Desde o último dia 19, dois terrenos na esquina da rua Forte de São Bartolomeu com a avenida Doutor Francisco Mesquita, na Vila Prudente, começaram a receber intensa movimentação de famílias de sem-tetos ligados ao Movimento de Defesa dos Favelados (MDF), que tem sede na Vila Alpina. Nesta semana, segundo levantamento de líderes do grupo, cerca de cinco mil pessoas já estão alojadas nas áreas e empenhadas em erguer fileiras de moradias de madeirites.
Um dos espaços invadidos pertence à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O outro, de propriedade do Grupo Matarazzo, faz divisa com São Caetano do Sul e é o principal alvo das famílias. O problema é que o terreno está sob suspeita de contaminação, de acordo com a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB).
Grande parte dos sem-tetos estava no terreno da rua Vemag desde o mês passado, mas tiveram que obedecer ordem judicial de desocupação na semana passada. Por isso, alegam que se deslocaram para as áreas na rua Forte de São Bartolomeu. Como não havia segurança nos locais, as famílias entraram sem qualquer tipo de resistência e começaram a lotear os espaços para erguer os barracos. Passados 10 dias da ocupação, mais de cinco mil pessoas, sendo três mil crianças, estão vivendo nos terrenos.
“Estamos felizes com esta ação e esperançosos
Centenas de barracos de madeira já foram montados, alguns ainda cobertos com lona e outros já ganharam telhas. Algumas moradias também contam com fogão, botijões de gás e colchões, entre outros utensílios. Há famílias provenientes de diversos pontos da capital paulista, além de regiões do ABC e até de Santos.
Perigo
De acordo com a CETESB, o terreno do Grupo Matarazzo está inserido em uma região onde há diversos pontos de contaminação e, por isso, se enquadra na condição de suspeito de ter o solo contagiado. Foi ressaltado que a área ainda não foi objeto de avaliações, no entanto, a CETESB irá buscar os responsáveis legais para exigir estudos investigatórios quanto à possibilidade de contaminação.
A Secretaria Municipal de Habitação informou que, para uma possível desocupação, um entendimento deve ocorrer entre os responsáveis pelas áreas e a Justiça. Foi ressaltado que a ocupação não prioriza o atendimento habitacional, que respeita o cadastro do município que já chega a aproximadamente 130 mil famílias. Foi citado ainda que a Prefeitura irá construir 1.420 novas moradias na região de Vila Prudente e urbanizar outras 16 áreas com obras de infraestrutura, além de beneficiar 247 famílias com títulos de regularização fundiária em seis loteamentos na região.
A Folha procurou a Sabesp, que não se pronunciou sobre o caso até o fechamento da edição.
O governo, do estado não é obrigado a dar moradia a essa gente.
Essas ocupações são totalmente ilegais. A pessoa não tem casa e resolve simplesmente invadir um imóvel de outra pessoa.
O governo não é obrigado a dar casa para ninguém, porque é o dinheiro do contribuinte que está lá. Quem menos contribui é quem mais exige algo em troca do Governo, aí pergunto eu: Em troca de quê? Pelo nada que você fez até hoje?
Não quero parecer insensível, mas esse negócio de invasão me tira do sério. O Estado tem que oferecer assistência aos mais necessitados na forma de abrigos públicos, se o cidadão quiser uma casa particular que vá trabalhar para conquistar uma. Daqui a pouco vão começar a exigir eletrodomésticos e móveis na casa também.