Às vésperas do Dia de Finados, quando milhares de pessoas visitam os túmulos de familiares, a parte central da área de concessão no Cemitério São Pedro, em Vila Alpina, continua com ar de abandono. No começo deste ano, perto do ossário, as águas das chuvas destruíram mais de 20 túmulos em diferentes quadras. Após os estragos, a administração do cemitério isolou os buracos com plásticos negros. A providência, porém, não impede a visualização das gavetas desmoronadas. A Folha abordou o problema em abril deste ano.
Segundo funcionários e frequentadores do cemitério, o problema não é recente. Há sete anos, uma erosão danificou oito túmulos. Familiares tiveram que esperar a localização de outros donos dos túmulos para obter autorização e serem transferidos para outras quadras. Diante desse quadro, o Serviço Funerário Municipal ergueu uma mureta de 80 metros de extensão na alameda situada no trecho elevado do cemitério perto da avenida Francisco Falconi. Idealizada para captar maior volume das águas pelas cinco bocas de lobo a mureta não consegue impedir novas ocorrências, inclusive em outras áreas.
“Minha mãe faleceu no início deste ano e foi sepultada no túmulo 193 da quadra 49. Desde então a cada mês, faço a manutenção na sua campa”, conta o vendedor José Tadeu Branco, morador de Vila Prudente. “No feriado de 12 de outubro encontrei o túmulo dela completamente destruído, inclusive com seu caixão aparente. Reclamei e a administração enviou um coveiro para dar uma ajeitada, mas tive que contratar novamente um jardineiro para os devidos reparos”.
O desabamento dessa campa não foi um caso isolado e atingiu as campas individuais, sem gavetas, situadas na área do lado esquerdo da entrada principal. Na véspera do feriado de 12 de outubro, uma forte chuva desabou na região da Vila Prudente. “Tive também uma sobrinha que faleceu em fevereiro e para minha surpresa seu túmulo também estava danificado” comentou o vendedor. “E outros túmulos também estavam com urnas aparentes. É uma situação de descaso”.
De acordo com jardineiros do cemitério, que pediram para não ser identificados, nessa área as ocorrências são diferentes da erosão que acontece perto do ossário. “O peso da terra afunda e quebra as tampas dos caixões que são de material frágil, feitas de papelão”, resume um dos jardineiros. “Nesse trecho, as águas das chuvas não escoam entre e pelos túmulos”.
O Serviço Funerário do Município deu a mesma resposta da matéria de 30 de abril. Informou que desde a inauguração do cemitério, em 1971, os projetos arquitetônicos para a construção de túmulos foram equivocados, pois o espaço adotado entre a laje de concreto da sepultura e a campa, de quase um metro, deveria ser de apenas 20 centímetros, para evitar a sobre carga excessiva do peso da terra. O órgão acrescentou que está estudando um sistema de escoamento superficial das águas pluviais entre as campas do cemitério e os novos projetos de construção de túmulos com gavetas já estão sendo fiscalizados com maior rigor técnico, visando evitar futuros problemas, além de aumentar a durabilidade e a segurança. Foi ressaltado ainda que serviços estão sendo realizados para corrigir erros técnicos e ambientais cometidos no passado.
Visitantes reclamam de portões fechados no Quarta Parada
Há cerca de um mês as pessoas que visitam o cemitério Quarta Parada, no Belém, e estão acostumadas a acessarem as campas pelas entradas da avenida Álvaro Ramos e da rua Tobias Barreto, estão se deparando com os portões fechados e são obrigadas a entrarem na necrópole pelo acesso da avenida Salim Farah Maluf. Esses visitantes, boa parte deles idosos, estão precisando andar bastante para chegarem até o portão principal.
A medida, classificada pelos frequentadores como desnecessária, tem causado indignação. “A campa que costumo visitar fica bem perto do portão da Álvaro Ramos. Antigamente eu parava o carro em uma travessa da avenida, atravessava e logo entrava no cemitério. Agora sou obrigado a ingressar pela entrada principal e caminhar por uma longa subida. Tenho problemas na coluna e no joelho. Presenciei algumas pessoas de mais idade sofrendo para caminhar pelo cemitério. Além da distância, o problema é o precário estado das alamedas”, declarou o aposentado Stefan Adam.
O Serviço Funerário do Município informou que a intervenção tem a finalidade de reorganizar a necrópole, principalmente em termos de segurança. Foi ressaltado que apenas um dos portões fechados será reaberto, mas ainda será definido após análise da Guarda Civil Metropolitana (GCM) juntamente com a administração da unidade. Por fim, órgão acrescentou que os munícipes com redução de mobilidade poderão fazer uso dos carros elétricos destinados para esta finalidade.