A tematização do bairro de Vila Zelina, objeto de séria divergência entre a comunidade lituana e a direção da Associação dos Moradores e Comerciantes de Vila Zelina (Amoviza), deveria ser o item principal da pauta da reunião realizada no último dia 29 no Colégio Marco Zero. O debate acalorado entre as partes vinha sendo feito através de manifestos e das páginas e do site da Folha. Apesar disso, para surpresa e revolta de grande parte dos presentes, o assunto foi posto em segundo plano pelos dirigentes da Amoviza. O resultado é que apesar do encontro ter se estendido das 19h30 às 22h30, as partes envolvidas sequer iniciaram o esperado diálogo. Pelo contrário, com o auditório já se esvaziando por conta do adiantado da hora em plena segunda-feira, a questão foi tratada às pressas o que acabou gerando mais bate-boca entre representantes da Amoviza e representantes de diversos grupos lituanos presentes, que esperavam mais tempo para abordar e aprofundar o tema.
O encontro foi aberto com o auditório lotado e os mesmos itens discutidos em outra reunião ocorrida 15 dias atrás que contou com poucos presentes (leia mais abaixo). Somente após essa etapa, foi dado espaço para o projeto de tematização, que boa parte dos presentes acreditava que seria o tema dominante da noite. O presidente da Amoviza, Victor Gers Jr., fez detalhada apresentação audiovisual propondo que o projeto passasse a ser tratado como “O Leste Europeu de São Paulo está aqui”. Prometeu ainda que “será confeccionado um descritivo histórico padrão”. O objetivo é evitar a divulgação de fatos errôneos ou omissões, como o ocorrido com o calendário 2013 confeccionado pela Amoviza que não citou, entre outras coisas, que a Paróquia de São José é a igreja católica dos lituanos na Vila Zelina e acabou sendo um dos motivos que deu inicio à discórdia. Conforme Victor Gers afirmou, o novo documento com a história da região será montado por uma comissão com dois representantes de cada uma das 13 nacionalidades citadas no projeto de tematização.
O grupo de lituanos e descendentes presentes também havia preparado uma apresentação audiovisual que foi proibida de ser exibida sob o argumento da diretoria da Amoviza de que cada expositor tinha dois minutos para falar – tempo definido pela própria Amoviza no começo da reunião.
Na apresentação da comunidade lituana, que foi encaminhada à Folha no dia seguinte, havia uma retrospectiva de várias matérias antigas da mídia em geral sempre citando a Vila Zelina como o bairro lituano
Tomas Butrimavicius, que faria a apresentação audiovisual das comunidades lituanas, defendeu que a reunião deveria ter sido exclusiva sobre a tematização e reclamou da postura antidemocrática. “Esta é nossa primeira oportunidade de nos manifestar desde setembro, quando ocorreu outra reunião”, argumentou. “Não estamos brigando pela posse do bairro, querer ser dono é uma coisa, preservar a história é outra. A Vila Zelina não é um bairro russo como vem sendo divulgado em diversas publicações. A Amoviza deve se concentrar nas questões comunitárias e não de contador de história”, completou.
Outra moradora da Vila Zelina, Angelina Tatarunas, que faz 84 anos neste mês, lembrou de questões geográficas. “A Lituânia é um país báltico e não eslavo e, portanto, não se encaixa nesta tematização de Leste Europeu. Tem muitas coisas que precisam ser corrigidas”, advertiu.
Houve outras manifestações, mas sempre em clima conturbado. Até mesmo a próxima reunião marcada para o dia 11, com promessa de tratar exclusivamente da questão, está gerando controvérsias. O presidente da Amoviza quer que o assunto seja tratado em um encontro fechado, apenas com representantes dos grupos envolvidos, enquanto as comunidades lituanas defendem uma reunião aberta a todos os interessados. Até o fechamento desta edição não foi informado o horário e o local da reunião.
Encontro foi aberto com ponto de táxi e feira livre
Quinze dias atrás, em reunião com poucos presentes na Subprefeitura de Vila Prudente/Sapopemba, a AMOVIZA apresentou as propostas da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de remanejamento do ponto de táxi da avenida Zelina e da feira livre que acontece às sextas-feiras no bairro.
Na reunião da última segunda-feira – mesmo sem a presença novamente de um representante da CET – o presidente e o vice da AMOVIZA, Victor Gers Jr. e Antonio Viotto Netto, respectivamente, decidiram abrir a reunião falando mais uma vez das propostas do órgão de trânsito, além da limpeza do bairro, instalação de base comunitária de segurança, reforma de praça e transporte coletivo, entre outros assuntos. Depois foi dada a palavra a todos os presentes que desejavam se manifestar sobre essas questões específicas.
A CET foi bastante criticada pela ausência na reunião e pela proposta de mudança da feira livre, principalmente pelos moradores da rua Manaiás, que ressaltaram que não tem cabimento colocar o serviço na porta de dois condomínios residenciais. Muitos temiam ainda que o órgão de trânsito impusesse a mudança, tal como ocorreu na alteração da mão de direção de um quarteirão da rua Inácio, na própria Vila Zelina. O presidente da Amoviza ressaltou que o objetivo da consulta pública era justamente fazer a CET voltar atrás de qualquer medida que não tivesse o consentimento da comunidade.
Sobre a organização da reunião, Victor Gers afirmou que optou por abrir pela consulta pública sobre as propostas da CET, para que os moradores que não tivessem interesse em discutir a tematização pudessem se retirar mais cedo.
