Nesta semana pais e alunos de mais duas escolas estaduais da região realizaram protesto contra as mudanças que o Governo do Estado pretende adotar na rede de ensino em 2016. A principal insatisfação é com a transferência de estudantes para outras unidades.
No início da tarde de terça-feira, dia 13, cerca de 100 pessoas se manifestaram na avenida do Oratório, em frente à escola estadual José Chediak, no Parque São Lucas. Segundo pais e funcionários, o governo pretende acabar com o ensino fundamental II (6º ao 9º ano) da unidade e transferir os alunos para a escola estadual Secundino Domingues Filho, no Jardim Independência. “Tenho dois filhos no Chediak. Um está no 6º ano do fundamental II e o outro no 1º do ensino médio. Um deles será obrigado a ir para o Secundino. Como vou fazer para deixar cada um em uma escola? Terei que me dividir em duas? O Governo irá mexer com a rotina e a estrutura de várias famílias e em nenhum momento escutou nossa opinião ou sugestão”, conta a dona de casa Andréa Padovani, que está organizando um abaixo assinado para entregar na Diretoria de Ensino Leste 5.
No início da noite da terça foi a vez dos pais e alunos da escola estadual Professora Luiza Mendes Correa de Souza, na avenida Anhaia Mello, no Parque São Lucas, protestarem. Eles também se reuniram em frente à unidade com apitos e cartazes. Segundo pais, a intenção do Estado é acabar com o ciclo fundamental I (1º ao 5ª ano) da unidade. “Acreditamos que a mudança pode afetar o emocional das crianças e prejudicar o aprendizado. Em nenhum momento o Governo consultou os pais para propor essa alteração”, declarou Samira Jorgov Lima, que possui dois filhos na escola.
Reestruturação
Segundo a Secretaria da Educação do Estado, a medida visa reorganizar a distribuição dos alunos na rede. As escolas passarão a atender exclusivamente um dos três ciclos: o primeiro, que abrange alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental; o segundo, com estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental; e o terceiro, que reúne os três anos do ensino médio. Atualmente, algumas escolas atendem alunos de mais de um dos ciclos.
Para a Secretaria, o ideal é que as unidades recebem apenas estudantes de um dos ciclos e, assim, ficarão mais focadas no aprendizado da faixa etária que atende. Foi ressaltado ainda que os alunos que precisarem ser transferidos serão matriculados em escolas que ficam no máximo 1,5 km de suas casas.
O órgão agendou uma reunião simultânea em todas as escolas estaduais para o dia 14 de novembro para tirar dúvidas dos pais e responsáveis e anunciar quais unidades receberão cada ciclo.
Defensoria e Ministério Público questionam plano do Governo
A Defensoria Pública de São Paulo enviou à Secretaria da Educação do Estado na sexta-feira, dia 9, ofício solicitando explicações sobre o plano de reorganização das escolas e como será colocado em prática. A Defensoria questiona também se os pais, alunos e professores foram consultados durante a elaboração do programa de reorganização e se eles estão sendo devidamente informados sobre os impactos que essa mudança pode causar. A Secretaria informou que ainda não foi notificada.
O Ministério Público do estado abriu um inquérito civil para apurar a reorganização. A Promotoria questiona o Governo como será executado o plano proposto e se, em sua elaboração, houve consultas às pessoas envolvidas.
Apeoesp se contradiz em listagem de escolas que podem ser fechadas
Na semana passada o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) divulgou lista de escolas que poderiam fechar por conta da reorganização proposta pelo Governo. De acordo com o levantamento, somente na área da Vila Prudente e São Lucas 16 unidades seriam extintas. O anúncio causou alvoroço entre pais e alunos da região.
A Folha entrou em contato com a Apeoesp e questionou como foi formulado o documento. Segundo o órgão, as informações foram colhidas pelas subsedes do sindicato, que tiveram acesso aos supostos avisos transmitidos pela Secretaria da Educação do Estado às escolas.
Nesta semana a reportagem conversou com exclusividade com a coordenadora da subsede Leste da Apeoesp que atua nas escolas da região, Jovina Maria da Silva, a qual afirmou que houve um equívoco na listagem divulgada e já solicitou correção. “Em nenhum momento alimentamos a central do sindicato com este tipo de informação. Inclusive, através do levantamento que realizamos nas escolas que atuamos, de 47 unidades apenas uma deve ser extinta, que é a Professor Valdir Fernandes Pinto, que fica no Conjunto Habitacional Marechal Mascarenhas de Morais, na Fazenda da Juta”, declarou.
A Secretaria negou a informação divulgada pela Apeoesp e informou que a proposta de reestruturação está apenas em fase de estudos e, inclusive, haverá reunião com os pais no dia 14 de novembro em todas as unidades escolares. (Gerson Rodrigues)