Vizinhança e atendidos reclamam de Centro de Acolhimento

No dia 7 de dezembro do ano passado, o prefeito João Doria, acompanhado de secretários e muitos servidores municipais, inaugurou o 11º Centro Temporário de Acolhimento (CTA) de sua gestão. A unidade, instalada em um amplo prédio na rua João Soares, 81, Água Rasa, foi considerado o maior da cidade até então devido ao número de vagas oferecidas  –  440 para pernoite e 50 para dia e noite. Segundo declarações do prefeito na cerimônia de inauguração, o equipamento ofereceria alimentação, espaço para dormir e, principalmente, formação profissional, capacitação e encaminhamento para o mercado de trabalho. No entanto, o cenário propagado ainda não condiz com a realidade, segundo pessoas atendidas. Além disso, problemas externos têm incomodado a vizinhança, que reclama do grande número de concentração de moradores em situação de rua nas redondezas, alvoroços, insegurança, entre outras situações.  

“Os morados vizinhos deste CTA estão amedrontados. Um bairro que sempre foi tranquilo agora é obrigado a ficar sempre em alerta. Não é questão de preconceito, mas sim de respeito. Muitos destes atendidos não podem permanecer na unidade durante o dia e, como não possuem uma ocupação, ficam pela redondeza e importunam a vizinhança. Todos os dias abordam os moradores do entorno e comerciantes como se fossem os donos do pedaço. Alguns são abusados e intimidam”, contou um antigo morador da rua João Soares que não quis divulgar seu nome como receio de represálias.

“Na teoria existem regras para entrada e saída das pessoas no CTA, mas, frequentemente, a movimentação é grande na madrugada. Há alguns dias aconteceu uma confusão e muitos atendidos começaram a gritar na porta da unidade quase 2h da manhã e foi uma grande correria na rua. Parecia um arrastão”, contou o aposentado Alberto Cunha, que reside em uma rua próxima e conseguiu acompanhar toda movimentação da janela de seu apartamento.

Quem também reclama é uma idosa que mora quase em frente ao CTA. “É intimidador sair e entrar em casa. A porta do abrigo e as calçadas vizinhas estão sempre ocupadas por homens. Ficam observando a minha movimentação e fico muito preocupada. Muitas vezes, tarde da noite, tocam a campainha de casa para pedir alguma coisa. Fico apavorada”, relatou.

Os atendidos

A reportagem da Folha conversou com alguns homens atendidos pelo Centro de Acolhimento, os quais apontaram algumas promessas da Prefeitura que ainda não foram cumpridas. De acordo com eles, por enquanto, a unidade funciona com apenas metade da capacidade. “Não sei ao certo o motivo, mas todas as noites há muitas camas vazias”, relatou um dos abrigados que pediu para não ter o nome identificado.

Outra questão apontada é em relação aos cursos profissionalizantes e capacitação anunciada. “Por enquanto as aulas ainda não começaram. Os funcionários disseram que em poucos dias os cursos iniciam. Os 50 homens que podem participar das atividades de convivência por enquanto estão sem ocupação. Eu posso entrar apenas a partir das 16h, mas como ainda não tenho o que fazer durante o dia, permaneço aqui do lado de fora até chegar o meu horário de entrada”, contou outro abrigado. “Até semana passada o CTA estava bem desorganizado. Não havia comida para todos e para dormir estava confuso, mas agora parece que está melhorando”, completou.

A Folha entrou em contato com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social e aguarda um posicionamento.

O 21º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo na região citada, informou que está atento aos acontecimentos nas imediações do CTA e o policiamento foi intensificado nas ruas João Soares, Serra de Jairé e Álvaro Ramos. Foi ressaltado que, através de levantamento, constatou-se diminuição do número de furtos e roubos na região em relação ao mesmo período do mês passado.

 

 

Calçada ao lado do rio Tamanduateí está intransitável

Andar pelas calçadas ao lado do rio Tamanduateí, na avenida Doutor Francisco Mesquita, Vila Prudente, tornou-se uma tarefa muito difícil e perigosa. Sem receber manutenção há muito tempo, os passeios estão totalmente irregulares, repletos de buracos, ondulações e desníveis. Em alguns trechos os pedestres são obrigados a utilizarem a ciclovia pintada na pista para conseguirem transitar.

Um dos locais mais problemáticos está na altura do número 1575 na pista sentido centro. “As calçadas estão repletas de rachaduras e nenhum órgão responsável demonstra preocupação. Pode parecer que esses passeios não são utilizados, mas isso acontece em razão das pessoas evitarem passar por eles. O risco de queda é eminente”, comenta o morador da rua Rio Salinas, Marcos de Assis.

Quem também está indignado com a situação da calçada é o ambulante Dener da Silva. “Quando as pessoas optam em andar ao lado do rio elas acabam caminhando pela ciclovia, pois está muito perigoso andar no passeio. Mas, como a ciclovia está praticamente apagada, as pessoas correm o risco de serem atropeladas. Já vi motoristas invadirem a faixa de ciclistas”, comentou o ambulante que trabalha em um farol das proximidades quase todos os dias da semana.

Questionado, o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), responsável pela manutenção do rio Tamanduateí, informou que foi realizada vistoria no local e constatou que as obras de canalização do trecho citado foram concluídas em 1991 e, por isso, a manutenção de calçada e via de tráfego é de responsabilidade da administração municipal.

A Prefeitura Regional Vila Prudente informou que o engenheiro esteve no local e constatou o problema. Foi ressaltado que o órgão entrará em contato com o DAEE e colocar o local na programação para a realização dos reparos.