Por volta das 22h do último sábado, dia 22, a moradora da Vila Prudente, Thawanne Katiuscia correu com a filha de seis anos para o Hospital Estadual de Vila Alpina. A garota reclamava de dores, mas o atendimento foi negado, com a orientação de se dirigir para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Mooca – única opção pública aberta na região. Residente a cerca de três minutos do Hospital de Vila Alpina, Thawanne precisou chamar um Uber e já passava das 23h, quando conseguiu chegar à UPA, se deparando com um local sobrecarregado de pacientes. Saiu da unidade com a filha depois das 2h da madrugada.
“Não tem como não se revoltar com uma situação dessa. O pronto-socorro do Hospital de Vila Alpina estava vazio. Alguns funcionários estavam até fumando e batendo papo em frente. Sozinha com uma criança, fui mandada para um lugar muito mais longe de casa. Até o motorista do Uber ficou preocupado de me levar para a UPA, porque o entorno dessa unidade está tomado por muitos moradores de rua e entre eles, vários usuários de drogas”, relata Thawanne. “Essa situação não pode persistir. Tenho duas crianças, sempre corri para o Hospital de Vila Alpina que mesmo lotado, nos atendia. Desde a pandemia, não é a primeira vez que somos barradas na porta. É um absurdo ficar fechado para a população. Enquanto insistia para atenderem a minha filha, outras pessoas chegaram e foram dispensadas”.
Também no sábado, dia 22, por volta das 18h, Sueli Pinheiro, moradora da Vila Prudente, foi ao Hospital de Vila Alpina com o filho de 12 anos que estava com febre. “Não nos deixaram entrar no pronto-socorro e a pessoa avisou que não adiantava tentar o hospital da Mooca (Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença de Gouvêa), pois não seria atendida. São dois hospitais enormes que sempre utilizamos, e agora, ficam fechados. A solução foi ir para a UPA que estava lotada. Foram mais de 40 minutos só para abrir a ficha e outras duas horas para o meu filho passar pelo médico. E o entorno dessa unidade está bastante inseguro”, reclama.
Em reposta à Folha, a Secretaria de Estado da Saúde informou que o Hospital de Vila Alpina “é um serviço referenciado para atendimentos de média e alta complexidade nas áreas de cirurgia geral, clínica médica, ginecologia/obstetrícia, ortopedia e pediatria, ou seja, os atendimentos são realizados por encaminhamento de outras unidades, não é um hospital de portas abertas. Nos meses de janeiro a março deste ano, a unidade realizou 9.795 consultas de urgência, 5.545 consultas médicas e 2.055 internações”. Foi destacado ainda que a “atual gestão estuda, continuamente, medidas estratégicas para ampliar o atendimento à população. A pasta reforça ainda que o SUS é tripartite, portanto, não é prerrogativa exclusiva do Estado viabilizar assistência em saúde, mas também dos municípios”. (Kátia Leite)
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