Segundo a Arquidiocese de São Paulo e conforme divulgado na imprensa nos últimos dias, desde a sexta-feira, dia 10, pelo menos sete moradores de rua morreram na cidade por causa das baixas temperaturas. Um homem, de 55 anos, foi encontrado sem vida na rampa de acesso à estação Belém do metrô na madrugada da última sexta-feira. Os primeiros laudos do Instituto Médico Legal indicam que a causa oficial dos óbitos foi ‘insuficiência respiratória aguda’. As ocorrências geraram muita polêmica na cidade e principalmente, questionamentos à Prefeitura sobre as ações adotadas neste período de frio recorde.
O trabalho da Prefeitura é criticado pelo padre Júlio Lancelotti, da paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, e conhecido por ser um dos principais defensores dos direitos da população de rua. “A situação desse povo hoje em São Paulo é como a dos refugiados na Europa: ninguém os quer. Aqui, são refugiados urbanos. Onde estão, incomodam. São deportados dentro da cidade, sempre de um lado para o outro”, lamenta o padre. “Os albergues não podem ser a única resposta. A máquina da Prefeitura é muito lenta, burocrática e institucional. O esquema massificado dos abrigos reproduz o esquema penitenciário. São espaços fechados e padronizados, onde centenas de pessoas dormem cercadas por câmeras de segurança e policiais.”, completa.
Segundo a Prefeitura de São Paulo, hoje a capital conta com 79 centros de acolhida, que somam cerca de 10 mil vagas fixas. Na região das subprefeituras Mooca e Vila Prudente há 21 unidades de acolhimentos distribuídas em vários distritos (veja lista abaixo).
Questionada pela Folha, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social informou que em temperaturas inferiores a 13 graus, como as registradas nos últimos dias, a Prefeitura coloca em prática a operação denominada “Baixas Temperaturas”, que abre, em caráter excepcional, mais 1.517 vagas em abrigos, totalizando 11.517 lugares para o público vulnerável tomar um banho quente e dormir. No último final de semana, entre sexta e domingo, a Prefeitura afirma ter realizado 31,3 mil acolhimentos.
De acordo com a administração municipal, equipes com mais de 500 profissionais atuam diariamente, das 8 às 22h, em todas as regiões da cidade realizando abordagens por meio de orientadores sociais. O trabalho consiste na identificação, aproximação e encaminhamento, das pessoas que aceitam, para a rede de Proteção Especial como centros de acolhidas. Nos abrigos, segundo a administração municipal, são oferecidos camas, cobertores, travesseiros, banho, alimentação e kits de higiene pessoal, além de receberem o atendimento social e participarem de atividades de convivência.
Abrigos na região
Qualquer pessoa em situação de rua interessada no acolhimento pode ter acesso às unidades. Não existe tempo máximo de permanência nos albergues. Os com funcionamento 24 horas tendem a manter vagas fixas, destinadas a moradores que podem permanecer por meses, passando por avaliação periódica. Já nos albergues com funcionamento de 16 horas a entrada acontece nos fins de tarde e a saída pela manhã.
A população também pode ajudar solicitando uma abordagem social por meio da Coordenadoria de Atendimento Permanente e de Emergência (CAPE) que funciona 24 por dia. Ao encontrar um morador em situação de rua pode ligar no 156 ou diretamente para a CAPE nos 3913-9913 ou 0800-771-3013 para acionar uma equipe de assistência que poderá convencer a pessoa a dirigir-se a um centro de acolhida.
Seguem os endereços dos centros de acolhida na região:
Vila Prudente
Porto Cidadão: rua Iguara, 560.
CAE Vila Prudente II – Nova Esperança: rua Dona Genoveva D’Ascoli, 37.
Mooca
Arsenal da Esperança: rua Doutor Almeida Lima, 900, Mooca.
Estação Vivência: rua Pedro Vicente, 421, Pari.
Casa São Lázaro: rua Brigadeiro Machado, 243/253, Brás.
Vivenda da Cidadania: rua Comendador Nestor Pereira, 75 B, Canindé.
Samaritanos: rua Comendador Nestor Pereria, 77 B, Canindé.
Olarias 24: rua das Olarias, 476, Canindé.
Frei Leão: rua Ivai, 187, Tatuapé.
Morada São Martinho de Lima: Largo Senador Moraes Barros, 160, Belém.
CA Imigrantes: rua Teresa Francisca Martin, 201, Pari.
Casa de Apoio Maria: rua Comendador Nestor Pereira, 77, Canindé.
Casa de Simeão: rua Assunção, 480, Brás.
Sitio das Alamedas: rua Comendador Nestor Pereira, 75 A, Canindé.
Lar de Nazaré: rua Brigadeiro Machado, 279, Brás.
Casa de Marta e Maria: rua Catumbi, 427, Belém.
Família em Foco: rua Julio de Castilho, 620/622, Belém.
CA Alcântara Machado: avenida Alcântara Machado, 91, Brás.
Casa da República: rua Antonio Macedo, 318, Parque São Jorge.
República II: rua Antonio Macedo, 326, Parque São Jorge.
República III: rua Melo Peixoto, 593, Tatuapé.