Em visita à Vila Prudente no início do mês passado, o prefeito Bruno Covas (PSDB) afirmou que o novo plano cicloviário para a cidade será anunciado em breve. Ainda sem detalhes específicos, o que está definido pela Prefeitura é que a malha de ciclovias será aumentada em 35 km até o final deste ano e outros 150 km serão requalificados. A informação foi dada durante a Câmara Temática de Bicicletas, composta por integrantes da administração municipal e representantes de ciclistas. Na ocasião também foi anunciado que consta no Plano de Metas 173 km de novas ciclofaixas e ciclovias até o final da gestão, em 2020. As intervenções já começaram em algumas regiões da cidade, no entanto, embora classificada como prioritárias no início do governo, as ciclovias na Vila Prudente seguem esquecidas.
Alvo de muitas queixas desde que começaram a ser implantadas em maio de 2015, na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), as ciclovias da Vila Prudente continuam sem atenção do poder público. Vários trechos apresentam falhas na sinalização e estão repletos de buracos. No início da gestão de João Dória cogitou-se transformar parte das ciclovias da região em ciclorrotas – caminhos sem a separação das bicicletas do restante do tráfego e sem demarcação exclusiva da pista – mas a proposta não caminhou. Na época também foi anunciado que as revisões e revitalizações na cidade começariam pela Vila Prudente, o que também não aconteceu.
Adepto do pedal para o lazer e o deslocamento para o trabalho, Leandro Bazito, 43 anos, não concorda com a extinção de ciclovias, mas aprova a transformação de alguns trechos em ciclorrotas. “Após inúmeras lutas e cobranças que duraram anos, os ciclistas ganharam muito com a implantação dessas ciclovias na cidade. Simplesmente acabar com algumas delas será um retrocesso. Mas entendo que em alguns locais a alteração para ciclorrota pode ser benéfica, desde que a via escolhida realmente apresente tráfego leve e que ocorra controle de velocidade dos veículos”, comenta Bazito, que mora na Vila Prudente e diariamente vai e volta pedalando do trabalho na região central.
O cicloativista Willian Cruz, idealizador do portal vadebike.org, destaca a falta de ação da Prefeitura em relação às ciclovias. “Estamos no terceiro ano da atual administração e foi feito muito pouco nesta questão. Nos dois primeiros anos a Prefeitura não investiu um centavo sequer na manutenção de ciclovias, deixando que elas se desgastassem naturalmente, mesmo havendo verba reservada para isso. As únicas ações positivas realizadas foram algumas repinturas e colocações de tachões em vias que receberam o programa Asfalto Novo”, declara. Ele ressalta ainda que um estudo realizado pela Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) no final do ano passado apontou que 40% das estruturas de proteção aos ciclistas precisam de manutenção urgente.
O morador do Jardim Avelino, Cleber Hamiltom D’angelo, que também utiliza bicicleta, é um dos ferrenhos críticos à forma como as ciclovias foram implantadas na região. “Não sou contra ciclovias, mas não sou a favor de faixas exclusivas em locais inadequados, como nas ruas Mario Augusto do Carmo, Pinheiro Guimarães e Professor Gustavo Pires de Andrade, que possuem pouquíssima utilidade. Medições com câmeras de vigilância dos imóveis apontaram média inferior a três ciclistas por dia, contando os finais de semana”, afirma D’angelo, que destaca como positivas as ciclovias das avenidas Francisco Falconi e Jacinto Menezes Palhares, que são ligadas com o eixo principal da avenida Anhaia Mello, e com o metrô e monotrilho.
A Folha questionou a CET sobre as ciclovias da região e o órgão não soube detalhar quando os equipamentos receberão intervenções. O órgão de trânsito se restringiu a informar que a Prefeitura está próxima de concluir um novo plano cicloviário para a cidade.