Pneu estourado, amortecedores e suspensão danificados, rodas amassadas… Esses são alguns dos problemas causados nos veículos que circulam pelas ruas e avenidas cada vez mais esburacadas da região. Como via de regra a Prefeitura se limita a tapar os recorrentes buracos, ao invés de fazer o recapeamento completo da via, o que gera ondulações no pavimento, tornando-se outras perigosas armadilhas. E os gastos de todos esses serviços pesam, e muito, no bolso dos motoristas, que já pagam caros impostos para manterem seus automóveis.
Nas últimas semanas a Folha percorreu vias da região e conversou com mecânicos, taxistas e motoristas sobre a situação. E foi justamente enquanto fotografava uma das ruas com problema, no último dia 4, que a reportagem se deparou com o comerciante Jones Humberto Piva. Ele esperava o guincho da seguradora, pois a suspensão do carro da sua filha foi danificada em um buraco na rua Antonio Bittecourt, na Água Rasa. “Ela caiu na cratera e o carro parou. Essas ruas estão cada vez piores e quem paga a conta é a população. Não gosto nem de pensar no quanto gasto por ano com a manutenção dos veículos da minha família. O asfalto dessa cidade é vergonhoso”, destacou Piva.
Quem também reclamou da situação foi o motorista do guincho que socorreu o comerciante. “Todo dia atendo cliente que danificou o carro por causa do péssimo asfalto. Até a suspensão do meu caminhão já quebrou”, ressaltou Luiz Marcelino.
A situação crítica é confirmada nas oficinas mecânicas. Rafael Sousa Sedro, que há oito anos trabalha como mecânico, explica que muitos motoristas nem sabem dos problemas que a pista danificada causa em seus veículos. “O que mais sofre são: bandeja, amortecedor, rodas e protetor de cárter. Como trabalho com carros de segurados, muitas vezes os veículos vêm com uma batida e quando damos uma olhada, constatamos que toda suspensão está prejudicada, mesmo que o local não tenha ligação com a colisão. Isso é frequente. E se não arrumar, outras peças podem se desgastar e quando o motorista for ver, o que era apenas um amortecedor estourado, se torna um gasto enorme”, comenta Sedro, que trabalha na oficina Podium, na avenida Anhaia Mello.
Porém, se o motorista comum já sofre com o problema, imagine os taxistas, que passam o dia todo percorrendo as ruas da região. “A população reclama que o táxi é caro em São Paulo. Mas se não cobrarmos um valor alto, não conseguimos nem manter o carro inteiro. Todo dia pegamos buracos, sem falar nas ondulações deixadas pelo serviço de tapa-buraco que acabam com os amortecedores. Com o valor de impostos que pagamos, o mínimo que esses governantes tinham que fazer é manter o asfalto digno de uma cidade deste tamanho. E não é só na periferia que a situação está assim. Na Mooca, bairro famoso em São Paulo, cada rua tem a pista pior que a outra”, critica o taxista Márcio Teixeira Luque.
Apenas quatro vias da região foram recapeadas desde o início do ano
Prestes a completar o primeiro semestre da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), a Folha questionou as duas subprefeituras locais sobre o serviço de recapeamento executado neste período. Na área da Subprefeitura de Vila Prudente/Sapopemba (SUB-VP), ocorreu somente a finalização do recape da rua Costa Barros, iniciado há mais de dois anos no governo de Gilberto Kassab (PSD). Apesar de diversas ruas estarem em situação bastante crítica, para este mês, o serviço não está programado para nenhuma das vias que compõem os 33,30 km² de área da SUB-VP.
Mesmo na única via que recebeu o recape, a Folha vem recebendo sucessivas reclamações de que o serviço foi mal executado. Conforme publicado na edição passada, alguns trechos foram raspados, mas não ganhou nova camada de asfalto e na altura do número 2200, um pedaço de lombada foi largado no local.
Atualmente, segundo a SUB-VP, a via que mais se encaixa nas exigências para receber o recape é a avenida Anhaia Mello, mas não será contemplada até o final da execução das obras do monotrilho.
Na área da Subprefeitura Mooca (SUB-MO) foram recapeadas desde janeiro, as ruas Silva Teles e Melo Freire e a avenida Celso Garcia. Foi ressaltado que a Celso Garcia é “de grande extensão e volume de tráfego, inclusive de veículos pesados”.
De acordo com a unidade, estão previstas para receber o serviço as ruas Serro Largo, Bento Gonçalves, Melo Peixoto, Agostinho Lattari, Borges de Figueiredo e avenida Sapopemba, entre outras. No entanto, ainda não existe previsão sobre o mês em que as obras serão realizadas.
Segundo a SUB-MO, dois critérios definem a escolha das vias que serão atendidas: nível de deterioração do pavimento e volume diário médio de tráfego. Após vistoria dos técnicos da própria subprefeitura, a relação de ruas prioritárias é enviada para a Secretaria de Coordenação de Subprefeituras que fará nova avaliação, dessa vez levando em consideração todas as ruas da cidade.
A SUB-MO ressaltou ainda que as equipes de tapa-buracos estão atentas para reparos no asfalto e solicitações deste tipo podem ser feitas através do telefone 156.