenção de voto e para essa situação se concretizar nas urnas em outubro, afirma que trabalhará bastante com o perfil de “xerife do cidadão”. “Sou um político diferenciado, que abomino qualquer tipo de corrupção e trabalho para o povo, penso apenas nas pessoas e na cidadania. Deve ser por isso que tenho essa aceitação”, acredita. Confira alguns trechos da entrevista:

Folha – Se eleito, como o senhor pretende tratar as 31 subprefeituras da capital?

Celso Russomanno – Primeiro acredito que o poder deve ser descentralizado. Precisamos delegar mais competências às subprefeituras, além de cobrar resultados. Sou a favor que o subprefeito ocupe um cargo de confiança, mas ele deve ser um bom técnico operacional, que saiba fazer a unidade funcionar. A cidade é muito grande e apenas o prefeito não tem como fiscalizar e executar. É necessária a presença do prefeito em cada uma dessas SUBs e isso se dará através do subprefeito.

Folha – Uma das principais bandeiras defendidas pelo jornal é a urbanização da favela de Vila Prudente. Qual é a idéia do senhor sobre isso?

Celso Russomanno – Participei de um trabalho de urbanização de favelas no Rio de Janeiro, o qual foi muito positivo. Primeiro para intervir e modificar uma favela é preciso identificar as pessoas da comunidade. Com o auxílio da Defensoria Pública, oficiais de cartórios, sindicatos de Arquitetura e Engenharia, entre outros órgãos, identificamos quem mora na comunidade, fazemos um cadastro e a medição de cada moradia. Depois disso emitimos um documento de posse, o qual vai garantir a moradia das pessoas cadastradas. Têm direito a essa declaração as pessoas que residem há mais de cinco anos no local. Depois disso podemos fazer as desapropriações necessárias para construir ruas, implantar o saneamento básico, entre outras coisas. Quem for afetado por essas desapropriações terá o direito de outra moradia oferecida pela Prefeitura. Se eleito, não quero mais ver favelas em São Paulo. Essas pessoas têm o direito de ter habitações dignas e, principalmente, cidadania.

Folha – Atualmente é visível o despreparo da cidade com as pessoas da terceira idade. Quais são os seus planos para essa população?

Celso Russomanno – Pretendo investir na construção de centros de convivência, onde os idosos terão acesso ao lazer, entretenimento, cultura, saúde, além de muitas outras coisas. Nesses locais as pessoas poderão realizar atividades físicas nas academias, dançar, jogar, acompanhar palestras e demais atividades. Atualmente os hospitais estão sobrecarregados, principalmente de idosos, porque essa população não tem qualidade de vida. Se investirmos em programas como esse, o qual previne muitas doenças, aliviaremos os hospitais.

Folha – Um dos pontos fracos da nossa sociedade é a segurança pública. O que o senhor fará para melhorar essa situação?

Celso Russomanno – Minha intenção é adotar práticas similares às de cidades com baixo nível de violência, como em São Caetano do Sul. Faremos convênios com a Polícia Militar e com a Polícia Civil, oferecendo gratificações mensais para os policiais que atuam no município, que são mal remunerados. Será um incentivo adicional para que tenham melhores resultados. Mas, quem for pego em algum ato irregular, de corrupção sobretudo, perderá essa gratificação e terá que sair da cidade. Atuará em outra região. Além disso, pretendo investir na Guarda Civil Metropolitana, hoje bastante desestimulada. Vamos valorizar esses guardas com cursos, oficinas, melhoria de material, equipamentos e remuneração, além de aumentar o efetivo. Outra forma de melhorar a segurança é investindo na iluminação pública e no monitoramento com câmeras de pontos críticos.

Folha – Como o senhor almeja estimular o funcionalismo público e, consequentemente, melhorar o serviço oferecido pela Prefeitura?

Celso Russomanno – Para melhorar a qualidade dos serviços é necessário pagar bem os funcionários da Prefeitura. Iremos melhorar o salário, mas ao mesmo tempo iremos cobrar o retorno em qualidade. Pagando bem conseguimos atrair boas cabeças. Hoje em dia a maioria das pessoas não se interessa em trabalhar para a Prefeitura, pois sabe que a remuneração não é atraente e compatível. A idéia é valorizar, mas cobrar o bom serviço.

Folha – O orçamento da cidade será compatível com as propostas que pretende implantar?

Celso Russomanno – A cidade possui R$ 38 bilhões de orçamento. Dinheiro não falta. O que falta é vontade política e isso eu tenho de sobra.