Ocupado irregularmente há três anos, o imóvel no número 59 da rua João Antonio de Oliveira, na Mooca, pode ser evacuado nos próximos dias. Segundo Silvio Crespi, responsável pelo prédio, sua família busca na Justiça a retomada do imóvel e a ação de reintegração de posse, que já foi julgada favorável aos Crespi, deve ocorrer ainda neste mês. Atualmente cerca de 100 famílias de sem-tetos ocupam o histórico prédio que por mais de 70 anos abrigou funções sociais e educacionais, inclusive a creche Marina Crespi.
Os primeiros sem-tetos chegaram ao imóvel em maio de 2010. Eles improvisaram cômodos com madeiras e fizeram outras adaptações no prédio. No mês seguinte, após mobilização de membros da comunidade, foi aberto o processo de tombamento no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP), já que a construção é de 1933. Com o início do processo, a edificação não poderia passar por serviços de manutenção, emergenciais ou de pequenos reparos, sem antes ser analisado e aprovado pelo CONPRESP. No entanto, a determinação não foi respeitada pelos ocupantes.
O proprietário do imóvel admitiu à Folha nesta semana que a possibilidade de tombamento acabou interferindo nos planos da família para o local – a intenção era construir um condomínio no local. “Não consigo entender. Queriam o tombamento para evitar a construção de prédios. Mas, com o imóvel paralisado aconteceu a invasão e, depois, começaram a reclamar de assaltos, violência na região”, reclamou Silvio Crespi sobre a mobilização pró-tombamento de associações de moradores da região. “Pedimos a reintegração à Justiça, mas não temos planos para o local. Nada pode ser feito enquanto ocorre o processo no CONPRESP”, declarou.
Questionado sobre um possível interesse do mercado imobiliário, Crespi afirmou que não foi procurado por ninguém e por enquanto, pretende apenas retomar o imóvel.
Questionada sobre a ação de reintegração de posse, a Subprefeitura Mooca esclareceu que, em razão do imóvel ser particular, a sua participação é coadjuvante. Foi ressaltado que, se solicitada, irá dar apoio logístico dentro de suas atribuições.
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Mooca esclareceu que o 45º Batalhão de Polícia Militar, responsável pela área onde encontra-se o imóvel, ainda não foi oficiado pelo juiz, e que o CRAS só terá informações sobre a ação após esta etapa.
Cada dia que se passa a rua dos trilhos e da mooca, continuam cada vez mais violentar por conta da não desapropriação do local, quem convive dia a dia sabe bem …
Interessante deixar aqui registrado que a opinião do sr. Silvio Crespi difere do sobrinho, Fernando Crespi, pois fui por ele procurada logo que o Pão de Açúcar ocupou o prédio do Cotonifício para que desse uma destinação que mantivesse o imóvel original. Infelizmente, naquela época, o interesse da Secretaria do Estado da Cultura por aquele imóvel acabou não vingando porque secretário e diretores foram logo trocados. Para quem não sabe, lá seria ocupado pelo Projeto Guri e pela Oficina Cultural AMácio Mazzaropi. O pedido de tombamento não deve ser visto como um impeditivo, e sim como um grande diferencial. Por que o proprietário não procura a diretoria do Juventus e tenta negociar diretamente com eles? Conversas nesse sentido já começaram. Imaginem um belíssimo hotel ou algo do gênero, para receber delegações estrangeiras em plena Mooca. E nada ficaríamos a dever aos padrões europeus e outros. É falta de visão mesmo.
Estou na torcida pela reintegração de posse. Está impossível andar pelas ruas próximas a invasão. Além do aumento de assaltos na região, pedem dinheiro a todo momento, sem contar com o tráfico de drogas que acontece no próprio local invadido. É uma pena mesmo essa demora da justiça brasileira.