O Governo de São Paulo suspendeu pelo período de um ano o início das obras de expansão da Linha 2 – Verde, que seguiria da Vila Prudente até Guarulhos. A interrupção do contrato foi publicada no Diário Oficial do Estado no dia 31 de dezembro do ano passado. De acordo com o texto, a paralisação ocorre desde o dia 1º de janeiro e seguirá até o dia 21 de dezembro deste ano. A alegação do Governo é o ajuste fiscal da União, que não liberou o financiamento de R$ 2,5 bilhões via o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além da população, que deverá esperar ainda mais pelo prolongamento da linha metroviária, quem tem sofrido e teme conviver com mais problemas são os vizinhos dos imóveis já desapropriados pelo Metrô na região da Santa Clara, onde está prevista a construção da estação Água Rasa. Muitas casas e comércios vazios estão abandonados, repletos de mato, sujeira e sendo alvo de vandalismo e invasões.
“Moro nas proximidades de onde está prevista a estação e não consigo mais viver com tranquilidade. Além de temer doenças por causa de mosquitos e outros bichos que procriam entre o mato e a sujeira dos imóveis vazios, criminosos podem se esconder nestes locais. Parece que moro em um bairro fantasma. Está assustador”, comenta Roberto de Souza, que reside na rua São Maximiniano. “Minha filha estuda à noite e está muito complicado o retorno dela para casa. Nos sentimos muito inseguros”, completa.
Quem também está bastante preocupado é o aposentado Carlos Figueiredo, que mora na rua Caxiuna. Na frente de sua casa há uma residência que foi desapropriada e está repleta de mato e lixo. “O matagal está com mais de um metro de altura. Muitos insetos e ratos invadem os imóveis vizinhos. Os portões foram furtados e o local está totalmente exposto. Entra e sai quem quiser. Quer dizer que agora teremos que conviver com esta situação por mais um ano. Isso demonstra a total falta de planejamento e respeito com a população”, declarou com indignação.
Outra questão problemática é na área onde cerca de 15 imóveis foram demolidos em novembro do ano passado, entre as avenidas Sapopemba e Adutora do Rio Claro. O local foi cercado com placas de concreto, mas boa parte dele foi destruída. “Além de vandalismo, pessoas quebraram o muro para depositarem lixo e entulho no espaço. Sem falar que moradores de rua e usuários de droga tem invadido o terreno. Está muito perigoso passar e esperar ônibus por aqui”, comentou o morador das proximidades, Luis Fernando.
A extensão da Linha 2 – Verde prevê a ligação da Vila Prudente à Via Dutra, na divisa com a cidade de Guarulhos. De acordo com o projeto, o novo trecho será construído de forma subterrânea, com 15,5 quilômetros de extensão, atendendo 13 estações e cerca de um milhão de passageiros por dia, segundo o Metrô. O custo estimado da obra, incluindo obras civis, compra de trens e sistemas é de R$ 11 bilhões.
Nota Metrô
Questionado pela Folha, o Metrô encaminhou a seguinte nota: “Em decorrência da não liberação de limite pela União durante o Plano de Ajuste Fiscal, no segundo semestre de 2015, de um financiamento de R$ 2,5 bilhões via BNDES previstos para a extensão da Linha 2 – Verde, os oito contratos da obra foram suspensos até dezembro de 2016. Priorizando a conclusão de empreendimentos já iniciados, o Governo do Estado decidiu realocar os recursos de outro financiamento do BNDES destinado à Linha 2 (R$ 1,5 bilhão) para a conclusão de duas obras já em andamento: R$ 760 milhões para a Linha 5-Lilás e R$ 740 milhões para a Linha 6-Laranja. A medida foi aprovada pela Assembléia Legislativa de São Paulo em dezembro de 2015”. Sobre a situação de abandono dos imóveis desapropriados, a Companhia informou que mantém vigilância em pontos estratégicos ao longo do trecho e promove rondas ostensivas motorizadas nessas áreas, que terão as ações de limpeza e manutenção intensificadas. O Metrô ressaltou que prepara licitação para contratar a empresa que vai demolir os imóveis desapropriados para a expansão da Linha 2 – Verde.