O ar de abandono está tornando as visitas às pessoas sepultadas no cemitério Quarta Parada cada vez mais dolorosas. Há tempos, diversos túmulos e até mesmo os ossários instalados nos muros estão esquecidos. Devastadas pela ação da natureza ou por atos de vandalismo campas estão à mostra. Como se não bastasse esse cenário desolador, a falta de segurança contribui para afugentar visitantes.
“Estive com meu marido às vésperas do Dia da Mães e a situação que encontrei foi deprimente, com muitos túmulos abandonados por familiares e destruídos por atos de vandalismos com furtos de portas de ferro, crucifixos de bronze e placas de identificação”, conta a dona de casa Marli Nunes Teixeira. Ela reside no Ipiranga, mas tem túmulo no cemitério. “É muita falta de respeito com os restos mortais, mas o pior é a falta de vigilância. Meu marido disse que não tem mais vontade de visitar, mesmo agora perto do Dia dos Pais”.
Os dois locais em piores condições são as quadras próximas da rua Padre Adelino e parte das alamedas na confluência com a avenida Álvaro Ramos. Apesar dos sacos de lixo da varrição aguardarem recolhimento, inúmeros túmulos estão sem as portinholas. Algumas campas, em vez de troca por outras similares responsáveis preferiram cimentar as entradas.
“A situação já foi pior, mas o que não melhora é a falta de segurança. Aqui há muitos mendigos”, relata um funcionário que pediu para não se identificar. “Não entendo. Em postos de saúde e hospitais existem seguranças contratados pela Prefeitura, mas em cemitérios isso não acontece”.
Contatada o Serviço Funerário do Município respondeu que “a responsabilidade sobre a conservação dos túmulos é dos concessionários. Quando é constatado abandono, temos uma comissão que inicia o processo de retomada dessas concessões, mas isso leva em torno de aproximadamente dois anos, para cumprimento de todas as etapas que culmina com a publicação da retomada no diário oficial. Enquanto não termina esse processo, não podemos fazer nenhuma intervenção no local. Muitos túmulos estão abandonados e passando por esse processo e, por enquanto, não podemos intervir, por força da lei, nesse cenário de aparente abandono”.
Sobre segurança, o órgão acrescentou que “não há projeto prevendo instalação de câmeras de segurança e não há possibilidade de contratação de segurança privada”. E finalizou informando que a “Guarda Civil Metropolitana faz rondas diariamente nos quase 200 mil m² de área da necrópole”.