Há 50 anos, no início do mês de abril de 1964, simultaneamente ao golpe militar, (sem nenhuma conotação) surgia no bairro o jornal a Gazeta da Vila Prudente (GVP). Seu proprietário e editor era o idealista Vicente de Paula Anconi (1931- 2007) que já publicava a Folha da Vila Ema há dois anos.
O primeiro número da GVP com apenas quatro páginas e ostentando o imponente lema “Imprensa livre a favor do povo” ia às ruas com uma pequena circulação, cerca de 5 mil exemplares, tendo como proposta ser editado quinzenalmente. E foi o que aconteceu durante os primeiros anos, passando depois a semanal sob a direção de Hirão Tessari, que dirigiu o hebdomadário até sua última edição a de número 982 em maio de 1994.
Se bem que o bairro já tivera outros jornais, como as três versões da Folha de Vila Prudente (1925- 1950 e 1978) e O Porta-Voz (1981) todos com passagens meteóricas, a Gazeta da Vila Prudente estava fadada a circular durante 30 anos ininterruptos, cumprindo excelente papel de registro dos fatos regionais e de divulgação e defesa das reivindicações da comunidade. Isso se deveu a iniciativa de Anconi e a perseverança de Tessari.
Aqueles que, como a direção Folha, conhecem as vicissitudes de um jornal regional distribuído gratuitamente, sabem avaliar como deve ter sido árdua esta trajetória. É tarefa para idealistas, nefelibatas que, a troco de expor e defender suas propostas, e lutar pelas causas comuns, submetem-se via de regra, a uma vida estóica e com exígua contrapartida em lucro material. Jornal comunitário é um jugo que se carrega a troco de fugazes e complexas satisfações freudianas e duras e intermitentes críticas e aporrinhações.
Preito a Anconi
O fundador da GVP, Vicente de Paula Anconi foi um destes baluartes que estão por merecer uma homenagem condigna na região. Homem especial, pai de família adorado pela esposa, filhos e netos, era possuidor de cultura enciclopédica e profissional de múltiplos talentos. Fez da defesa da comunidade e dos seus princípios um estilo de vida.
Nascido em São Sebastião do Paraíso (MG), Vicente Anconi chegou à região em 1949 indo morar com seus pais na Mooca. Ao casar com Júlia Carneiro em 1954 passou a residir em Vila Ema e aí se envolveu de corpo e alma com as coisas da comunidade, tornando-se interprete dos moradores e um líder em reivindicações. Para potencializar sua luta pelo bairro ele funda em 1962 a Folha de Vila Ema e logo depois a Sociedade Amigos de Vila Ema. A entidade e o jornal tornam-se pontos centrais do bairro e parada obrigatória dos políticos que transitam pela região. Para sustentar seu ideal, Anconi vende sua casa em Vila Ema mudando-se para Vila Prudente em residência alugada. Rapidamente ele se integra a vida cotidiana da comunidade, e novamente se envolve na resolução dos problemas locais. É com este espírito que no dia 31 de março de 1964 funda a Gazeta da Vila Prudente.
O jornal escrito não é suficiente para aplacar suas intenções de divulgar as agruras da periferia. Cria na Rádio Cometa o programa “Cidade Aberta”, transmitido diretamente dos bairros. Com a mesma proposta é admitido na Rádio Marconi, levando ao ar o programa “Cidade-Aberta”.
No âmbito de Vila Prudente, Anconi colaborou na fundação do Clube de Lojistas em 1966.O presidente da nova entidade é Salomão Gawendo e Vicente Anconi seu diretor social.
Em 1979, a convite de uma corretora de seguros internacional, transferiu-se com a família para Curitiba. Contudo, fora do seu expediente de trabalho continuou, até seus últimos dias, perseguindo seu ideal, sendo lume e ignitor de causas comunitárias.
Parabéns. Excelente matéria. Uma sociedade que não preserva sua memória é acéfala e não tem como subsistir.
Nós da família ANCONI agradecemos imensamente pela homenagem, tendo muito orgulho do que nosso pai significou no cotidiano da comunidade de Vila Prudente. Obrigada, ao Sr. Newton Zadra, da Folha de Vila Prudente, esperamos que esta luta pelas causas nobre nunca se encerre!!! Abraços… [quote name=”Sergio”]Parabéns. Excelente matéria. Uma sociedade que não preserva sua memória é acéfala e não tem como subsistir.[/quote]
[quote name=”Sergio”]Parabéns. Excelente matéria. Uma sociedade que não preserva sua memória é acéfala e não tem como subsistir.[/quote]