*Marcel Salomão de Oliveira
Desde o início da construção da primeira linha metroviária na cidade de São Paulo e do Brasil, em 1968, o Metrô de São Paulo tornou-se protagonista em alguns episódios marcantes da História da Engenharia nacional, consagrados como referência de pioneirismo. O uso da tuneladora SHIELD, o popular Tatuzão, para escavar e construir os túneis no centro da cidade; a implosão do Edifício Mendes Caldeira, a primeira do Brasil; todas com o viés de mitigar impactos ambientais. Chegamos a mais um. Com o início das obras da futura estação Santa Clara, em maio de 2021, e desenvolvimento dos projetos executivos, foi necessário aprofundar os estudos com relação a adutora do Rio Claro, interferência de grande porte com diâmetro de 2500 mm localizada na área de influência das escavações.
Com o desenvolvimento dos projetos executivos para a etapa de escavação do túnel de plataforma e chegada do Tatuzão na estação Santa Clara, foi constatado que a adutora em operação não suportaria os recalques previstos para essa fase e o remanejamento foi necessário para garantir a segurança da adutora.
Diante da necessidade de remanejamento da adutora do Rio Claro, diversas reuniões entre as equipes de engenharia do Metrô, Sabesp, construtora e projetistas foram realizadas para definição dos parâmetros de projeto e execução. No início deste ano foi implantado o desvio de tráfego na Avenida Sapopemba dando início as atividades preliminares de fechamento da área para as atividades de remanejamento.
Concluído os serviços de montagem da tubulação para interligação do trecho remanejado foi necessário a interrupção do abastecimento. Conforme estudos da Sabesp, a melhor data seria no dia 19/06/23. A previsão de duração para a operação de paralisação do fornecimento totalizava 22 horas, sendo 5 horas para descarregamento da adutora, 15 horas de serviço e 2 horas para recarregar a adutora.
A operação da paralisação e interligação foi um sucesso, sendo iniciado no horário programado e finalizado com antecedência de 2 horas ao previsto inicialmente, totalizando 20 horas. Apesar de relacionar o risco de abastecimento, devido a agilidade da operação não foi prejudicado.
O remanejamento e a modernização do revestimento da adutora contaram com o trabalho de 100 operários, 26 técnicos e 12 engenheiros em trabalhos ininterruptos, o que incluiu sábados, domingos e feriados.
Missão cumprida. O Metrô, o Consórcio Construtor Linha 2- Verde e a Sabesp concluíram em 20 de junho, o remanejamento da Adutora do Rio Claro, equipamento octogenário e que atende diariamente mais de dois milhões de consumidores. O compromisso do Metrô e das demais empresas envolvidas foi exitoso. Em breve, a cidade contará com novas estações metroviárias na zona leste e terá um ganho histórico de mobilidade e qualidade de vida para os passageiros.
* Marcel Salomão de Oliveira é engenheiro civil do Departamento de Obras Civis da Linha 2- Verde.
E-mail: msoliveira@metrosp.com.br