A morte de um ente querido é um momento complicado na vida de qualquer um. Além da tristeza pela perda, quem já passou pela situação sabe como é burocrático realizar um enterro em São Paulo. São vários documentos, taxas, idas ao cemitério e à funerária… Porém, passado tudo isso, os parentes ainda têm que lidar com um problema: como manter o jazigo limpo e bem cuidado? A solução apresentada pelo Serviço Funerário é a contratação de jardineiros cadastrados no órgão da Prefeitura. Entretanto, apesar de serem autônomos registrados na administração municipal, estes profissionais não têm a obrigação de emitir nota fiscal pelo pagamento do trabalho, o que gera desconfiança na população.
Uma das pessoas que se mostrou indignada com a situação é o morador da região que prefere se identificar apenas como Antônio. “Precisava pagar alguém para fazer a manutenção do túmulo da minha família no Cemitério de Vila Alpina. Me orientei na secretaria da unidade e me indicaram contratar um dos jardineiros cadastrados. Quando fui conversar com um desses funcionários ele me disse que não emitia nota. Voltei na secretaria e falaram para procurar o Serviço Funerário e, para minha surpresa, o órgão me informou que é assim mesmo que funciona, que no máximo eles dão um recibo. Mas como é que eu vou contratar um serviço que, se não for feito, não terei como provar que paguei por ele?” indaga.
Quem também questiona o procedimento é a dona de casa Amélia. “Já paguei um desses jardineiros para limpar o túmulo da minha família e o serviço foi malfeito. Fui reclamar e ouvi que já tinham feito o trabalho. Pedi o reembolso e também me negaram. Agora, sem nota, como vou comprovar que paguei?”, comenta Amélia, que ainda faz outra reclamação. “Depois desse problema resolvi pagar alguém de fora para fazer o serviço e ele me falou que não tinha autorização para trabalhar no cemitério. Ou seja, sou obrigada a contratar os jardineiros do Serviço Funerário. Sem falar que eles cobram muito caro. Quando posso, estou indo eu mesma limpar o túmulo e cortar a grama. Foi a solução que encontrei”.
De acordo com a legislação municipal que rege a concessão de jazigos, o proprietário pode perder o túmulo se não manter o mesmo limpo e cuidado.
Serviço Funerário se pronuncia
Questionado sobre a situação dos jardineiros, o Serviço Funerário informou que os munícipes são orientados a cuidarem do próprio jardim, caso eles optem pelos jardineiros credenciados, os mesmos devem emitir um recibo do serviço prestado. No caso de não haver esse procedimento, o munícipe pode informar na administração do cemitério para que o trabalhador seja reorientado.
Foi destacado ainda que os jardineiros são devidamente credenciados, trazendo documentação para uma criteriosa averiguação que conta, inclusive, com atestado de idoneidade, onde o credenciado não pode ter nenhum tipo de processo em seu nome. Essa inscrição é feita uma vez ao ano, sempre no mês de outubro. Somente membros credenciados podem exercer esse serviço, caso o munícipe tenha alguma indicação, deve orientar essa pessoa a se cadastrar.
Sobre o número de credenciados, o Serviço Funerário esclareceu que o cemitério Vila Alpina conta com 53 jardineiros e o Quarta Parada com 22.
Entretanto, para finalizar, o órgão fez questão de ressaltar que os jardineiros não são funcionários da Prefeitura e que o credenciamento é o contrato necessário para que os mesmos possam permanecer nos cemitérios.