Em nome da comunidade de Vila Zelina, através da entidade AMOVIZA, gostaríamos de expressar nosso sentimento de surpresa, perplexidade e decepção quando deparamos com o conteúdo da matéria publicada por este jornal de renome em sua última edição, referente a argumentações de suposto “desrespeito por parte do projeto da AMOVIZA a história de nosso bairro” proveniente de um ato pontual de algumas pessoas de nossa comunidade lituana de Vila Zelina, quase vizinhas, que encontramos pessoalmente e com frequência no bairro. Perguntamos: “A Comunidade de Vila Zelina tem escritura de posse?” Obviamente não. Não podemos compará-la a um bem imóvel como uma casa ou uma igreja. A Vila Zelina é formada por moradores, empresários, párocos, comerciantes, servidores públicos, profissionais liberais, sua infraestrutura, sua vida.
Desde 2008 estamos trabalhando em prol da preservação das raízes do bairro através deste projeto pioneiro regional, não étnico, aberto ao paulistano, de sustentabilidade social, cultural, econômica, turística e ambiental que é este projeto de tematização da região de Vila Zelina e adjacências sob o slogan de “Bairro Leste Europeu de São Paulo”. Este foi o slogan democraticamente escolhido há cinco anos com a concordância de todos, com racionalidade e justiça, documentado posteriormente através de abaixo assinado, apoiado por descendentes e imigrantes do leste europeu, brasileiros, italianos espanhóis, portugueses, japoneses, israelitas e por todos aqueles que residem e trabalham na Vila Zelina, que reconhecem, simpatizam e homenageiam carinhosamente àqueles que contribuíram para a formação deste bairro único, sem excluir ninguém.
Este aspecto cultural leste europeu continua forte e ainda presente nesta região talvez única no mundo, uma região formada pela sinergia de esforços e respeito mútuos entre comunidades de imigrantes de bielorrussos, búlgaros, croatas, eslovenos, estonianos, húngaros, letos, lituanos, poloneses, romenos, russos, tchecos e ucranianos, todos refugiados de revoluções e guerras que com muito esforço colonizaram a Vila Zelina. Ninguém quer renomear a Vila Zelina ou o que existe nela, mas sim valorizá-la. Estamos trabalhando neste projeto com participação ativa da comunidade lituana que faz parte de nossa diretoria e comissões desde o início (a composição nominal de nossa diretoria está registrada em cartório).
Em 6/2/2012 no Círculo de Trabalhadores de Vila Prudente, apresentamos o design e esboço da fase inicial deste projeto que contou com a participação de toda a comunidade da Vila Zelina e adjacências, parceiros e convidados, com destaque a apresentação de representantes da comunidade lituana como a do professor de história Sr. Marcos Lipas e da artista plástica Sra. Janete Zizas da comissão da AMOVIZA. Neste dia jovens com trajes típicos lituanos e russos postaram-se para apresentar e explicar a história dos desenhos existentes nestes trajes e sua simbologia. A cobertura jornalística desta reunião está registrada no acervo digitalizado do site da Folha, edição 1020 de 10/2/2012.
Notamos, porém, que uma minoria da Comunidade Lituana vinha participando esporadicamente de nossas reuniões. Preocupados em sempre unir a todos, por iniciativa da AMOVIZA, solicitamos então ao cônsul honorário da Lituânia para convocar estas pessoas e a todos desta comunidade para mais uma vez discutirmos o projeto de tematização, dialogar, ouvir opiniões, sugestões e críticas “construtivas”. Esta reunião ocorreu no dia 24/9/2012, com a participação de todos, inclusive daqueles que levaram pessoalmente este injusto manifesto e suas críticas para publicação na Folha. Enviamos o original da lista com as assinaturas dos presentes desta reunião de 24/9/2012 para a Folha para registro. Aliás, perguntamos: Porque não querem juntar-se e trabalhar conosco? Por que a publicação deste manifesto vazio? Onde estão as assinaturas da suposta “unanimidade de opinião da Comunidade Lituana de São Paulo” citada neste manifesto? Por que estas imposições de dirigir-se a Vila Zelina como um “bairro só de lituanos”? Acreditamos sim que está realmente havendo um desrespeito com a história do nosso bairro através desta injustiça de excluir todas as outras comunidades de imigrantes que ajudaram a colonizá-lo. Vamos lembrar a sábia frase: “A união faz a força”. Somos poucos, vamos arregaçar as mangas e trabalhar juntos, dar o bom exemplo, pois fazemos parte de uma só família, a da Vila Zelina que é a nossa casa.
Comunidade de Vila Zelina, através da entidade AMOVIZA.