Nas últimas semanas a história de que um homem estaria atacando sexualmente mulheres e crianças nos distritos do Sapopemba e do São Lucas se espalhou pela região. A “notícia” ganhou força e diferentes versões nas redes sociais – até mesmo com um suposto retrato falado do suspeito e as descrições do carro utilizado nos crimes. Com isso, nas comunidades locais, a sensação é de temor e até de revolta entre moradores que cobram uma ação para “prender o estuprador”. Devido à repercussão do assunto, inclusive com e-mails e ligações de leitores para a Folha, a reportagem esteve nos distritos policiais da região. Questionados, delegados e investigadores afirmam que os casos são boatos, porque não há registro de ocorrências de estupros em série na região. A polícia também ressalta que a população deve tomar cuidado para que nenhuma pessoa seja acusada injustamente.
Segundo os policiais, há cerca de um mês, moradores de Santo André começaram a publicar na Internet informações sobre um suposto estuprador que estaria atacando mulheres e crianças na divisa com São Paulo. O alerta era sobre um homem dirigindo um gol branco com placas de Mauá, que já teria feito diversas vítimas.
Pouco tempo depois, por Sapopemba e São Lucas serem divisa de Santo André, moradores desses distritos paulistanos também começaram a compartilhar a informação em páginas virtuais, acrescentando que o suspeito também estaria agindo na região.
Os boatos ficaram mais fortes após uma jovem ter sido encontrada morta com marcas de tiros em uma praça da rua José Gustavo Paiva, no Sapopemba, no último dia 1º. Fotos do corpo da moça circularam rapidamente pelas redes sociais com diversas versões sobre o caso, entre elas de que a vítima seria uma criança, e sempre afirmando que o autor do crime seria o suposto estuprador do gol branco. Na verdade, a jovem, que estava grávida, tinha 20 anos, era usuária de drogas e, segundo familiares, se prostituía. A polícia, inclusive, trabalha com a hipótese de que ela não tenha sofrido abuso sexual. Um laudo pericial irá determinar se houve estupro ou não.
“Essa história de que um estuprador está agindo na região não é verdade. O caso da moça encontrada morta nem foi enquadrado como abuso sexual ainda. E não há nenhum registro de ocorrências deste tipo na delegacia nos últimos meses. Todo dia faço pesquisa no sistema da polícia para ver se apareceu um caso com essas características e não encontro. As pessoas têm que tomar muito cuidado com informações falsas na Internet, pois podem prejudicar inocentes”, declara o delegado do 70º Distrito Policial – Sapopemba, Rodrigo Arasmas.
Apesar da polícia afirmar que os casos são apenas boatos, a história tomou tamanha proporção que, no último dia 2, moradores realizaram um protesto que saiu da avenida Sapopemba e seguiu até o 70º DP na avenida Anhaia Mello. “Conversei com a população. Não existem ocorrências. Por enquanto essa história não passa de rumor. Se algum crime acontecer, a polícia vai investigar. Por isso, peço que sempre registrem o boletim de ocorrência, para ajudar no nosso trabalho”, ressalta Arasmas.
A reportagem da Folha também conversou nesta semana com policiais do 42º DP – São Lucas, 56º DP – Vila Alpina e 69º DP – Teotônio Vilela. Em todas as delegacias a informação foi a mesma: não há registros de crimes que justifiquem os boatos de que um estuprador em série estaria agindo pela região.
A polícia ressalta, no entanto, que qualquer pessoa que possa ter sido abusada sexualmente deve procurar o distrito policial mais próximo ou ligar para o 190 da Polícia Militar.
Parabéns para policia tb acho que era só confessa fiada
Boa reportagem moro nesta regiao e realmente nos estamos mt assustados.
Poderia ter um link p/ poder compartilhar a reportagem na rede social,assim acalmar muita gente.