Janeiro de 1992. O Brasil tinha como presidente Fernando Collor de Mello (PRN), o mais jovem da história do país e que no fim do mesmo ano renunciou ao cargo para fugir do inevitável processo de impeachment. No Governo de São Paulo, o então PMDB (hoje MDB) comandava o estado com Luiz Antônio Fleury Filho. Na cidade, pela primeira vez uma mulher estava à frente da Prefeitura: Luiza Erundina, na época no PT, cumpria o último ano de mandato.
Na Câmara Municipal, dois combativos ex-vereadores da região, Adriano Diogo e Devanir Ribeiro, ambos pelo PT, cumpriam o primeiro dos quatro mandatos que tiveram na Casa. Tradicional da Mooca, José Ferreira Nascimento, conhecido como Zé Índio, também era vereador pela primeira vez. Nesse ano, a Câmara abrigava ainda políticos que, embora não fossem diretamente da região, ao longo dos anos se comprometeram com as causas locais: Brasil Vita e Walter Feldman. O mesmo ocorria na Assembléia Legislativa e na Câmara dos Deputados, com o coronel Edson Ferrarini e Ricardo Izar, respectivamente.
A organização da cidade estava dividida em administrações regionais (as atuais subprefeituras). Quem respondia pela Administração Regional de Vila Prudente era Francisco Macena, que ao contrário de muitos forasteiros que passaram pelo cargo, residia no São Lucas. Na ocasião, além da Vila Prudente e do São Lucas, o Sapopemba integrava a Regional. Curiosamente, foi o próprio Macena que 21 anos depois, em janeiro de 2013, como secretario de Coordenação das Subprefeituras, anunciou o desmembramento do Sapopemba, que ganhou subprefeitura própria.
Foi nesse cenário que, em janeiro de 1992, o primeiro número da Folha de Vila Prudente foi às ruas. Era ano de eleição municipal, a primeira de muitas que o jornal cobriu ao longo desses 30 anos, sempre com o diferencial de extrair de cada candidato o compromisso com as causas locais e se eleito, continuar cobrando incessantemente pelos próximos anos. Aliás, essa é a principal e mais fundamental característica da imprescindível imprensa regional: o olhar atento para os problemas locais – que a grande imprensa não tem interesse de acompanhar. Um exemplo é que nessas três décadas, a Folha atendeu desde queixas simples sobre podas de árvores como defendeu a preservação de centenas de espécies, inclusive com a criação do Parque Profª Lydia Natalízio Diogo, o popular Parque de Vila Prudente, cujo embrião começou exatamente na redação do jornal.
Parque no bairro
A lei de criação do Parque Ecológico de Vila Prudente, de autoria do ex-vereador Archibaldo Zancra, foi sancionada em 5 de julho de 1996. Mas, a ideia nasceu anos antes na Folha, que contou inclusive com serviço de arquitetura para apresentar aos leitores e às autoridades a proposta de transformar a área ociosa de mais de 60 mil² entre o Crematório de Vila Alpina e CEE Arthur Friedenreich em um amplo e agradável parque. Foram muitas reuniões e abaixo-assinados até a aprovação. E vários outros anos para ser de fato implantando. Somente em 2004, o então secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Adriano Diogo, conseguiu dotação orçamentária para o parque e no final daquele ano ocorreu o evento simbólico de formalização do espaço, que já contava com pista de caminhada e playground. Atualmente é um dos locais mais frequentados da região.
Foram (e ainda são) muitas lutas. Impossível descrever todas em uma única edição. Porém, não tem como deixar de fora a árdua batalha pelo metrô no bairro. (Kátia Leite)