No último dia 17 de agosto, a Mooca completou 458 anos. Uma de suas principais características é o clima de cidade interiorana, onde grande parte das pessoas se conhece e frequenta os mesmos locais – relação cada vez mais difícil
Outro ponto característico é o fato da criação de raízes. Muitos moradores afirmam que não conseguem trocar a Mooca por outro lugar, e, os que saíram por algum motivo, acabaram voltando. Para entender melhor esse fascínio pelo bairro, a Folha conversou com mooquenses que destacaram aspectos positivos e os que necessitam de melhorias.
Adriana Paula Zveibil, 36 anos, do Movimento Mooca Verde.
Qualidades: “Destaco a história da Mooca. Nasceu como um bairro operário, muitos imigrantes italianos, sede do primeiro hipódromo da capital e jeito de cidade do interior. Até hoje é escolhida pelos imigrantes como seu novo lar. É possível ver um número cada vez maior de árabes, libaneses e bolivianos. Gosto dessa diversidade cultural”.
Problemas: “O principal defeito é a falta de áreas verdes e espaços públicos de convivência. Sinto falta de praças e parques perto de casa, árvores grandes nas ruas e cheiro de mato”.
Benjamim Sequeira Barreira, 77 anos, empresário do ramo imobiliário e ex-administrador regional da Mooca.
Qualidades: “A Mooca é um bairro privilegiado. Com excelente localização e que conta com grande tradição trazida pelos imigrantes, tanto de desenvolvimento quanto culturalmente. Hoje o bairro sabe mesclar o crescimento imobiliário com a sua história, sem perder a identidade”.
Problemas: “Assim como toda cidade, o bairro sofre com a insegurança. É uma questão que precisa ser resolvida
Crescenza Giannoccaro Neves (Dona Zina), 70 anos, presidente da Associação AmoaMooca.
Qualidades: “O maior e o principal ponto positivo é a valorização do ser humano, respeitando suas origens, suas tradições e valorizando a cultura de seus antepassados. Nosso bairro é muito mais coração do que razão”.
Problemas: “Como sou mooquense de alma creio que todos os defeitos que a Mooca possa vir a ter são supridos por este amor incondicional que tenho pelo bairro e pela vontade de querer vê-lo crescer a cada dia que passa”.
Deborah Amoroso, 57 anos, sociólogo e jornalista.
Qualidades: “A proximidade com o centro, a infraestrutura, número de equipamentos públicos, entre outras características”.
Problemas: “Precisamos de mais entradas e saídas para o bairro, através da ampliação da malha ferroviária, metroviária, rodoviária e cicloviária, para garantir maior oferta de serviços de transporte e, assim, mais mobilidade”.
Eduardo Odloak, 42 anos, ex-subprefeito da Mooca.
Qualidades: “A Mooca é o mais cosmopolita e acolhedor bairro da cidade, com muita história e diversidade cultural, nela cabe um pouco de cada canto do mundo”.
Problemas: “É preciso reduzir a carência de áreas verdes, o que é um dos grandes desafios para melhorar a qualidade de vida dos moradores. Precisamos urgente de novos parques e praças na região”.
Elizabeth Florido, 50 anos, jornalista e presidente da Associação Amigos do Moinho.
Qualidades: “A proximidade com o centro e diversos bairros importantes de São Paulo. A Mooca conta com vários lugares para comer e encontrar outros moradores, já que a maioria se conhece. Culturalmente contamos também com o Museu da Imigração, que é um lugar muito interessante”.
Problemas: “A profunda falta de respeito quanto ao descarte correto de lixo. Discordo que apenas o poder público seja responsável por cuidar do bairro. Os moradores também têm essa obrigação. Se fosse para fazer um pedido de aniversário para o bairro seria para que o mooquense desperte e resgate o que de melhor temos: a nossa história”.
Euclydes Barbulho, 80 anos, escritor e historiador.
Qualidades: “Apesar do passar do tempo e do crescimento inevitável de São Paulo, a Mooca mantém um clima de cidade do interior, ao estilo antigo. O povo é hospitaleiro, todo mundo se conhece e se ajuda. É um bairro diferenciado em meio à metrópole em que vivemos”.
Problemas: “O trânsito do bairro está cada vez mais carregado e não vemos obras viárias para melhorar a situação. Também não contamos com transporte público de qualidade. Os ônibus estão sempre cheios e não temos uma estação de metrô”.
Gerson Guarino, 37 anos, membro do Conselho Participativo Municipal da Mooca.
Qualidades: “Na Mooca parece que você vive em uma cidade do interior, pois as pessoas se conhecem, tem o seu próprio linguajar e são muito bairristas. Quem mora no bairro não o troca por nada. Além de tudo, oferece uma boa infraestrutura para seus moradores.
Problemas: “O principal defeito de morar na Mooca é que você acaba desconhecendo como seria sua vida em outros bairros”
Rodolfo Cetertick, 69 anos, presidente do Clube Atlético Juventus.
Qualidades: “A principal característica do bairro é o mooquense, que é um povo bastante cordial e solícito. Além disso, um dos pontos positivos é o bairro ser a casa do Moleque Travesso”.
Problemas: “O principal defeito atualmente é a questão do trânsito, que está cada vez pior”.
Rogério Coutinho, 36 anos, publicitário e administrador da Viva Mooca.
Qualidades: “O principal patrimônio da Mooca são as pessoas. Um povo que antes de tudo é alegre, amigo, trabalhador, solidário e que faz o bairro ser o que é”.
Problemas: “As dificuldades são a ausência de áreas verdes e a falta de cuidado com a memória do bairro”.
Sergio Matrone Filho, 57 anos, jornalista e presidente da Sociedade Amigos da Mooca.
Qualidades: “A Mooca é um bairro próximo ao centro da cidade onde encontramos toda infraestrutura de serviços”.
Problemas: “Falta um planejamento viário e um eficiente plantio de árvores. A poluição, o barulho e o trânsito estão tornando o bairro sem qualidade de vida. Outro ponto negativo é a desenfreada e mal planejada construção empreendimentos imobiliários”.
Solange Raimondi, 51 anos, uma das proprietárias do Elídio Bar.
Qualidades: “A Mooca tem excelente localização, próximo ao centro e com saída fácil para todas as regiões de São Paulo. Além disso, é um bairro muito familiar, onde todos se conhecem. Já mudei para outra região, acabei voltando e não pretendo sair mais”.
Problemas: “Sempre achei que a maior dificuldade da Mooca é o transporte público, principalmente na área central do bairro. As estações de metrô ficam longe e poucos ônibus atendem a região”.