Adriano Diogo (PT), um dos políticos mais combativos da história da região, encerra a carreira de quase 30 anos no legislativo hoje, dia 13 – quando termina o mandato dos deputados estaduais. Nas eleições de outubro Diogo concorreu à Câmara dos Deputados em Brasília, mas, como ele próprio admite, sem apoio do partido, não conseguiu dar o fôlego necessário à campanha e ainda acabou endividado. “Não saiu conforme o planejado, pois me preparei para ser deputado federal por um ou dois mandatos”, lamenta Diogo, revelando que ainda não sabe o que fará a partir de segunda-feira.
“Minha vida sempre foi de muita agitação, fui preso político, depois, com o fim da ditadura, assumi sucessivos mandatos com a loucura de um telefonema atrás do outro, diversos compromissos, sempre engajado nas lutas das comunidades”, ressalta lembrando da rotina de trabalho de domingo a domingo. Mas, apesar do ressentimento com o PT, não passa pela sua cabeça mudar de partido. “Não entendo quem é são-paulino a vida toda e de repente, vira corintiano”, compara. Também critica a postura de Marta Suplicy que vem fazendo duras críticas ao partido. “Ela está se excedendo”, sintetiza.
Nascido em 1949, filho de uma professora e de um comerciante da Mooca, Adriano Diogo é formado em geologia pela Universidade de São Paulo. Em 1982, quando o PT conseguiu eleger cinco vereadores para a Câmara Municipal, passou a atuar como assessor da bancada. Quatro anos depois, nas eleições de 1988, foi a sua vez de conseguir uma cadeira no plenário e acabou reeleito mais três vezes. “Ao todo, como assessor e vereador, foram 20 anos na Casa. Participei de etapas importantes da constituição da lei orgânica do município”, recorda. “Na época, a grande honra da Vila Prudente era ter os equipamentos do Serviço Funerário, o cemitério e principalmente, o crematório que por ser o único da cidade, recebia pessoas importantes”.
Ainda no município, Diogo respondeu como secretário do Verde e Meio Ambiente, na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy, e teve papel fundamental para criação do Parque de Vila Prudente, que justamente em agradecimento ao seu empenho, ganhou o nome de sua mãe: Parque Ecológico Professora Lydia Natalizio Diogo.
Mesmo depois de deixar a Secretaria, continuou engajado na luta por mais áreas verdes na região. Foi através da influência de Diogo junto a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) que a população conseguiu detalhes do processo de descontaminação do antigo terreno da Esso, com quase 100 mil m² na Mooca, onde se pleiteia a criação de um parque público. Com exclusividade, conseguiu levantar a informação de que a área ainda não pode abrigar construções, mas está apta a receber um parque.
Diogo também foi presença constante em diversos atos do Movimento Viva o Parque Vila Ema, que visa preservar um terreno de 16.804 m² na avenida Vila Ema, que além de uma nascente de água, abriga mais de 470 árvores, sendo parte da vegetação remanescente da Mata Atlântica.
“A cidade ficou muito grande rapidamente e não houve transição da velha para a nova. Também não existiu a preocupação de garantir espaços para parques. Hoje a Vila Prudente é detentora de um dos metros quadrados mais caros do Brasil, então é uma luta difícil contra grandes construtoras imobiliárias, mas a população deve continuar organizada”, ressalta.
Diogo levou para a Assembléia Legislativa essa característica de se aprofundar sobre questões importantes. Durante os dois mandatos, participou ativamente da Comissão de Direitos Humanos e presidiu a Comissão da Verdade. “Foi um trabalho importantíssimo, a Comissão da Verdade de São Paulo deu a linha para a Comissão Nacional”, destaca. Nestes últimos meses se dedicou à presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura os trotes nas universidades brasileiras e pela relevância das questões levantadas, acredita que o Ministério Público deve dar continuidade à investigação. “Depois de tantos anos de trabalho, é triste parar, me sinto como se estivesse deixando de fazer parte da história”, define.