Na reta final das acirradas prévias do PSDB, marcadas para este domingo, dia 28, o deputado federal Ricardo Tripoli concedeu entrevista à Folha na manhã da última quarta-feira, dia 25, e se posicionou como o “candidato do diálogo”. Ele acredita que se for o vencedor na preferência dos filiados conseguirá unir o partido para o pleito municipal de outubro. “Sempre que saímos divididos para a corrida eleitoral, colhemos a derrota”, analisa.
Tripoli disputará a vaga de candidato a prefeito pelo PSDB com o vereador Andrea Matarazzo e o empresário e apresentador de TV João Doria Jr. “O partido não pode usar uma eleição para antecipar outra”, diz referindo às escolhas dos nomes para 2018 e aos grupos do governador Geraldo Alckmin e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do senador José Serra, que claramente medem forças dentro do partido. “O importante é que conhecido o candidato à Prefeitura, todos se unam em torno do vencedor. Precisamos primeiro ganhar a Prefeitura e fazer uma boa gestão, o que já vai alavancar o partido para as candidaturas de governador e presidência da República”, defende Tripoli que afirma ter bom relacionamento com todas as partes envolvidas.
“Estou me preparando para vencer as prévias e acredito que vou ganhar pela experiência de 33 anos na vida pública”, destaca Trípoli que já foi vereador, deputado estadual por quatro mandatos e reeleito federal em 2014 como o deputado tucano mais votado em São Paulo. Conhecido pela defesa dos direitos dos animais e pelas causas ambientais, também foi secretário estadual de Meio Ambiente na gestão de Mario Covas.
Caso saia realmente vitorioso das prévias, Tripoli já tem o bordão da campanha: “Quero ser o prefeito das pessoas”. O deputado se interessou pelas batalhas para implantação de mais espaços verdes na região e pediu os históricos das áreas na Mooca, na Vila Ema e no Jardim Independência que a comunidade defende que virem parques públicos. “Temos que mudar o comportamento da cidade, enquanto tivermos a construção civil impermeabilizando tudo, vamos continuar convivendo com enchentes cada vez piores e com as zonas de calor. Um exemplo é que a temperatura chega a oscilar cinco graus de uma região como a Cantareira, por exemplo, para a região central. Se faz uma Lei de Zoneamento e não se pensa na questão ambiental. Peguei dias desses uma planta da região do Tatuapé de 1941 e estava cheia de pontinhos que me esclarecem que eram campos de várzea, tinham mais de 30 e hoje não tem nenhum. E o campo de várzea não era apenas para o lazer, esporte, tinha também a questão da permeabilidade. Hoje a água não tem mais para onde correr”, contou.
Se for prefeito, Tripoli não vai levar adiante a proposta de eleição para subprefeito. “É mais um factóide do prefeito Fernando Haddad (PT) que não tem trabalho para apresentar e fica criando notícias. Não tem cabimento essa eleição. O subprefeito deve ser escolhido após ampla consulta da comunidade e na minha gestão, passará por uma pesquisa de qualidade a cada ano. Se não for aprovado, temos que ter a liberdade de trocar”, explica Tripoli.
Ambientalista e defensor das bicicletas, Tripoli também não concorda com as ciclovias “sem planejamento” de Haddad. “Tenho visto alguns casos por aí que nenhum cardiologista liberaria seu paciente para subir de tão íngremes que são. É importante ter espaço para ciclistas, mas temos que partir do pressuposto de que São Paulo não é uma cidade plana, então não adianta sair espalhando ciclovia só para falar que atendeu a cidade inteira”.