A Secretaria de Estado da Cultura realizou na manhã da quarta-feira, dia 23, no auditório da Estação Pinacoteca, na Luz, a apresentação do projeto do novo Memorial do Imigrante, na Mooca, que desde o início do ano passa por obras de restauro estrutural. O evento foi dirigido pelo secretário Andréa Matarazzo, que fez questão de responder pessoalmente as dúvidas dos membros dos diversos grupos étnicos presentes.
O novo projeto museológico, moderno e interativo, inclui a restauração das fachadas, recuperação de áreas internas dos edifícios e dos jardins do complexo que passará a contar com acessibilidade universal e recursos de sustentabilidade ambiental. Os trabalhos prevêem também a criação de áreas adequadas para exposições temporárias, um moderno centro de pesquisa e referência, entre outros espaços, como biblioteca, auditório e salas de reunião.
Segundo a Secretaria, as obras no local são necessárias para que o propósito da unidade – resgatar, preservar e divulgar a história da imigração no território paulista – possa ser cumprido com maior qualidade, segurança e garantindo o mais amplo acesso ao público visitante. “O Memorial permanecerá fechado até dezembro, mas, assim que aberto, os visitantes ganharão um espaço revitalizado, moderno e eficiente”, afirmou o secretário, que garantiu que manterá a tradicional Festa dos Imigrantes, que já chegou a reunir público de cerca de 20 mil pessoas por edição. “Asseguro que este evento será mantido e com a participação da comunidade. Não podemos mexer no que está dando certo”, prometeu.
Quanto à troca de gestão no Memorial – desde o final do ano passado o Instituo da Arte do Futebol Brasileiro é o novo responsável pelo espaço, que durante cinco anos foi administrado pelo Instituto de Museus, Memórias e Identidades (IMMI); o secretário afirmou que foi uma decisão administrativa. “Entendemos que era necessário realizar a troca, abrimos uma licitação e o atual gestor apresentou uma proposta que nos agradou”, justificou desmentindo as denúncias de que agiu em represália à negação da antiga gestão em contar com alguns conselheiros escolhidos por ele. “Quem escolhe o conselho são os membros da comunidade e não o Governo”, afirmou.
Outro assunto bastante discutido foi a destinação do acervo documental do Memorial, que hoje se encontra no Arquivo do Estado de São Paulo. “Deslocamos todo o material arquivístico em razão das obras e garanto que esse processo seguiu todos os padrões técnicos e de segurança. Assim que os trabalhos forem concluídos tudo será devolvido ao Memorial”, explicou Matarazzo.
O deputado estadual Adriano Diogo (PT), que vem acompanhando as recentes mudanças no espaço, esteve na reunião e se mostrou favorável às obras. “Pelo que foi apresentado parece que será feito algo muito bom. Espero que a comunidade seja a mais beneficiada com o novo espaço”, afirmou.
Visita
Na tarde de ontem, membros de comunidades de imigrantes, acompanhados do deputado e da vereadora Juliana Cardoso (PT), realizaram uma visita monitorada no Memorial com o intuito de apurar se parte do acervo foi danificado por uma enchente ocorrida no dia 23 de janeiro – o grupo havia tentado fazer esta mesma vistoria na semana passada e foi barrado. Segundo pessoas que entraram no espaço, muitos objetos foram realmente atingidos pela água, inclusive documentos relacionados ao processo de doações de acervo. O local mais afetado foi a Reserva Técnica, que abrigava vários artigos de épocas, como quadros, máquinas de costura, penteadeiras, miniaturas de caravelas e crucifixos, entre outros. No entanto, o grupo ouviu de funcionários do atual gestor, que todos os objetos são recuperáveis e, inclusive, já estão em processo de higienização. Foi ressaltado também que mesmo se o antigo gestor ainda estivesse no comando do espaço, o estrago teria ocorrido, pois a enchente aconteceu no final da noite de domingo, quando não havia ninguém na unidade, e a água chegou a 1,60 metro de altura.