Leia também:
A questão é muito simples: Respeitar a história de um lugar é respeitar quem deu sua vida para construí-lo. Querer mudar isso é perda de tempo. Enquanto isso a dignidade do cidadão brasileiro é ferida todos os dias nas filas dos ônibus, nos hospitais caindo aos pedaços, no ensino público que é uma vergonha, nos amigos e familiares que se perdem por falta de segurança e leis que punam com rigor, e principalmente na falta de educação das pessoas pra viver em sociedade.
É preciso alguém que realmente represente a Vila Zelina e RESPEITE sua formação e história! Um bairro tranquilo, onde todos vivem em harmonia, agora sendo distorcido por esse senhor.
Espero que o assunto envolvendo a tematização de Vila Zelina procure pôr em relevo a história lituana desse bairro, cuja colonização foi maciçamente feita pelos lituanos. Não se nega a presença das outras nacionalidades, mas relegar a segundo plano a presença lituana que em toda a história do bairro foi expressiva, é desvirtuá-la totalmente. Penso que a entidade que se diz representativa do bairro veja a questão com prudência e aceitação dessa história, procurando extinguir lamentáveis conflitos que vem ocorrendo, certamente não por conta da comunidade lituana que está na sua razão em reclamar a correta adequação do assunto. 🙂
Podiam também, já que pedem tanto à CET, que esta visitasse o bairro com regularidade, para coibir os rotineiros e cotidianos estacionamentos de automóveis sobre calçadas, coisa que se vê por todo o bairro e proximidades. Isso se observa na Rio do Peixe X Heras; na Heras no trecho proximo à Zelina; em toda extensão da rua Pinheiro Guimarães e em suas transversais; nas travessas da Rua Amparo ( a lista é enorme ).
E também outros tipos de delitos, como o estacionamento proibido na Inácio altura do 630, na Zelina altura do 749, ou na ilha que tem na Zelina altura do 570 ( que já foi até tema de reportagem da Folha, pelo mesmo motivo que descrevo ).
Mas isso ninguém quer, né?
Os lituanos de Vila Zelina não pretendem e nem querem passar a frente de ninguem, nem se consideram melhores que outros. Apenas querem que a história do bairro seja respeitada. Realmente os imigrates lituanos tiveram grande destaque, pois fizeram história. Claro que o bairro não cresceu e se desenvolveu só pelos lituanos, mas com a ajuda de muitos outros imigrantes e brasileiros de todas as partes. Mas depois de tudo o que vimos, ouvimos e presenciamos podemos concluir sem medo que o bairro de vila Zelina não precisa de nenhuma tematização, pois ela não traz benefícios pro bairro. Temos que preservar a verdadeira história de nosso bairro e se preocupar com o que realmente interresa a população em geral que são os problemas relacionados as questões sociais e urbanas, isto é, as melhorias que se podem fazer. Não vamos adicionar ao bairro uma realidade e uma história que ele não tem, nem pensar em coisas que ele não precisa ….
Não sou da AMOVIZA e nem de ascendência leste européia, mas venho acompanhando as notícias postadas na mídia impressa local e na rede social da internet. Percebo que recentemente está havendo uma tendência parcial de algumas mídias e escribas de darem ganho de causa para um grupo divergente de uma etnia que se autodenomina a unanimidade desta comunidade étnica. Notei durante minhas participações que estão até mesmo utilizando de coação verbal ante aqueles desta mesma comunidade étnica que não compactuam com suas opiniões ou argumentações unilaterais. Será que quem fala mais alto, bate palmas, deflagra vaias ante aqueles que não pactuam com sua opinião tem a razão de seu lado? Espero que este e os artigos jornalísticos vindouros não induzam a opinião pública contra estes heróis da AMOVIZA que vem tentando equilibrar sozinhos seus pratos com o talento de um equilibrista chinês. Recentemente por conveniência daqueles que os exaltam , criam um clima de indução da opinião pública para os crucificarem. Aconteceu a mesma coisa no passado da história cristã na época de Erodes. Participei da última reunião do dia 29 de Abril e fiquei decepcionado por ações de pessoas que pela sua posição poderiam ajudar a conciliar discussões objetivamente, mas por motivos que não sabemos, “tomaram” o uso da palavra e “colocaram mais fogo” em uma reunião que seria tranquila e conciliatória.
É lamentável que vaias, urros falaram mais alto daqueles que se acham os donos da história, como aconteceu na última reunião da AMOVISA. Salvo aqueles que décadas atrás, deram significativas contribuições ao bairro achei triste que os participantes da reunião se portaram como que se estivessem num dos vários butecos da vila por eles frequentados, ao invéz de discutir com descência e civilidade. Trata-se de contribuir com sua participação cultural. Se houve erros por algumas das partes, ótomo; vamos corrigir e não partir para atítudes que comprometem a memória daqueles que tanto contribuiram para formação do bairro.
Sou descendente de lituanos , acompanho as notícias que vem sendo publicadas , muitas delas tendenciosas como a última edição de alguns jornais. Meus avós contam que na colonização da Vila Zelina, Vila Bela, Vila Alpina não haviam conflitos de demarcação de territórios como o que, pelo incrível que pareça , está sendo defendido por “jóvens” !!! Segundo meus avós , na Vila Zelina sempre tiveram lituanos e russos como também outros povos europeus, desde o início de sua formação. Eu e minha família apoiamos o trabalho que vem sendo feito de valorização da história do Bairro pela AMOVIZA e não vejo qual o racional da questão levantada por estas famílias discordantes . Notamos também que indivíduos destas famílias vem induzindo e coagindo outros descendentes destas etnias que não concordam com suas opiniões. Que absurdo !! Estamos no Brasil !! Se alguém tem algum trauma pós-revolucionário ou pós-guerra que vá procurar um psicólogo. Só espero que este suposto papel de vítima de uma “potencial deturpação de história” levantada por alguns não esteja escondendo a intolerância.