Febre muito alta, moleza, dor em várias partes do corpo, forte enjoo, dor de cabeça, falta de paladar e perda de peso foram algumas das preocupantes sensações enfrentadas durante quase 10 dias pelo aposentado Luiz Carlos Pinto da Silva, morador da rua Marquês de Santo Amaro, na Vila Califórnia. Ele é uma das 200 pessoas do distrito de Vila Prudente que contraíram dengue neste ano. O último levantamento da Secretaria Municipal de Saúde aponta que em 15 dias – entre 28 de março e 11 de abril – os números na Vila Prudente pularam de 46 para 200 casos. Hoje o número provavelmente já é maior, mas, o próximo balanço será divulgado apenas no final da semana que vem. Até 11 de abril, o total de infectados na cidade era 20.764. No mesmo período de 2014, São Paulo registrou 7.126 casos, o que significa aumento de 191,3% neste ano.
“Antigamente escutava sobre a Dengue, mas parecia algo distante. Agora, além de eu ter sido infectado, no mesmo período, meu filho também contraiu o vírus e tenho o conhecimento de outros quatro vizinhos aqui da rua”, conta Silva. “Fiquei muito mal por praticamente 10 dias. Sem vontade de fazer nada, sem apetite e sem forças. A sensação é horrível. A cada dois dias precisava retornar ao hospital para refazer exames de sangue. Graças a Deus superei”, relata Silva. “Mas, com o meu filho foi ainda mais grave. Ele precisou ficar internado para os médicos o acompanharem o quadro. Os exames mostraram que as plaquetas estavam caindo muito, o que poderia levá-lo à morte. Permaneceu cerca de uma semana no hospital e precisou ficar afastado do serviço por 15 dias”, completou.
Segundo classificação do Ministério da Saúde, uma região está em epidemia de dengue quando a incidência é maior que 300 casos para cada 100 mil habitantes. Na região, até o último levantamento da Prefeitura, o distrito mais crítico é a Vila Prudente (veja quadro Doença na Região abixo). No entanto, todos os distritos apresentaram grande aumento de ocorrência em 15 dias e se enquadram entre os 40 da cidade que estão em estado de emergência ou alerta – quando a incidência é de 100 a 300 casos por 100 mil habitantes. Se manter o ritmo dos últimos 15 dias, Vila Prudente deve constar como epidemia no próximo balanço.
Mesmo com os números assustadores, o secretário adjunto municipal de Saúde, Paulo Puccini, afirma que a cidade não está vivendo uma epidemia. “Há uma alta ocorrência da dengue, com surtos mais elevados em alguns bairros, sobretudo na zona norte”, declarou em entrevista coletiva no último dia 23, quando anunciou os novos números da doença.
A Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) considera que o aumento de ocorrências de infectados neste ano está associado ao calor, que acelera o desenvolvimento do mosquito e ao acúmulo de água limpa sem proteção, devido à crise hídrica dos últimos meses.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que foi reforçado o trabalho dos 2.500 agentes de zoonoses em toda cidade com ações de visitas porta a porta, grupos de orientações e operações de combate nos locais de grande concentração de pessoas, além de uso de nebulização (fumacê), aplicada em situações emergenciais. O órgão ressalta também a importância da ação individual preventiva para eliminar criadouros do mosquito transmissor.