É de conhecimento de moradores e comerciantes da Fazenda da Juta que a área é perigosa e conta com alto índice de criminalidade. Segundo estatística divulgada no site da Secretaria de Segurança Pública do Estado, somente no primeiro semestre deste ano, foram registrados cerca de 1.500 casos de furtos e roubos no 69º Distrito Policial – Teotônio Vilela, que é responsável pela parte do bairro localizada na avenida Sapopemba. De acordo com a população, os alvos prediletos dos criminosos são os estabelecimentos localizados entre os números 12.000 e 12.300 da via. Somente um posto de combustíveis instalado no trecho foi assaltado 22 vezes de fevereiro para cá, sendo seis crimes em julho e outros dois já neste mês de agosto.
“Fomos roubados na última quarta-feira (dia 27), no sábado (dia 30) e na segunda-feira (dia 1º). São sempre os mesmos ladrões que agem aqui. E sempre da mesma forma. Eles andam em duplas ou sozinhos e chegam a pé no posto. Sacam as armas e ameaçam os funcionários. Só o que é levado por mês por esses deliquentes daria para pagar dois empregados. Alguns frentistas e caixas já desistiram de trabalhar no posto com medo de tantos crimes”, comenta o gerente do estabelecimento, que preferiu se identificar apenas como Carlos.
O que mais gera a revolta do funcionário é a proximidade do posto com a sede do Comando de Policiamento de Área Metropolitano (CPAM-9), da Polícia Militar. “A base da PM fica a
Outro comerciante do trecho, que preferiu não ter seu nome divulgado, acredita que a situação tende a piorar. “São assaltos quase que diários. Sempre tem um estabelecimento roubado. Já cansamos de fazer boletim de ocorrência e a polícia não investigar, nem sequer ‘dão as caras’. Cada vez fica pior. Antes levavam somente dinheiro, agora, quando não encontram um valor alto nos caixas, levam equipamentos e até produtos. Só quero ver na hora que um dos comerciantes se cansar e colocar um segurança armado no estabelecimento e este acabar matando um dos criminosos. Aí a polícia vai aparecer”, comenta o comerciante indignado.
Quem trabalha no trecho acredita que a única saída émudar de ponto. “Cansamos de fazer boletim de ocorrência e nada acontecer. Na maioria dos crimes nem fazemos mais B.O.s. Esta situação já vem de anos e mesmo assim os assaltos são cada vez mais frequentes. Alguns estabelecimentos só têm prejuízo por conta dos constantes roubos e os proprietários já pensam até em fechar as lojas e mudar”, completa o empregado de uma loja que, com medo de represálias, também preferiu não se identificar. “Apesar de termos a sede do comando da Polícia Militar e uma delegacia num raio de menos de um quilômetro, a Fazenda da Juta virou uma terra sem lei, onde o que manda é o poder da arma de fogo”, completa.
Antes do fechamento da matéria, a reportagem foi informada que o posto de combustíveis foi mais uma vez assaltado na quarta-feira, dia 3. Só que desta vez o crime ocorreu no período da tarde, por volta das 14h30, e um funcionário do estabelecimento foi agredido pelos assaltantes, que fugiram levando R$ 80.
A Secretaria de Segurança Pública informou que, segundo o delegado Ruy Marchesan, titular da 8º Seccional – Leste, responsável pelo 69º Distrito Policial, há uma operação em andamento para identificar os grupos que agem na região. Foi ressaltado ainda que é de conhecimento da Polícia Civil que a grande maioria dos infratores são adolescentes, que ao cometerem o crime fogem para as favelas das proximidades.
A reportagem também questionou o CPAM-9, da PM, sobre os crimes ocorridos no trecho da avenida Sapopemba, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.