O Cemitério São Pedro, em Vila Alpina, continua assombrando quem precisa passar algumas horas no local. É bastante comum os munícipes saírem assustados com os diversos problemas de falta de manutenção e de segurança no equipamento funerário. O pior é que as queixas são sempre as mesmas e a Prefeitura não consegue garantir a paz no cemitério.
O morador da Mooca, Antonio Carlos Affonso, de 78 anos, foi ao velório do tio no sábado, dia 6, e em cerca de três horas que permaneceu no local conseguiu acumular várias reclamações, inclusive a de não encontrar um responsável para expressar as queixas pessoalmente no próprio dia. “Saí com a sensação de que os funcionários se escondem da gente porque sabem que vão ouvir reclamações. Por isso, resolvi ligar para o jornal”, comentou com a reportagem da Folha no início da semana.
Affonso relatou que teve que tapar o nariz para conseguir usar o banheiro masculino. “Fiquei abismado com a imundice e o mau cheiro nos banheiros. As mulheres da nossa família nem arriscaram usar o feminino, apesar do tempo que permaneceram no cemitério”, conta. Na sala do velório, mais descaso com os munícipes. “Na sala H tinha um ventilador cujo barulho parecia de uma hélice de helicóptero. Por causa do calor, era ruim deixar desligado, mas o barulhão era absurdo. Alguns parentes, em pleno velório, tiveram que tentar amenizar o barulho porque também não encontraram alguém da manutenção do cemitério”, comenta.
Ele conta ainda que há cachorros espalhados por todo lado e o único bar do local, não tinha água gelada para vender. Por fim, não bastassem todos os contratempos, Affonso, a esposa de 76 anos e mais alguns parentes foram abordados por dois homens, que aparentavam estar drogados, quando voltavam do enterro para o estacionamento. “Ficaram insistindo que tínhamos que dar dinheiro. Tive que falar bravo com eles para pararem de nos importunar e não vi segurança pelas imediações”, disse indignado. “Já chegamos ao cemitério derrotados pela perda de um familiar e ainda passamos por tudo isso. É muito absurdo”, completa.
A reportagem cobrou uma posição do Serviço Funerário do Município que alegou que “a atual gestão tem intensificado as vistorias e fiscalização dos serviços de zeladoria nos 22 cemitérios municipais”. Informou também que no sábado relatado foram realizados 15 velórios no Cemitério São Pedro, o que aumentou a demanda dos serviços de zeladoria e que as providências necessárias para manutenção dos equipamentos, dentre eles os ventiladores, estão sendo tomadas. A administração do cemitério relatou ainda que os funcionários estavam trabalhando normalmente e não foram procurados por qualquer munícipe, motivo pelo qual “estranharam o relato enviado pela reportagem”.
Em relação à segurança, o Serviço Funerário mencionou que o número de rondas periódicas nos cemitérios, agências, velórios e no crematório foram intensificados por meio de uma parceria com a Guarda Civil Metropolitana (GCM). Somente em 2017, foram 17.078 rondas, quase o triplo em todo o ano de 2016, que totalizou 6.926 rondas.
Há quase um ano, em fevereiro do ano passado, a Folha fez ampla matéria relatando as precárias situações dos banheiros e salas de velórios do Cemitério São Pedro. Em setembro, publicou outra extensa matéria sobre uma mulher que foi assaltada e agredida quando voltava do túmulo do irmão. Também houve casos de furtos de veículos no estacionamento da unidade. (Kátia Leite)